Longas histórias da cabeça de Marina

Já faz algumas semanas que as brincadeiras de Marina conosco, sua vontade de criar histórias para nos contar, já não cabem mais nas telenetadas de 1 hora e meia por dia, de segunda sábado. Espalharam-se também em vídeos que ela faz e nos manda, depois que falamos o tchau de todos os dias.

Nos últimos dias essa tendência, de uma certa forma, se consolidou. E algumas das belas sacadas da Marina criadora de histórias vieram não só durante nossas brincadeiras enquanto estamos nos vendo nas telas dos iPads, mas também nos vídeos que ela faz e nos envia.

Já registrei aqui, mas gosto sempre de enfatizar: uma das brincadeiras prediletas da pequena, desde que era bem menor, é criar  histórias – e encenar as histórias com os adultos.

Cria histórias, situações, acontecimentos com os personagens das histórias de que gosta. Escala-se sempre para o papel principal, é claro, é natural; determina que papéis cada um de nós vai assumir – e vamos em frente. Durante anos brincamos de Frozen, ela como Elsa, é claro, a vovó como Anna, eu como Kristoff. Nos últimos muitos meses brincamos de Winx, que tem sido a série preferida dela.

Há um probleminha sério: diferentemente de Frozen, que vimos com ela, não conhecemos a história das Winx, e elas bastante complicadas, com mundos paralelos, transformações, uma quantidade enorme de personagens – são dezenas, coisa de louco.

Mas a gente tenta seguir em frente. There’s no business like show business, like children’s dreams, I know…

Há as brincadeiras de Winx, em que somos os personagens – ela é Flora, o Érolti, o urso grandalhão fofo, é o Hélia, a vovó é a Bloom, o vovô é o Sky. Há as brincadeiras de Barbie, em que as Barbies brincam no Mundo Barbie e somos espectadores. E há as brincadeiras de Winx e Barbies, em que as Barbies fazem papel das Winx.

Como são muitas Winx, e há também os Especialistas, os meninos, os namorados, quer dizer, os blá-blá-blás das Winx (Marina brinca, faz tempo, de não falar a palavra namoro e seus derivados), e como são muitas as Barbies, o velho avô se confunde bastante. Tenho que ficar anotando, ou então não consigo guardar os nomes de quem interpreta quem. Às vezes acho que é mais fácil fazer a ficha técnica de uma série polonesa ou sueca ou dinamarquesa do que acompanhar direitinho o cast of characters das brincadeiras da pequena.
A Luna interpreta a Flora – que ao mesmo tempo é a própria Marina. A Bloom, que é a vovó, é interpretada pela Miranda. A Tecna, pela Anna. A Cristal, pela Rosa. A Stella, pela Fernanda. A Aysha, pela Lúcia.

Como o número de meninos é bem mais limitado – são só três, e Marina tem botado para interpretar os Especialistas apenas o Ken e o Carlos, cada um deles tem que interpretar diversos personagens, tipo Peter Sellers em Dr. Fantástico.

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Na quinta-feira, 17/9, assim como na quarta, anunciou que brincaríamos de Barbies como Winx.

E houve uma grande festa de coroação como princesa da Daphne, a irmã mais nova de Bloom.

Todas as Winx, personificadas pelas Barbies, foram cuidadosamente bem penteadas e bem vestidas pela Ajudante Gigante Marina, que é também a Flora. A festa foi um sucesso.

Ao longo da preparação das meninas para a festa, vamos fazendo jogos de palavras. Marina, que há muito tempo cria palavras durante as brincadeiras, à la James Joyce, à la João Guimarães Rosa, como já tive oportunidade de contar aqui, tem se divertido bastante quando brincamos com rimas, jogos de palavras, aliterações.

Na quinta, fomos construindo uma brincadeira com o efe. Um falava uma coisa, o outro acrescentava. Marina deu o toque final: A fantástica fabulosa fofa Fada Flora faz farofa feliz.

Enquanto eu inocentemente curtia isso, as Trix apareceram e atacaram. As Trix – Ice, Storm e Darcy – são bruxas, seres do Mal.

As Winx se prepararam para a transformação – algo que eu não sei direito o que é.

Mas aí a Mamãe chamou para o almoço. E, do lado de cá da Sumaré, nós a incentivamos: – “Mande vídeos contando o que aconteceu depois”;

Esse é o tipo do incentivo de que Marina, definitivamente, não precisa.

Mandou seis vídeos, cada um com mais de cinco minutos.

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Nos vídeos, a luta entre as más Trix e as boas Winx era longa, encarniçada, terrível.

Lá pelas tantas, havia um trecho em que se lutava pelo destino de Hélia, o Especialista que é o namorado, perdão, o blá-blá-blá da Flora. As Trix haviam capturado o rapaz – interpretado pelo Barbie Ken. Duas Trix, a Ice e a Storm, puxavam o Hélia pelo seu braço direito. Do lado esquerdo do Hélia, a Flora o puxava para tentar livrá-lo das bruxas.

E aí aconteceu uma coisa surpreendente: a Darcy abandonou as duas irmãs e passou para o lado da Flora.

Duas puxando o Hélia para um lado, duas puxando o Hélia para o outro.

E nesse momento surgiu o Tritannus, interpretado pelo Elmo, o amigo mais antigo de todos os da Marina – e, numa atitude também surpreendente, tomou o lado do Bem, o lado de Flora.

E, juntos, conseguiram salvar o Hélia das duas Trixies más.

E foi aí que veio uma sacada deliciosa da autora-roteirista-narradora.

Disse ela que as Trix agora, depois de terem perdido a Darcy, não eram mais Trix. Eram Bix!

Aaaaaahnnn, meu… Que deliciosa sacada!

Tá certo que vô é bicho bobo por natureza. Mas babei com a sacada: sem a Darcy, as Trix se viram reduzidas a Bix!
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A mesma brincadeira iniciada lá atrás, na quarta, que atravessou a netada da quinta e prosseguiu nos seis vídeos, continuou na sexta-feira.

Marina às vezes demonstra ficar super à vontade para fazer histórias compridas, como se fossem uma série da Netflix.

Durante algum tempo, no episódio desta sexta, as ex-Trix, agora Bix, Ice e Storm, discutiram como fazer com a irmã delas que havia partido para o outro lado, o lado do Bem. Atacariam a irmã? Mas ela é irmã…

Depois de um tempinho – na realidade bem rápido –, decidiram-se pela guerra. Pelo ataque à irmã.

Houve nova e duríssima guerra entre as Bix e a dupla de novas amigas inseparáveis Flora e Darcy…

Ao final da longa, terrível batalha, as bruxas Ice e Storm haviam sido derrotadas.

As Winx fizeram então uma reunião de Convergência, e, com a Magia da Convergência, jogaram as Bix para fora.

Do lado do Bem, no entanto… “A Flora tá lá num blecáti que só”, narrou a criadora-roteirista-diretora Marina.

Como?

Blecáti. Uma nova palavra, recém saída da cabecinha da criatura, para designar pessoa arrasada, acabada, depois de apanhar muito.

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E aí Marina aceitou uma sugestão da vovó e, interrompendo a história, fomos todos os três brincar de desenhar e pintar. Ela era a Flora, a professora, e estávamos no recreio.

A professora Flora resolveu fazer um desenho de observação da Darcy. A Darcy disse: “Eu não quero aparecer no seu desenho com esse cabelo todo atrapalhado”. E aí Marina-Flora reagiu à frase que ela mesma havia acabado de botar na boca da Darcy: – “A Darcy já não é mesmo uma Trix! As Trix gostam de cabelo bem despenteado”.

Ao nos falar tchau – porque já havia passado da hora, e a mãe estava chamando para o almoço –, quis demonstrar que sabia que aos sábados a brincadeira começa uma hora mais tarde que nos dias de semana: – “Amanhã, meio-dia e meia”.

Deus meu. Aos 7 anos e meio, completados outro dia mesmo, a criatura sabe falar direitinho meio-dia e meia. O peito do vovô copydesk se estufa.

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Na netada de sábado, 19/9, Flora ainda estava toda blecatizada. Demorou um bom tempo para ela se recuperar.

19 e 20/9/2020

Na foto, a Compridona, que aniversariou no domingo, 20/9, em pessoa e no desenho. Mas esta é outra história. 

3 Comentários para “Longas histórias da cabeça de Marina”

  1. Vovô, pergunte à netinha tão talentosa e criativa (como está bonita…) , se ela conhece a língua do pê. PeVOpeCÊ peJÁ peOUpeVIU peFApeLAR peDEpeSSE peJEIpeTO? É uma antiga brincadeira, mas algumas pessoas da minha família falavam assim, fluentemente, quando queriam dizer alguma coisa na frente de alguém sem ser entendidas.
    Eu mesmo sei falar, mas só como diversão.
    PeBEIpeJIpeNHO pePApeRA peEpeLA.

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