Marina e os vovós na quarentena

Neste domingo Marina estava curtindo feliz o único dia da semana em que não tem que dedicar uma hora e meia para tentar divertir o vovô e a vovó, um encargo que ela abraçou desde o início da pandemia com a maior serenidade.

Ainda em março, compreendeu bem rapidamente que, no tempo ruim que se iniciava, vovó e vovô ficariam bem tristes com a coisa de não poder sair de casa, não se divertir, não ver os amigos, não ver a filha, não ver ela própria, a única neta.

E se dispôs a ajudar vovô e vovó a se distraírem durante a pandemia.

Conversou com a Mamãe e o Papai. Perguntou o que eles achavam de ela propor aos avós brincar com eles via Messenger, via iPad. “Seria quase como se eu estivesse lá na casa deles, divertindo eles”, ponderou.

Mamãe e Papai se entreolharam rapidamente, e rapidamente um soube o que o outro estava pensando. Em princípio, aquela idéia era muito legal, é claro, muito positiva, mas… Será que Marina conseguiria manter aquela disposição por muito tempo? Brincar com o vovô e a vovó todo santo dia, durante… Nossa, quanto tempo será que eles iriam pedir?

Mas eles não queriam atrapalhar nada, não queriam impedir a pequena de fazer aquela boa ação – e então disseram, cada um do seu jeito, que achavam a idéia bem bacana.

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E então assim foi feito.

Estabeleceu-se que, todos os dias Marina se dedicaria a divertir o vovô e a vovó em brincadeiras no Messenger, via iPad.

O arranjo se provou muito bem sucedido. Marina ficou com a certeza absoluta de que estava conseguindo divertir o vovô e a vovó muito bem – até porque, ao final de cada uma das teleavozadas, eles reclamavam bastante porque já havia chegado a hora de dar tchau.

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Mas neste domingo Marina foi surpreendida quando avisaram da portaria que tinha chegado um pacote para ela.

Foi ver o que era – e era do vovô e da vovó!

Não estava contando com isso.

Era domingo, o dia de folga das teleavozadas.

E era uma Barbie!

Uma Barbie ginasta.

Vinha com um envelope endereçado a ela, com, no lugar do remetente, “vovô e vovó”.

Diacho! Era a quarta vez, desde o começo da quarentena do coronavírus, que eles mandavam bonecos Barbie para ela. Primeiro tinha sido um Barbie menino, a quem ela acabou dando o nome de Carlos. Depois tinha vindo mais um Barbie menino, que ela chamou de André. Depois uma bailarina, à qual ela deu o nome de Cecília.

E agora chegava uma ginasta que, na carta enviada a ela, dizia se chamar Stacey, mas acrescentava que estava muito disposta a aceitar um outro nome que ela desse.

Marina fez aquela carinha que exprime uma grande exclamação.

Mas, como é uma criança legal, bacana, que gosta muito de cuidar do vovô e da vovó, em especial durante esta pandemia, riu um tanto, e fez um filminho para enviar pros avós, agradecendo pelo presente.

Depois que mandou o vídeo, deu mais uma risada e quase falou em voz alta:

– “Meu Deus do céu e da Terra, como ele gostam do Mundo Barbie!”

14/9/2020

Esta foi a carta da bonequinha para Marina, que ela leu com essa expressão de foco, de concentração, que eu adoro:

Olá, Ajudante Gigante!

Ouvi dizer que você é a melhor preparadora de acrobatas e ginastas de todo o Mundo Barbie.

Por isso gostaria que você fosse a minha treinadora.

Meus pais dizem que eu nasci para ser ginasta. Aprendi a fazer exercícios na barra antes de aprender a falar direito

Acho que, sendo treinada por você, a melhor preparadora que existe, eu poderei ganhar muitas medalhas!

Você me aceita no seu time?

Ah… Veja na caixa… O meu nome é Stacie (stêici). Mas você pode escolher um nome artístico para mim. Vou gostar muito do nome que você escolher. Tenho certeza!

P.S.: Marina aceitou Stacie no seu time. E decidiu manter o nome da nova atleta assim mesmo.

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