Indiana Jones e o Reino dos Suportes Físicos

Valdir, caríssimo,

Tá dureza retomar a vida depois de 16 dias fora de casa. Tá tudo um caos.

(Foi o que escrevi para meu amigo Valdir Sanches no dia 6 de novembro, em resposta ao e-mail dele em que me perguntava sobre o texto que eu seguramente faria sobre os dias que passei em Diamantina. É meio uma tradição: sempre que viajo, escrevo um texto de Turista Acidental. Bem acidental, porque fujo de viagem como o diabo da cruz.)

Não sei se já te contei, mas Dona Mary mandou pintar a sala, o que implicou em eu ter que desocupar aquela gigantesca estante com uns 1.500 LPs e mais uns 657 livros, fora outros bagulhos. Conseguimos fazer isso com relativa tranquilidade – mas, ao mesmo tempo em que a obra acontecia na sala, constatamos nova infiltração de cupim de solo. Decidimos fazer a descupinização em duas fases: a primeira, realizada quando estávamos viajando, pegou os dois quartos, os dois banheiros de dentro, cozinha, área de serviço.

Para fazer a descupinização dos quartos, foi necessário tirar tudo (tudo!) o que estava dentro dos armários embutidos. A moça que trabalha aqui, a Vanda, tirou tudo – e depois recolocou.

É claro, é óbvio que não soube recolocar as coisas onde elas estavam. Então estamos tendo que tirar tudo novamente para guardar tudo direito.

Mas isso não é nada. Teremos agora que fazer a segunda parte da descupinização – sala, escritório e corredor. Teremos que tirar todos os 5.600 CDs, 3.870 DVDs, 4.578 livros e mais uma incontável papelada dos armários e estantes e enfiar tudo isso nos dois quartos já descupinizados. E depois voltar com tudo para o lugar.

Tá bom ou quer mais?

Bem, para você ter idéia do que a primeira parte do processo significou, resolvi jogar fora minha coleção completa dos primeiros 4 anos da revista Marie Claire, mais um metro de outras revistas. Um metro de altura mesmo, não é exagero ou força de expressão.

(Tinha um grande carinho pela coleção da Marie Claire, do período em que Regina foi a diretora de redação – em dois daqueles quatro anos, eu fui o redator-chefe da revista.)

O que vai acontecer na segunda fase do processo – cacete, não quero nem imaginar.

Bem. Com todo esse trabalho braçal de rearrumar a casa, ainda não tive tempo de mexer no texto de Diamantina. Fiz, lá mesmo, o lead – umas 30, 40 linhas. Ainda não tive oportunidade de reler para tentar retomar o trabalho. Tem muita coisa para contar, para relatar, mas a trabalheira física tem me deixado cansado. Não tenho mais 30 anos de idade…

Nos últimos dias em São Paulo, antes de viajar, e em Beagá, vi 4 filmes, sobre os quais tenho, claro, que escrever. Ontem, sábado, consegui escrever sobre um deles – ficam faltando três…

E gostaria de fazer um daqueles meus apanhados de notícias da economia, uma série que tenho feito, chamada “Está melhorando”. O material está ali separadinho, falta só encontrar fôlego e tempo para dedilhar.

Hoje, domingão, revimos a netinha, depois do mais longo período sem vê-la – mais de 16 dias, algo nunca acontecido antes. Claro: tenho que escrever um texto de Agenda do Vô.

Bem.

Espero que você compreenda por que o texto sobre Diamantina está demorando!

Hê hê…

A esta altura você deve estar achando que incomodou este velho amigo com sua mensagem pedindo notícias sobre as notícias de Diamantina…

Não é nada disso. Adorei sua mensagem, e resolvi me divertir fazendo esta resposta aqui…

E, finalmente, ainda tem Belo Horizonte, Belzonte.

Ninguém mais fala Belo Horizonte, como eu sempre falei, nem Belzonte, que é como os mineiros falavam até algum tempo atrás. Hoje, só se diz, e só se escreve, Beagá. Não BH, mas Beagá.

O que para nós é Sampa, para eles é Beagá.

Cidade estranha. É a minha cidade – não a natal, mas a minha cidade, a cidade em que vivi entre 1 e 16 anos, onde me formei, portanto. Cidade estranha.

Passamos seis dias em Diamantina, um na Serra do Cipó e uns seis dias em Beagá, três antes da viagem a Diamantina, três depois.

Cidade estranha.

Merecia um texto.

Abração!

Sérgio

(Ahn… Aqui é necessário uma correção. Mary e eu percebemos que simplesmente seria impossível fazer a descupinização em apenas duas etapas. Então decidimos fazer em três. Na segunda, foi a vez de tirar tudo da sala e do corredor. O escritório ficou para uma terceira etapa. Para esvaziar todo o escritório, espalhamos livros e papelada pelo resto da casa inteira.)

Os DVDs foram retirados da imensa estante do corredor. 

 

A ordem é tirar tudo – tudo! – das estantes grudadas às paredes.

6 e 29/11/017

Para ler o Capítulo 2. 

9 Comentários para “Indiana Jones e o Reino dos Suportes Físicos”

  1. Caríssimo Servaz, agora preocupou.
    Somando 1.500 lps, 657 livros, 5.600 cds, 3.870 dvds dá 11.627 itens. Mais uma caixa de uísque, cinco engradados de cerveja, uma dúzia de queijos minas, canecas de Blumenau, peças incas do Chile…
    Acho melhor você dar um tempo na descupinização e propor ao síndico uma vistoria nas fundações do prédio!
    Mônica, a quem contei sobre a situação, manda um recado: Servaz vamos jantar em sua casa amanhã.
    Fico à espera do texto sobre Diamantina. Resolva seus problemas, e depois se dedique com calma à Olivetti, que, pelo jeito, é o que vai resistir a essa convulsão toda.
    Forte abraço para você e dona Mary.

  2. Rapaz, fiquei cansada só de ler e ver as fotos, e pensar na trabalheira que foi e será. A terceira etapa já começou?

    Também senti falta do texto sobre Diamantina, mas novembro foi um mês horroroso para mim, o mais pesado do ano, quiçá da minha vida so far, então não tive tempo nem cabeça para perguntar.

    De todo modo, acho que vou aproveitar o exemplo de vocês e o fim de ano para dar uma geral nas minhas coisas também, fato que venho adiando há tempos (quem é que curte fazer faxina, fazer limpa?).

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