Dezoito meses depois de Dilma Rousseff ser apeada da Presidência, deixando o país afundado na mais grave recessão da História, o Produto Interno Bruto (PIB) cresce, a indústria demonstra alta disseminada por diversos setores, o desemprego diminui mais um pouco.
E a maior estatal do país, tomada de assalto, arruinada, saqueada, em 13 anos, 5 meses e 12 dias de governo lulo-petista, reage, e encerra 2017 anunciando investimento milionário que vai gerar pelo menos 3 mil empregos diretos.
Nada mal para o governo Michel Temer, campeão absoluto de rejeição popular, segundo as pesquisas de opinião.
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Todos os fatos citados acima foram divulgados nos últimos poucos dias, depois que publiquei aqui, no dia 28 de novembro, a 21ª compilação de boas notícias da economia pós o tsunami PT.
Os números sobre emprego mostram alguma melhora – mas vêm sempre acompanhados de uma adversativa, porque a reabertura de vagas de trabalho ao final de uma recessão é sempre lenta. “Desemprego cai, mas 75% das vagas criadas são informais”, informou O Globo na sexta, 1º/12.
“Desemprego cai, mas levará ao menos 2 anos para voltar ao patamar de 2016”, disse o Estadão.
“De abril a outubro, período em que começou a dar sinais de melhora, o mercado de trabalho brasileiro já criou 2,3 milhões de vagas”, diz a reportagem de Marcello Corrêa em O Globo. “Mas, desse montante, 1,7 milhão são postos ligados à informalidade, o equivalente a 75% do total. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal, a taxa de desemprego caiu para 12,2%, sétimo recuo consecutivo. Para analistas, o cenário faz partre do ambiente de recuperação gradual da atividade econômica. Tradicionalmente, o emprego formal reage com atraso à melhora do PIB.”
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No dia seguinte, foi a vez de os jornais divulgarem a melhora do PIB no terceiro trimestre de 2017. E aí coube de novo a adversativa, só que uma adversativa para melhor. O PIB cresceu só 0,1% – mas indicou recuperação consistente, como titulou O Globo. Foi só 0,1%, mas o PIB deu sinais de retomada mais consistente, titulou O Estado.
Retomada mais consistente. Que maravilha ler essa notícia.
Diz a reportagem de O Globo, assinada por Marcello Corrêa, Daiane Costa, Rennan Setti e Bárbara Nascimento:
“O crescimento de apenas 0,1% parece indicar o contrário, mas a economia brasileira ganhou fôlego no terceiro trimestre, e o país consolidou o processo de retomada. O número resume o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) frente os três meses anteriores, porém mascara dados positivos: o investimento voltou a crescer após 15 trimestres, o consumo se manteve em alta, impulsionando o comércio, e a indústria está no azul. Para analistas, o cenário é positivo, embora a economia só deva se recuperar completamente da recessão em 2019.
“Nas contas da economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV), uma forma de expressar melhor o pulso da economia é calcular a variação do PIB sem incluir a agropecuária na conta. O setor, que responde por 5,7% da atividade econômica, foi o motor do primeiro trimestre, com alta de 12,9%, e ajudou a frear o resultado do terceiro trimestre, com retração de 3%.
“O resultado do cálculo mostra que, sem esse efeito que acaba distorcendo os resultados, o PIB vai bem. Cresceu 0,4% no primeiro trimestre, 0,5% no segundo e, agora, 1,2% no terceiro trimestre – em uma tendência clara de aceleração.
“- O PIB está ótimo. O dado agregado engana bastante. Da mesma forma que tivemos um falso positivo (no primeiro trimestre), temos um “falso 0,1%” no terceiro trimestre. É um número bem positivo, tanto que indústria e serviços cresceram fortemente no trimestre. Pelo lado da demanda, foi muito espalhado. E, finalmente, vimos investimento crescendo depois de anos de contração – destaca Silvia Mattos.”
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Na terça-feira, dia 5/12, foi a vez de o IBGE divulgar os números da produção industrial de outubro. “Indústria em outubro cresce 0,2% e alta é disseminada por setores”, informou O Globo da quarta, 6.
Diz a reportagem de Daiane Costa: “A reação na indústria ficou mais evidente em outubro, após o IBGE divulgar os números da produção ontem. Apesar do crescimento pequeno, de 0,2% frente a setembro, é o oitavo resultado positivo do ano, e a alta foi disseminada, alcançando 61% dos itens pesquisados pelo IBGE, o melhor resultado desde abril de 2013. Especialistas ouvidos pelo GLOBO avaliam que o dinamismo do setor ainda é baixo e está longe de compensar a perda acumulada durante os três anos de retração que a indústria enfrentou. No entanto, o espalhamento de resultados azuis indica que a retomada pode ganhar força nos próximos meses.
“— A disseminação de resultados bons pode fazer o setor começar a andar com mais firmeza. Quando mais peças estiverem girando na direção correta nessa engrenagem, cria-se um círculo virtuoso — analisa Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).”
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“O setor de aviação fechou novembro em alta. É o nono mês consecutivo em que a aviação doméstica e internacional cresce em relação ao mesmo mês do ano passado.”
Essa nota saiu na coluna de Lauro Jardim no Globo de domingo, 3/12.
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Na mesma edição de domingo, O Globo publicou um belo editorial sobre a atual situação da Petrobrás, um ano e meio apenas após a saída do lulo-petismo do governo. Um trecho:
“O tempo da nova administração, com Pedro Parente à frente, ministro chefe da Casa-Civil de Fernando Henrique Cardoso, é curto, porém os danos causados pelo lulo-petismo na estatal foram tão sérios que apenas uma terapia profunda evitaria que a empresa tivesse de ser socorrida pelo Tesouro, com o país em grave crise fiscal. Deu certo.”
A íntegra do editorial está mais abaixo.
No dia seguinte, segunda-feira, 4/12, reportagem de Ramona Ordoñez e Bruno Rosa mostrou que a Petrobrás está para fazer a primeira grande licitação após os tempos da Lava-Jato, a operação que desvendou como os governos lulo-petistas tomaram de assalto a estatal e quase a levaram à ruína.
Eis o início da reportagem:
“A Petrobrás encerra o ano com a maior contratação de serviços desde 2014, quando foi abalada pelo esquema de corrupção revelado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. Desde então, a companhia paralisou todas as grandes contratações, como o Comperj. A estatal está fazendo uma profunda reforma em 39 plataformas de petróleo na Bacia de Campos, visando a aumentar a produção. O número representa cerca de 75% das 53 unidades existentes no local. Dividida em três licitações, a expectativa é que a nova leva de encomendas receba investimentos de R$ 3 bilhões e gere pelo menos três mil empregos diretos, de acordo com projeções da Abespetro, associação que reúne empresas prestadoras de serviços para a indústria petrolífera.
“A contratação de serviços, considerada a maior da história da Bacia de Campos, vai beneficiar principalmente a cidade de Macaé, no Norte do Estado do Rio. A expectativa de geração de vagas domina as conversas dos trabalhadores do setor, e muitos já pensam em voltar para a cidade, uma das mais afetadas nos últimos anos pela crise provocada pela redução dos investimentos da Petrobrás e pela queda do preço do petróleo, com o fechamento de cerca de 40 mil vagas. Empresários da região também indicam um aquecimento na procura de companhias do setor.
“A Petrobrás está realizando neste momento uma licitação dividida em três lotes para serviços de manutenção em 25 plataformas. Participam da concorrência 19 empresas nacionais e estrangeiras. Segundo a estatal, a contratação será concluída até abril, com a mobilização do serviço a partir de junho de 2018. O valor estimado deve superar a cifra de R$ 1 bilhão, e a expectativa é a geração de mil vagas.
“Uma outra licitação está prevista com prazo de entrega das propostas para este mês. Neste caso, são dois lotes que envolvem serviços em 14 plataformas. Essa licitação também deve gerar investimentos da ordem de R$ 1 bilhão e mais mil postos de trabalho. Para 13 dessas unidades, a Petrobrás realizou uma primeira licitação meses atrás, que foi dividida em quatro lotes, com expectativa de movimentar outro R$ 1 bilhão. Concluída em agosto, levaram os contratos as companhias O Engenharia, da francesa Vinci, e a CSE, da Aker.”
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Um perfil inédito para a Petrobrás
Editorial, O Globo, 3/12/2017
A paridade dos preços internos com os externos é essencial para a desejada atração de sócios para o refino, rompendo-se tabu criado há décadas
Maior empresa brasileira, de envergadura com proporções gigantescas, mesmo em padrões mundiais, a Petrobrás passa por importantes transformações, permitidas pelo afastamento do poder do nacional-populismo de Dilma e Lula, no impeachment da presidente, por crime de responsabilidade. O tempo da nova administração, com Pedro Parente à frente, ministro chefe da Casa-Civil de Fernando Henrique Cardoso, é curto, porém os danos causados pelo lulo-petismo na estatal foram tão sérios que apenas uma terapia profunda evitaria que a empresa tivesse de ser socorrida pelo Tesouro, com o país em grave crise fiscal. Deu certo.
Sufocada pela maior dívida corporativa do mundo (meio trilhão de reais), a empresa passou a vender ativos — como aconselhava a sensatez. Há um programa de venda de US$ 21 bilhões entre este e o ano que vem. Com Dilma-Lula, o BNDES repassaria recursos recebidos do Tesouro, que se endividaria para isso, numa ciranda cujo resultado seria o mesmo desarranjo fiscal que terminou sendo provocado por Dilma com seu “novo marco macro econômico”.
O Congresso aprovou mudanças estratégicas no modelo estatista, intervencionista de exigência de índices irreais de conteúdo nacional para equipamentos contratados pelos consórcios vencedores de rodadas de licitação. Isso voltou a atrair investidores estrangeiros. Reviu-se a delirante regra que concedeu à Petrobrás monopólio na operação no pré-sal e fixava a participação compulsória da estatal em 30% dos consórcios.
Na distribuição e no refino, esboça-se uma revolução. A começar pela venda do controle da BR Distribuidora, símbolo da cultura estatizante. Criada ainda com Ernesto Geisel na presidência da Petrobrás, a distribuidora surgiu para evitar, na marra, o crescimento da Shell e de qualquer outra empresa privada no ramo. Esta operação, se concretizada, será um marco histórico da nova visão da empresa no mercado de combustíveis.
É parte dessas mudanças a conexão dos preços internos aos externos, como em grandes e desenvolvidas economias. Daí, gasolina, diesel etc. estarem oscilando nas refinarias brasileiras. Algo impensável nas últimas décadas. Esta regra simples teria impedido desastrosas intervenções nos preços dos combustíveis, para conter artificialmente a inflação. A torcida é para que Dilma Rousseff tenha sido o último exemplo.
O alinhamento dos preços internos aos externos é essencial a fim de atrair interessados na BR e, para além disso, conseguir sócios no parque de refino — para sua modernização, na construção de novas unidades, no que for. Até para a privatização da própria empresa, o ideal.
Há uma chance de integração efetiva da Petrobrás ao mundo, benéfica para o país e a companhia. São mudanças profundas em muito pouco tempo, e que mostram resultados na recuperação da companhia, com a volta de investidores. Tudo pode avançar ainda muito mais. Vai depender das urnas de 2018.
6/12/2017
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