Michel Temer fez um contrato de risco na composição de seu governo. Sabia que estava sujeito a trovoadas e tempestades ao ceder espaços a políticos e parlamentares arrolados – e enrolados – nas investigações da Lava-Jato.
Apesar dos alertas sobre o perigo de nomear homens-bomba para o primeiro escalão, falou mais alto a necessidade do novo presidente de construir maioria confortável no Congresso Nacional para aprovar medidas de ajustes econômicos e as reformas imprescindíveis para a retomada do crescimento e a geração de empregos.
O governo Temer assenta-se em dois pilares: um moderno e renovador representado pelo núcleo central da equipe econômica, José Serra e o novo Itamaraty, os quadros técnicos do segundo escalão como Maria Helena Guimarães no MEC e presidentes de estatais como Pedro Parente, para dar alguns exemplos. E outro arcaico, constituído por partidos e políticos tradicionais acostumados a práticas patrimonialistas e não republicanas.
Esta coabitação ficou evidente no episódio da queda do ministro Romero Jucá. As gravações flagradas mostraram mais uma vez a face atrasada, grotesca e pusilânime da política brasileira.
Perpetuar o contrato de risco é ficar de costas para a demanda da sociedade. É expor-se a uma sucessão de crises políticas, a uma sangria permanente, que pode levar ao fim precoce de um governo que mal começou; ou que começou mal em matéria de rígida observância de critérios éticos na montagem do Ministério.
O resgate da credibilidade da instituição governo, duramente corroída pelos escândalos patrocinados pelo lulo-petismo ao longo dos últimos 13 anos, está na razão direta da capacidade de Temer entender o recado dado pelas ruas, nas jornadas recentes. Não há retorno, não há recuo, na Lava-Jato. Isso não passa na sociedade. Jucá que o diga.
Se há alguma lição a tirar do caso Jucá é que ninguém, por mais poderoso que seja, tem a possibilidade de interromper as investigações. Não há pacto possível para pôr fim à Lava-Jato, até porque ninguém vai conseguir deter a ação republicana da Polícia Federal, do Ministério Público, da Justiça Federal, para não falar do Supremo Tribunal Federal.
Transações tenebrosas, quando vêm à luz do dia, têm exatamente o efeito contrário ao que se propõem. Tornam mais irreversíveis as investigações e mais fortes as instituições republicanas de Estado. Assim foi o caso Delcídio, assim foi quando a nação tomou conhecimento das incursões de Lula para monitorar as investigações, e assim está acontecendo no affair Romero Jucá.
Pode-se arguir, com boa dose de razão, que nem tudo está como dantes no quartel de Abrantes. Por uma questão de justiça, reconheça-se que Jucá não foi blindado: Temer foi rápido no gatilho, ninguém ficou resmungando contra “vazamentos seletivos” e muito menos a imprensa foi acusada de conspiração.
É uma diferença e tanto com relação aos tempos de Lula e Dilma. Isto só não basta. Se não houver novos procedimentos de governança, novos critérios na escolha dos quadros governamentais, novas crises estão contratadas desde já.
É toda uma cultura a ser deixada para trás.
Por que não generalizar o que está acontecendo agora na Petrobrás, onde a confirmação de Pedro Parente como presidente da empresa se dará após a realização de um “teste de integridade” pelo conselho de administração da estatal?
Isto que parece ser uma enorme novidade é algo corriqueiro nos Estados Unidos e em outros países de administração moderna.
De volta aos pilares do governo Temer. Não se exige do novo presidente a ruptura do contrato com os partidos e políticos tradicionais. Goste-se ou não, a aprovação das medidas que podem tirar o país do atoleiro passa pelo Congresso Nacional, onde essas forças são majoritárias.
Não pode, porém, dar as costas ao que a sociedade reclama: combate à corrupção e continuidade da Lava-Jato.
É nessa corda fina que Michel Temer tem de se equilibrar.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 25/5/2016.
O fim da Lava Jato se anuncia, o juiz interiorano já avisou que a Lava Jato não era novela em capítulos e que não se devia esperar novos capítulos, ou seja, capitulou o fim das investigações espetaculosas já que as manchetes se voltam contra Romeros e Jucas. Já é hora de mudar a programação e os apresentadores da crise engendrada.
Temer já mandou aviso de não temer “bandidos” já que acostumou-se a lidar com eles quando foi secretário de justiça de São Paulo.
Constitucionalista o interino se prepara para as manifestações contrárias e o golpe aproxima-se da aplicação do artigo 136 da CF.
O chamado golpe legal previsto constitucionalmente.
O Congresso não é a assembleia da nação. Não a representa. Lutar pelo mandato de Dilma é reconstruir nas ruas a agenda do desenvolvimento e da democracia pode ser o risco contra golpe.
Frase do Alquéres:
“É uma diferença e tanto com relação aos tempos de Lula e Dilma”
O presi interino faz o mesmo que o lulo-petismo, com outro formato: a exposição de um “patrimônio moral” (feita pelo PMDB [!] e endossada pelo Alquéres [!!!!??])
Interessante parágrafo do Alquéres:
“Apesar dos alertas sobre o perigo de nomear homens-bomba para o primeiro escalão, falou mais alto a necessidade do novo presidente de construir maioria confortável no Congresso Nacional para aprovar medidas de ajustes econômicos e as reformas imprescindíveis para a retomada do crescimento e a geração de empregos”
PURO PRAGMATISMO.
Quando o PT fazia O MESMO com vistas a promover melhorias sociais, Fome Zero etc., a moçada do “50anosdetextos” parecia muito mais queixosa.
Dois pesos, duas medidas: um princípio do STF, imitado pelo “50anosdetextos”.