Uma das grandes façanhas do PT foi convencer os integrantes da sua seita de que eles são moralmente superiores e mais espertos do que os simples mortais.
Antes os petistas olhavam para os demais brasileiros com um certo desdém: os não iniciados eram incapazes de perceber a grande conspiração da Globo com a Veja, a serviço da CIA, com a cumplicidade de FHC, para entregar a Amazônia nas mãos de George Soros.
Com muita habilidade, a propaganda petista inoculou também doses de superioridade moral em seus fiéis, provocando a gostosa sensação de integrarem a única corrente política preocupada com a justiça social, o racismo e o bem estar dos velhinhos. Uma evolução da espécie humana, detentora do monopólio das boas intenções para com os desvalidos.
Quando assumiu o poder e passou a correr o risco democrático de ser substituído, o PT mudou de tática. Os não integrantes da seita deixaram de ser apenas aqueles tolinhos e alienados, passíveis até de conversão. Pelo diagnóstico dos marqueteiros, tratava-se mesmo de um caso de traição à pátria, criminosamente premeditado.
Dentro da propaganda petista, seus adversários, tanto candidatos quanto eleitores, viraram o cão chupando manga, radicais defensores da entrega do pré-sal e de outras riquezas nacionais para os gringos. Aliás, já acordam de manhã pensando em como fazer para impedir a distribuição de renda, o acesso dos pobres à escola e à saúde e na melhor maneira de impedir um negro de ir de avião para a universidade. Ou coisa parecida.
E não é que o esperto integrante da seita acredita de verdade que chegou sozinho à conclusão de que a alternância no governo significaria um desastre nacional? Como tirar os defensores dos frascos e comprimidos do poder para colocar o mal absoluto em seu lugar? Seu profundo conhecimento das verdades ocultas e sua superioridade moral nunca permitiriam isso.
O PT nem precisou deixar muito explicita a sua preferência pelo regime de partido único, merecedor do poder eterno. Seus adeptos foram conduzidos bovinamente à conclusão lógica de que o Brasil nunca poderá ser governado por outro grupo que não os abnegados petistas, atualmente perseguidos pela Lava-Jato apenas porque querem fazer o bem.
O mais incrível é que essa linha de raciocínio foi absorvida sem que fossem necessárias altas doses do chá de ayahuasca do novo ministro da Justiça. Nem palestras do gênio da raça petista, Sibá Machado.
Recentemente o COAF – Conselho de Controle de Atividades Financeiras – detectou a passagem de R$ 55 milhões na conta bancária de Lula, R$ 216 milhões na de Palocci, R$ 39 milhões na do guerreiro Dirceu, R$ 23 milhões na de Erenice Guerra e R$ 21 milhões na de Fernando Pimentel. Em seu relatório, o órgão ressaltou que nenhum desses clientes praticava atividade econômica compatível com o ganho auferido.
Então, fica uma dúvida: afastada a hipótese de altas doses do chá de Ayahuasca, o que teria desligado as sinapses que permitiriam a um militante petista, tão esperto e moralmente superior, ligar o grande sumiço de dinheiro na Petrobrás às fortunas detectadas nas contas desses revolucionários socialistas e defensores do pobres?
Abril de 2016
(*) Nota do administrador: Luiz Carlos Toledo Pereira é um dos melhores textos jornalísticos do Brasil, embora não tenha escolhido ser jornalista na vida.
Muito legal o texto. Resgata o orgulho e o intelecto ferido de qualquer pessoa que já tenha sido brutalmente acusada de não ser petista.
Só o primeiro de abril explica essa observação que o Sérgio Vaz colocou no final do texto.
Para ser jornalista o compromisso com a verdade deve ser um princípio ético.
No dia primeiro de abril faltar com a verdade é permitido.
Tem gente que acredita.
Obrigado pelo excelente texto, Luiz. Ao que parece os mais carentes enfrentarão muita dificuldade nos próximos anos. A desastrosa mistura de incompetência com roubalheira petista, além de arrebentar as contas públicas inviabilizando uma maior atuação do Estado no campo social, abriu espaço político a elites oligárquicas disfarçadas em roupagem liberal. Lamentável…
Luiz Carlos quase sempre não deixa espaço para a gente comentar, tamanha a abrangência daquilo que escreve e informa. Mas o conteúdo de seu artigo serve como um guia sobre “como não se sentir tão pequenino” no embate com os petistas! Eles, os petistas, são muito gabolas!
Vibrei com cada vírgula da sua crônica, aguardo outras.
A corrupção sistemática está virando um crime comum no nosso país.
Sds,
Sandoval de Toledo Rocha
Excelente tradução! A ocasião fez os vermelhamente parasitas sugarem ao máximo a miserabilidade de um povo cego, acamado, que agoniza perante um Estado ditatorialmente acanalhado, sem os direitos básicos da tão estimada ética, da moral e dos bons costumes tradicionais de uma pátria que não é mais amada…
Pau neles!
A informação se verídica e precisa, retirada do CARF, é de um conteúdo que faz corar até os coxinhas pigmeus do boulevard.
O CARF é um órgão que possui enorme banco de dados sobre os coxinhas e poderia fazer inestimável serviço ao país se divulgasse a listagem indicativa das altas e tenebrosas transações.
Parabéns, Luis Carlos, texto brilhante! Os petistas reclamam do ódio e da intolerância, mas como suportar essa gangue criminosa e arrogante. Julgam-se acima de tudo e de todos e, com esse pensamento, que tem se perpetuar no poder! Que Deus nos livre dessa praga hipócrita, mentirosa e corrupta, chamada PT.
Forte abraço!
Dos partidos tradicionais (PRI, Colorado, PMDB etc.), o PT tem um lado dos mais perniciosos: desfruta dum recurso que os demais partidos tradicionais não detém, que é uma militância grande, fanática e, quiçá, penetrante.
O histórico do PT, sindicalista, de rua, corpo-a-corpo, gerou uma auto-imagem da qual tenta se beneficiar até hoje: “eu quis um Brasil melhor, agora posso governar do modo que eu quiser; a minha corrupção se justifica, porque fizemos o Fome Zero, reconhecido pela ONU”.
Se os outros partidos tivessem este histórico, fariam igual ou pior ao PT, inclusive em cifras (corrupção em bilhões).