“Fica mais, por favor”, diz Marina

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Da agenda do vô:

“Fica mais, por favor”, Marina nos disse, olhando para mim com aqueles olhões lindos.

Tínhamos ido netar mais cedo, na sexta. Em geral chego – sozinho ou com Marynha – por volta de 18h. Aí fico, ficamos, até umas 19h30, 19h40, um pouquinho depois de a Fê chegar do trabalho. Damos beijo nela, vemos ela um pouquinho, e aí vamos embora.

Na sexta, Mary sugeriu que fôssemos mais cedo pra sair mais cedo – teríamos que passar na padaria, e só então, ao chegar em casa, ela começaria a fazer a pesquisa para escolher um tema e escrever o artigo semanal. E então chegamos lá às 17h30.

Era um dia um pouco diferente do usual porque a Fê tinha saído bem mais cedo do Fórum para estar no Grão às 15h, para a festa do Dia das Mães. Quando chegamos a doutora estava no laptop, na sala, apagando os incêndios surgidos depois que ela saiu do trabalho para ver a filha na escolinha. Papai estava também na sala – mas logo entrou para o escritório: está cheio de trabalho.

Papai e mamãe trabalhando, ficamos Mary, a Cláudia e eu brincando com a pequena no quarto dela.

Aí veio a hora do jantar. Marina adora lavar as mãos com a vovó – e pediu para a vovó dar o jantar.

Depois que ela começou a comer, a mãe veio se juntar a nós na cozinha, incêndios jurídicos apagados.

Aí a Marina – exausta, tadinha, muito exausta – deu um xiliquinho, quis parar de comer. Acabou pedindo a mamãe. A vovó foi substituída pela mamãe.

Tínhamos chegado lá mais de uma hora antes, e então sugeri a Mary que fôssemos embora. Peguei minhas duas bolsas pretas na sala e fui até a cozinha para me despedir da filha, da neta e da Cláudia.

“Fica mais, por favor”, Marina nos disse, olhando para mim com aqueles olhões lindos.

Olha, confesso: não consigo entender como não chorei de pura felicidade, deslumbre.

Mary ouviu ela dizer assim (acho que eu estava na sala na hora, juntando as coisas para ir embora): “Mamãe, mamãe, eu quero brincar com a vovó e o vovô”.

Ah…

***

2015-05 - Marina dia 08 - Foto FêE então ficamos mais uma hora.

Vimos o livrãozão de atividades do Grão, que este fim de semana fica na casa dela. Ela adorou ver, mostrou para nós quem era quem nas fotos – a Luzia, o Guilherme, o Gael, a Maria, o Theo…

Aí chegou a hora do DVD, e ela escolheu um da Peppa.

As regras estabelecidas pela judiciosa mãe permitem quatro historinhas da Peppa por noite. Nos posicionamos como sempre, ela no meio de avó e avô, nós todos bem pertinhos um do outro.

Antes de começar a terceira historinha, quis vir pro colo do vô.

Ah…

***

No dia seguinte, o sábado véspera do Dia das Mães, teve mais netada de duas horas. Por volta de 15h40, depois da festa de Dia das Mães na casa de repouso da Nilze, subimos duas quadras na João Ramalho e pegamos Fê e Marina para nossa primeira ida conjunta à Praça do Salles, a Praça Gastão Vidigal, no Jardim Paulistano. Nunca tinha ido a essa praça, não sabia da existência dela – apesar de ter morado não muito longe dela quando Fê nasceu. É uma absoluta maravilha para as crianças. Não é à toa que a Fernanda tem levado Marina tantas vezes lá.

A pequena fica à vontade ali que nem pinto no lixo.

Ali na praça dei o presente de Dia das Mães para a Fê, e ela adorou: um albinho de 50 fotos em papel, dessas que a gente pega na mão, dessas que a gente quase não vê mais. Fotos dela com a mãe, dela com a filha, da mãe com a avó, da filha com as avós, com a Bisa, até a Zibisa. Filhas e mães.

Deixamos as duas em casa pouco depois das 18h. Mais tarde ela nos diria que tinha adorado o presente, que tinha visto com o Carlos e a Marina; o Carlos também gostou muito. Marina não fez comentários – mas olhou tudo com muita atenção.

Acho que, no futuro, Marina vai querer guardar esse albinho.

Ou talvez não. Não importa. A mãe dela gostou. Ela vai gostar também. Não importa se guardará o suporte físico.

A mãe dela gostou. Para o Dia das Mães, alterou sua foto no Facebook – um quadro de Monet que ela adora – para uma das fotos do albinho, uma das fotos da mais bela sequência que jamais fiz dela garotinha com a mãe, as duas deitadas de bruços na cama da João Moura, a máquina na altura da cama, pegando os dois rostos lindérrimos em close-up.

Duas horas de netada na sexta, duas horas no sábado, três delas com a Fia – que absoluta maravilha. É sorte demais.

1979-05 - Na João Moura - A catapora - 19980005

10 de maio de 2015

4 Comentários para ““Fica mais, por favor”, diz Marina”

  1. Isso é ‘maldade’, um texto desses, com essa foto, logo no Dia das Mães! Não era dia de chorar…
    Mas chorei.
    A sua Fê é um baratinho.
    A Marina é um baratinho e meio…
    Obrigada, Sergio.
    MH

  2. Servaz, minhas netas e sobrinhas-netas estão para mim na categoria de “lindas e doces”. Chamo-as assim, sempre que as vejo, e elas gostam, já esperam por isso. Quando começo a ler texto seu sobre a Marina, penso logo “ela é linda e doce”. Não sei se você acha que estou certo…

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