Se um pivete resolver atacar meu amigo Elói Gertel, no calçadão de Pitangueiras, no Guarujá, se dará mal. Elói pode pôr-se a correr. É maratonista, com presença em competição nos States e na Europa. Cito Pitangueiras porque mora lá.
Viesse para cima de mim, o sujeitinho teria melhor sorte. Sempre fui um “fora de forma”. No entanto… O que é a vida. Mudei para um apartamento onde, por modestos R$ 30 (descontados na taxa de condomínio, quer use ou não), tenho à disposição uma academia, com orientador.
“Me ne frego”, pensei, lembrando o pouco me importa de um tio italiano. Mas os médicos não me dão folga. “Bom dia, sente-se. Pratica exercícios?” Não importam resultados de exames, a auscultação do relógio (coração), como vai o intestino. Querem ginástica.
Calcei um tênis velho e me rendi. O orientador (se custasse R$ 300 eu chamaria de trainner) ficou encantado. De aperitivo, me passou pela bicicleta, três modalidades de levantamento de peso, um troço lastreado em peso que a gente puxa. Outro em que me estico em uma correia (se os pés escorregam, vou para o chão de costas, com sério risco de traumatismo craniano), agacho e levanto; e uma cadeira em que a gente levanta as pernas contra um peso.
Descartei a bicicleta, porque é muito chato (a não ser para quem se interesse pela A.M. Braga fazendo comida na tela imensa à frente). Fui levando o resto, mas agora passei para outra fase, a dos aparelhos. Um desses materiais de tortura, naquele cenário de Inquisição, tem nome sugestivo: Crucificado.
Já perguntei ao orientador onde é o setor de idoso, não quis conversa. Também expliquei que não pretendo disputar as Olimpíadas. Nada.
Estou na fase de implicar com tudo aquilo. Tenho maneira melhor de gastar meu tempo, ora. Na última sessão (eu disse última?; bem, na mais recente), deixei o instrutor perplexo, com esta observação:
– Se fosse rico, eu contrataria um criado para fazer esse esforço todo no meu lugar. Esperaria sentado, lendo meu jornal.
Pensando bem, Rafael tem muita paciência comigo.
Dezembro de 2015
Não reclame de barriga cheia. O orientador não colocou você fazendo 20 ou 30 minutos de esteira, tal como um hamster….E mais: tem a dieta, um treino intensivo de transformação em ruminante. Tudo muito saudável.
Delícia de texto. Vou mostrar para a minha personal, ou melhor…. orientadora.
Ih, Valdir, você não imagina como está Dona Mary nos últimos meses. Personal trainner (uma japinha danada de simpática chamada Débora) 2 vezes por semana, e ginástica ela sozinha 4 vezes por semana – só descansa como o Senhor, no sétimo dia. 160 abdominais por exercício. Seis quilos de peso nas mãos, não sei quantos nos pés. Na esteira, quase tantos quilômetros quanto o Elói no Guarujá. Fico absolutamente exausto só de ouvi-la contar como foram os exercícios do dia. Exausto, e cheio de culpa, sou obrigado a tomar umas – fazer o quê?
Faça como o Valdir e a Mary, Sérgio. O humor e a disposição física melhoram incrivelmente. Eu sou um verdadeiro hamster. Não gosto de outros exercícios, só da esteira. Caminho, e até corro, por mais de uma hora, quase todo dia. O exercício injeta endorfina no organismo e provoca uma sensação de bem estar. Só porque parei este mês, estou me sentindo péssimo, como o corpo meio dolorido e cansado.
Não me surpreenderei se nos próximos meses você se transformar num entusiasta da malhação, Valdir. Aproveite a oportunidade. Por 30 reais você não toma nem água nas academias. Mesmo tendo uma próxima à minha casa, achei mais barato comprar uma esteira.
Valdir sempre muito bom, seus textos são aeróbicos e anaeróbicos. Não poderia de me furtar a um pitaco. Tenho pessoalmente a ajuda de um fisioterapeuta, duas vezes por semana, 50
minutos de exercícios por vez, flexões de braço e abdominais, quase me mata o orientador. Também tenho a disposição, aparelhos. esteiras, piscina, quadra de esportes,etc… o orientador é a parte e custa 75 pratas por vez, no mês 600 pratas.
O fisio/orientador foi certeiro, sozinho ninguém se exercita. esteira com o passar do tempo fica relegada à condição de cabide, inútil suporte físico no dizer de Sérgio.
O Luiz Carlos nem sempre tem razão, mas no caso presente faz um comentário totalmente procedente, os exercícios físicos passam a fazer falta depois que se acostuma a eles.
A Mary idem, mas a comparação ao hamster é impagável
Aproveita a taxa de 30 de Valdir. Vai fundo.
(Estou postando eu mesmo esta mensagem do Valdir porque, por algum motivo que só os deuses da informática poderiam informar, ele não conseguiu publicar. S.V.)
Mary, amigos. Li seus comentários e, de tudo o que disseram, o que mais me atraiu foi tomar umas com o Sérgio Vaz. Mas até em levantamento de copo ando meio devagar.
Feita a brincadeira, explico que não pretendo abandonar a ginástica, embora não goste mesmo dela, e preferia que os efeitos viessem em pílulas. Duas de manhã, ao levantar; outras duas à noite, ao deitar. Ou uma dose do elixir Hércules.
Haydée também vai à ginástica, com mais ânimo do que eu. Os R$ 30, afinal, não são por pessoa, mas por apartamento. Nem que seja por pão-durismo, aproveitamos.
Valdir