Viva a Globo News!

Há tempos acompanho na BBC seu excelente programa de entrevistas HARDtalk. Durante muitos anos o apresentador foi Tim Sebastian, cujo estilo de fazer perguntas, direto, um tanto agressivo apesar de sempre polido, gerou uma fantástica audiência para a emissora.

De 2006 para cá o apresentador do HARDtalk é Stephen Sackur, experiente jornalista, correspondente internacional da emissora para a qual trabalha desde 1986. O estilo é diferente, mas a argúcia e a qualidade das perguntas são as mesmas.

Confesso que tinha certa inveja: gostaria de ver um HARDtalk brasileiro.

Não é que nunca tivéssemos bons programas do gênero. Canal Livre, por exemplo, que durante anos nos ajudou a conhecer melhor personagens importantes da vida pública brasileira; Marília Gabriela, inteligente, elegante em seu modo de perguntar e perscrutar o que pensa e como pensa o entrevistado; Roda Viva, que tem alternado bons e maus momentos, mas sempre com um bom nível; Jô Soares que, com sua simpatia, vai tirando muita coisa do entrevistado; e outros cujos nomes agora me escapam.

Mas eis que a BBC e seu HARDtalk encontram aqui uma séria concorrente com programas de altíssimo nível: a Globo News.

Conheço muita gente que, como eu, raramente troca de canal. Ficamos na Globo News porque de hora em hora somos bem informados e porque seus programas de entrevistas, mesas redondas e documentários são impecáveis em sua qualidade.

Os profissionais que comandam esses programas são bambas no assunto, cada um no seu estilo, mas todos determinados a debater o tema em profundidade com o convidado do dia.

Filósofos, historiadores, pesquisadores, cientistas políticos, juristas, cantores, professores, psicanalistas, jornalistas, músicos, fotógrafos, economistas, um brilhante leque de cabeças com muito a nos dizer, ensinar ou testemunhar, como Thomas Cahill, Placido Domingos, Alan Riding, Fernando Henrique Cardoso, Marisa Monte, Jorge Forbes, Thomas Piketty, Eduardo Giannetti, e tantos outros.

De alguns podemos ler seus livros, comprar seus discos, assistir seus espetáculos, é verdade. Mas, pelo menos para mim, conhecer a figura e ouvir sua voz, sentir ou não empatia com ela, dará muito mais vontade de me aprofundar em sua obra. Até de assuntos que não me falam muito de perto ao coração, mas dependendo do autor do livro…

Quanto custaria assistir às suas palestras? Sem contar que algumas nem se dão aqui no Brasil?

O Brasil pode se orgulhar de sua televisão. De sua dramaturgia. Dos programas dedicados às artes. Dos que apresentam nossa música e nossos sensacionais instrumentistas.

Mas estrangeiro que lesse certos comentários sobre nossa TV, e depois assistisse a nossos programas, concordaria com a opinião de Tom Jobim: ‘Sucesso no Brasil é ofensa pessoal‘.

E, por favor, discordem à vontade, mas não digam que estou bajulando a Globo News. Seria a coisa mais sem sentido da paróquia…

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 18/7/2014. 

Um comentário para “Viva a Globo News!”

  1. Tem razão assistir a GloboNews é bastante interessante, TV de alto nível. É hilariante ver o tendencioso William Vaack tal como o outro William o Bonner do canal aberto tentarem pautar as opiniões dos convidados. Contrariados na condução do programa chegam a tornar ridículo uma proposta tão séria de TV.
    Como diria o velho guerreiro, não vieram para esclarecer e sim confundir.

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