A Câmara dos Deputados é um lugar onde 24 partidos se estapeiam para ver quem oferece o espetáculo mais grotesco aos eleitores que se esforçaram para eleger seus 513 membros.
Os últimos feitos:
1) Pela primeira vez em muitos anos o PT se desinteressou da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que era uma de suas reservas de mercado, para voltar sua atenção para outras comissões que oferecem resultados, digamos, mais robustos. Deixou que um dos partidos da base aliada, o PSC-Partido Social Cristão- indicasse o presidente da comissão.
Com rara sensibilidade política, o partido escolheu para o cargo um pastor, Marco Feliciano , que na campanha eleitoral era um cara bacana que vestia camisetas pedindo votos para Dilma Roussef, e que passou a ser vilão depois que manifestou opiniões polêmicas sobre homossexuais e negros.
Contra um intolerante, intolerância e meia.Agora querem botar o pastor Feliciano pra fora, já que o PSC decidiu que o partido não abriria mão de sua indicação para o cargo.
A primeira reunião da comissão presidida por Feliciano foi um espetáculo, proporcionado por dois grupos fundamentalistas- um de evangélicos e outro de ativistas de direitos humanos- que quase saíram no tapa.
2) O PT indicou para participar da Comissão de Constituiçao e Justiça dois deputados- José Genoino e João Paulo Cunha-condenados por corrupção pelo Supremo Tribunal Federal. Ambos estão na iminência de serem presos para cumprirem suas penas, e mesmo assim o partido não viu nenhum impedimento- senão legal, no mínimo ético e moral- para a indicação de ambos.
Estranho é que seja o mesmo partido que abriu as portas para a nomeação do pastor Feliciano e que agora vê mais impedimentos morais em suas opiniões homofóbicas e racistas do que na manutenção de dois condenados por corrupção numa comissão que trata justamente da Constituição e da Justiça.
3) O PT e o PSOL anunciaram que recorrerão ao Supremo Tribunal Federal para tentar anular a indicação do pastor Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos. Os governadores dos estados produtores de petróleo também anunciaram que recorrerão ao STF para tentar anular a derrubada pela Câmara do veto da presidente à lei dos royalties do pré-sal. Ou seja: os deputados nao conseguem resolver suas pendências, apelam para a Justiça e depois reclamam da “judicialização da política”.
Será por isso que o Legislativo tem a confiança de apenas 36% dos brasileiros, segundo pesquisa Ibope, à frente apenas dos partidos políticos, que tem 29%?
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 15/3/2013.
Precisamos de uma reforma política. Reforma que propicie crença nos poderes republicanos.
A composiçao e correlaçao de forças entre os poderes gera descrença nestes mesmos poderes. O judiciário, o melhor avaliado, está indo para o brejo, em virtude das suas nomeaçoes e decisoes politicas.
Em lugar de disputa partidária melhor seria discussao sobre reformas e fortalecimento das instituicoes que, dizem, serem dirigidas para o povo.
As atuais instituicoes detem o poder, repartem o poder, para poucos e em detrimento da maioria, sejam classe média, pobres ou miseráveis. Trabalhadores, contribuintes e consumidores, escravos do mercado.
O que me chamou mais a atenção foi a quantidade de pessoas que confiam no legislativo, 36%!! E 29% confiam nos partidos políticos? Sério que é tudo isso? Frente aos espetáculos de incompetência e corrupção, imaginaria valores bem menores!