Quantas palavras são necessárias para um bom entendimento?

Se o ouvinte ou leitor for inteligente e de boa fé, basta meia palavra ou até somente uma sílaba.

Se ele for pouco inteligente, mas de boa fé, com paciência e calma um bom amigo ou um professor dedicado conseguirá que ele compreenda o que lê ou ouve.

Se ele for estúpido, mas de boa fé, complica um pouco. Mas no caso de ele ser estúpido e de má fé, danou-se. Nada penetra a muralha da burrice crassa misturada com má fé. É uma mistura letal.

Um exemplo simples. Quando eu, no dia do incêndio em Santa Maria, publiquei aqui no Blog (do Noblat) um pequeno texto no qual dizia:

“Qualquer exibição de solidariedade é inútil diante da morte. O que esperamos de nosso Governo e da Imprensa é ação positiva. Lágrimas cada um tem as suas. Não precisamos de estímulo para sofrer. E chorar”.

Nem me passou pela cabeça que alguém pudesse depreender das minhas palavras que sou contra a solidariedade humana. E até agora acho que quem assim concluiu agiu de má fé. Numa frase com nove palavras, tirou a que não lhe interessava ler: exibição.

O que me revolta e sempre me revoltou e sempre me revoltará é o espetáculo do amor ao próximo que dura até o próximo acidente ou escândalo. Depois, volta tudo à estaca zero.

Por isso a palavra exibição.

Também em nenhum momento associei exibição à dona Dilma, até porque acho que ela cumpriu suas obrigações de chefe de Estado muito direitinho: tomou todas as providências necessárias, inclusive a antecipação do regresso.

Quanto a chorar, bem, nunca pensei que a presidente do Brasil fosse de plástico ou de mármore. É de carne e osso, é mulher, é mãe, é avó, é filha. Impossível entrar naquele galpão e não chorar muito.

Outra observação inacreditável foi a reação virulenta, brutal, contra a charge do Caruso. Pensei que fosse pelo fato de associarem o Chico às gargalhadas que ele, com seu talento, sempre provoca com suas charges de pura sátira.

Mas, de repente, me ocorreu que talvez eu estivesse sendo injusta. Vai ver a maioria das pessoas não sabia que charge não é sinônimo de piada.

A professora que nunca saiu de mim resolveu explicar: Charge é galicismo e significa crítica, sátira, cópia caricaturizada, por vezes ultrajada, de uma situação impactante.

Qual o quê… A tal mistura letal foi mais forte que tudo e eis uma das respostas que recebi:

“Maria Helena Rubinato, só há uma palavra pra defini-la: Anta”.

Já relevei. O leitor é petista. A eles devemos perdoar tudo. Seu caminho está escorregadio, espinhoso e cheio de precipícios.

Hoje, a coalizão que nos governa, encabeçada pelo douto PT, elege duas figuras de proa para as presidências do Senado e da Câmara. Calheiros & Alves, uma dupla que já vem com o arco e as flechas apontando para o coração do Legislativo.

E eu é que sou uma anta?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 1º/2/2013.

5 Comentários para “Quantas palavras são necessárias para um bom entendimento?”

  1. Maria Helena, querida, adorei seu artigo desta semana e botei no ar.
    Por uma fantástica coincidência, a Veja de hoje, capa com a tragédia de Santa Maria, traz artigo do Cláudio de Moura e Castro que começa assim:
    “Há os que não conseguem decifrar a língua escrita, são os analfabetos. Outros entendem apenas textos simples, são os analfabetos funcionais. Falarei do que chamo de analfabeto emocional. É aquele que sabe ler, mas é presa das emoções para entender o rtexto, em vez de usar a razão. Faz uma leitura ‘criativa’, embalada pelo sentimento e pela paixão. Decifra o texto por via de uma reação pura e espontânea, ignorando os estreitamentos de significado, impostos pelo sentido rigoroso das palavras escritas.”
    Falou e disse! Maria Helena, os petistas são analfabetos emocionais!
    Um grande abraço.
    Sérgio

  2. Maria Helena não me parece ANTA mas também não me parece SANTA. Nem todo petista é analfabeto emocional. Com relação as tragédias, tem razão o Sandro Vaia, somos os culpados.

  3. Miltinho, pode até haver petista que não seja analfabeto emocional. Se você conhecer algum, por favor nos apresente.
    Agora, que também há ex-petistas analfabetos emocionais, lá isso há…
    Abraços reacionários.
    Sérgio

  4. A verdade verdadeira dos fatos, meu querido amigo Milton, é que o PT, a petralhada, transformou o Brasil em um Fla-Flu.
    Dividiu o país entre “nós” e “eles”.
    Num Fla-Flu, não cabe inteligência, argumento – só emoção e certezas pré-existentes.
    Somos todos analfabetos emocionais, agora!
    “Eles”, os petistas e afins, “nós”, os que detestamos tudo o que eles defendem, e até “vocês”, os ex-petistas meio arrependidos mas que às vezes parecem que não se arrependeram jamais.
    Sérgio

  5. Não me arrependi,o meu PT tem outros sonhos e idéias, bastante diferentes dos “petralhas ptraidores”.
    O assalto PRESENTE da nação tem PASSADO, resistirá ao FUTURO?
    Somos reacionários, uns FLA, outros FLU.

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