Um dia antes de fazer oito meses, Marina falou “mamã”.
Quando minha filha me contou, perguntei se ela não iria dizer isso para os amigos em um post no Facebook. E ela: “Eu não. Ninguém iria acreditar!”
Verdade. Alguém poderia dizer, como eu disse ao ler as histórias fantásticas contadas por Roger Vadim na sua autobiografia Bardot, Deneuve, Fonda: “Truco!”
Ou então, usando aquela piada dos tempos do ginásio: se eu mostrar minha carteira de estudante, dá pra sua história ficar pela metade?
Já contei aqui o caso de um amigo que dizia para nós que a filha, aos três anos de idade, sabia reconhecer um concerto de Vivaldi, um quadro de Renoir. Não me lembro bem, mas é bastante possível que ele tenha nos contado também que, aos três anos, sua filha curtia especialmente os poemas concretistas dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos.
Dona Lúcia, minha sogra, fez uma piadinha gostosa, quando Marina estava com 15 dias de idade. Adaptou de uma história que tinha lido, e mandou pra nós:
Aconteceu num apartamento no bairro das Perdizes, em São Paulo.
Os anfitriões convidaram o casal Bêla e sua Bêlinha para assistirem a um filminho. Durante a sessão, o anfitrião se espanta ao ver que a filhinha do casal, de apenas 15 dias, começa a rir de uma cena.
– Carlos, o que é isso? A Marina está rindo do filme?
– Também estou estranhando. Ela detestou o livro!
Pois é. Minha filha tem razão: ninguém vai acreditar. E pode virar piada.
A própria Fernanda achou difícil acreditar.
No entanto, um dia antes de fazer oito meses, Marina falou “mamã”.
***
Foi a primeira vez que Marina saiu para uma happy hour (na foto acima, quando estava prontinha para sair).
Por volta das 19h30 de ontem, Fê e Marina foram se encontrar, na Charmosa, com Carlos mais Dani, Sarah e Nina. Ficaram lá até quase 21h. Marina, no carrinho, esteve tranqüila até quase o final.
Menina tranqüila. Já tinha recebido a visita do avô e da Andrea (na foto) mais cedo: estivemos lá uma hora, no final da tarde. Marina estava sorridente – e falante. Está na fase de exercitar as cordas vocais e os pulmões. Aaaaaaaaaaah! Eeeeeeeeh!
Saímos de lá pouco depois das 6 da tarde, no momento em que Marina começava a ser servida de um prato do tamanho desses de caminhoneiros de uma papinha de legumes e carne.
Então, mais tarde, depois de quase uma hora e meia tranqüila na Charmosa com pai, mãe, os tios e a irmãzinha de coração, chorou um pouquinho, que ninguém é de ferro.
Mesmo assim, para o caminho de volta para casa – uma quadra e meia –, Fê a colocou no carrinho. O início do percurso foi tudo bem, mas depois ela olhou para a mãe, que caminhava a seu lado, o carrinho sendo empurrado pelo pai, e começou a chorar. Fê conta que não a pegou no colo de imediato. Continuou andando ao lado dela.
– Ela então olhou pra mim e falou “mamã”. Peguei no colo na hora, né?
***
Fernanda é pessoa pouco afeita a mentiras – mesmo as pequeninas, que a rigor não fazem mal a ninguém. Essa é uma das muitas características de minha filha que me fazem adorá-la mais a cada dia. Quando nos contou a história, fez questão de dizer que o Carlos também ouviu a palavra “mamã” e ficou bobo.
E a verdade exata dos fatos é que, durante nossa visita no finalzinho da tarde, eu acredito ter ouvido Marina dizer algo que me pareceu “mã”. Andrea confirmou que também ouviu.
Não se sabe, é claro, se Marina já aprendeu de fato a dizer “mamã”. Pode demorar até ela voltar a falar a palavra.
Mas que falou, falou.
Ainda não nos disse se prefere Vivaldi, Bach ou Beatles. Augusto de Campos ou Drummond.
Mas que falou “mamã”, falou.
15 de novembro de 2013
Eu acredito, espero o texto de quando ela pronunciar, muito inteligentemente, bobô…
Linda Marina, não sei porque só agora tive acesso as fotos.
Antes os fatos depois as fotos falha do editor.
Eu também acredito, Miltinho. Mas acho que em vez de bobô, na próxima a Marina vai pronunciar babão.
Marina, Você está muito elegante! E chique. Gostei de te ver. E parabéns, mamã é uma linda palavra!
Uma beijoca da tia Lenita