Um adeus perdido

Não me lembrava, de jeito nenhum, de ter escrito um texto sobre a obra de Nara Leão para o Jornal da Tarde no dia em que ela morreu.

Não constava da relação que fui fazendo dos meus textos sobre música para o jornal. A relação tem textos entre 1980 e 1984, o ano em que saí do JT para a revista Afinal. Em 1989, o ano da morte de Nara, eu estava de volta à S.A. O Estado, mas trabalhando na Agência Estado.

Encontrei as três laudas nas quais escrevi o texto ao mexer em papelada para jogar coisas fora. Numa pasta com material sobre Nara, achei também a página do JT com a reportagem sobre a morte dela e, no pé, esse texto. Puxando agora pela memória, imagino que deve ter sido Anélio Barreto, na época de volta ao JT, creio que como redator-chefe, nessa época, que tenha tido a idéia de me encomendar um texto auxiliar, um boxe, falando da obra da cantora.

Não é lá um texto marcante, importante. Mas, como deve ter sido escrito às pressas, no dia da morte, 7 de junho, uma quarta-feira, numa época pré-internet, pré-Google, e portanto praticamente de cabeça, de memória, também não é lá ruim. Embora, pensando bem, o texto não deva ter sido escrito na redação, porque reproduz ipsis literis declaração de Nara; devo provavelmente ter escrito em casa, depois de consultar meus papéis, e então passado para o jornal pela cabine, como chamávamos – por telefone. É, deve ter sido isso.

Faz tempo que não publico aqui meus textos antigos, feitos para o jornal, ou para a Agência, ou para alguma revista, como free-lancer, frila.

Quando inventei o 50 Anos de Textos, escrevi na Apresentação: Este site foi criado no final de novembro de 2009 para reunir alguns textos que escrevi ao longo da vida. Agrupa também textos de amigos meus. E, já que o espaço existe, vou colocar aqui o que me der na telha escrever de agora em diante – queixas, reclamações, comentários, pau no que acho absurdo.

Os textos dos amigos estão aí, praticamente um novo a cada dia. Queixas, reclamações, comentários, pau no que acho absurdo é o que não falta – até porque vivemos tempos absurdos.

Andam faltando é meus velhos textos.

Meus amigos petistas bem que gostariam de ver mais MPB e menos pau no lulo-petismo.

Isto é: se é que sobrou algum. Muitos bons amigos petistas hoje são ex-petistas, graças a Deus e à inteligência deles. E, dos que se mantiveram petistas, pouquíssimos continuaram amigos – e estes não passam perto do 50 Anos de Textos, e estão certos: por que passariam?

Mas bem que eu deveria voltar a publicar meus textos antigos. Gosto deles.

16 de julho de 2012

Imperdível: o site de Nara Leão, feito por sua filha Isabel.

 

2 Comentários para “Um adeus perdido”

  1. Sérgio Vaz. Bem que você deveria voltar a publicar seus textos antigos, gostamos deles.

  2. É isso aí Valdir, gostamos dos textos do Sérgio. Pena que virou compilador e destilador do ódio antilulopetismo. Que bom ler velhos textos sensíveis como a Nara. Bom ler sobre o furto do seu IPod e a viagem com a Fernanda. Mais doce, sensível e humano!
    Grande retorno, mais 50 anos!

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