Ninguém é obrigado a gostar de um filme. Por melhor, mais badalado, mais endeusado que ele seja.
Isso deveria ser um artigo na Declaração Internacional dos Direitos do Homem.
Artigo 43º – Ninguém é obrigado a gostar de um filme.
Hum… Seria mais abrangente se fosse “qualquer obra de arte”. Afinal, ninguém é obrigado a gostar de Picasso, ou de Saramago, ou de Rodrigo Pederneiras, ou de John Cage. Ou de quem quer que seja.
Mas a idéia que me ocorreu hoje foi que ninguém é obrigado a gostar de um filme.
E ela me ocorreu porque meu amigo Melchíades Cunha Júnior postou no Facebook que não tinha aguentado ver Intocáveis, de Olivier Nakache e Eric Toledano, com o ótimo François Cluzet interpretando um milionário tetraplégico arquipentelho e Omar Sy como o seu novo cuidador.
Melchíades fez a afirmação já se defendendo do pau que sabia que iria levar dos 432 mil fãs de carteirinha de Intocáveis. Na defensiva. Quase envergonhadamente, quase pedindo desculpas.
E aí me ocorreu que deveria constar da Declaração Internacional dos Direitos do Homem a cláusula pétrea que garante a todos os seres humanos o direito de não gostar de um filme.
Poderia até ter um inciso: Ninguém é obrigado a continuar gostando de um filme.
Eu exibiria esse inciso como minha garantia de ter o direito de não querer rever nenhum Gláuber Rocha e nenhum Godard.
5 de outubro de 2012
Nota do administrador:
Fiz lá no FB um comentário sobre o post do Melchíades.
Depois fiquei pensando que era um comentariozinho que mereceria estar no 50 Anos de Textos.
Até para agradar ao meu amigo Miltinho, e ver se ele pára de me encher o saco a cada vez que eu boto aqui um texto de pau no lulo-petismo.
Claro que não é só por isso. Claro que a frase acima é uma brincadeira. Embora tenha sua parte verdade.
O fato é que seria legal poder botar aqui textinhos curtos, de vez em quando, sempre que me desse na telha. Por que não? O site é meu e faço com ele o que bem entender.
Então estou lançando uma nova tag, à qual não sei ainda que nome dar. Micróbios, talvez. Micrinhos. Curtos. Curto. Curtinhos. Pequetitos.
Se continuar gostando da idéia, prossigo. Se não, paro, e pronto.
Alô, amigos co-autores: vamos nessa?
Muitíssimo apoiado!
Um direito absolutamente inalienável!
Merece publicar sim senhor editor. A vontade [e sua: e por isto me bato e recebo sua justificada ira. Continue neste caminho. Entretanto, cada macaco no seu galho. Respeito a opinião do Melchiades quanto aos Intocáveis. mas neste caso voto com o relator Sérgio que não conhece nada de economia mas muito de cinema, música e textos. De resto frase acima é altamente elucidativa: “O site é meu e faço com ele o que bem entender”.