Más notícias do país de Dilma (extra)

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) José Antônio Dias Toffoli não compareceu a quatro sessões da corte para ir ao casamento do advogado criminalista Roberto Podval, na ilha de Capri, sul da Itália, mostrou reportagem da Folha de S. Paulo, em 23/7/2011. Podval é advogado em processos que estão para ser julgados no STF, alguns deles relatados pelo próprio Toffoli.

Por mais que seja óbvio que Toffoli não tem condições de julgar casos defendidos por um advogado que é tão próximo dele a ponto de fazê-lo se ausentar do STF durante quatro dias, para que compareça a seu casamento, o ministro, na maior cara de pau, informou na sexta, 24/7, através de sua assessoria, “que não vai abrir mão de relatar esses casos nos quais Podval é advogado”.

Como diz Carlos Alberto Sardenberg, em artigo no Globo desta quinta-feira, 28/7:

“Em nome da ética, da prudência e da necessidade de manter a aparência da coisa certa, o ministro deveria: ou não aceitar a cortesia ou não julgar os processos do noivo. Certo? Errado, disse o ministro, explicando que ninguém tem nada a ver com sua vida privada e que não é amigo íntimo do advogado, podendo, pois, julgar seus casos. Já Podval disse que são amigos há muitos anos e que é um absurdo imaginar que Toffoli dê uma sentença favorável por causa de dois dias grátis em Capri.”

“Quando os dois envolvidos na história dizem que ‘não tem nada demais’, mostram não perceber a dimensão do serviço público.”

Um ministro que não tem noção das coisas

Temos na mais alta corte da Justiça brasileira um ministro que não tem noção das coisas. Como diz Dora Kramer, em artigo no Estadão desta mesma quinta, 28/7:

“O ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Toffoli silencia sobre a ida dele ao casamento do criminalista Roberto Podval na Itália, com despesas de hotel pagas pelo noivo, mas não deveria. Aliás, nem poderia se o Judiciário precisasse de fato prestar contas a alguma instância eficaz de controle. Podval não é um amigo como qualquer outro, como quer fazer crer Toffoli ao se recusar a dar satisfação de seus atos. Podval é um advogado que atua junto ao Supremo e isso marca toda a diferença entre o público e o privado. Preceito constitucional que integrantes da corte têm – ou deveriam ter – o dever de resguardar.”

Folha de serviços prestados ao PT, o passaporte para o STF. E ele vai julgar o mensalão!

Esse caso é um escândalo grave, gravíssimo, até mesmo para um país que vive há oito anos e meio mergulhado em escândalos graves. Mas alguém poderia argumentar que isso não tem nada a ver com o governo, com Dilma, com o PT.

Ah, mas tem, sim, tudo a ver com o governo Dilma, que é continuidade do governo do presidente que botou Toffoli no STF.

Toffoli trabalhou de 1995 até 2000 como assessor parlamentar da liderança do PT na Câmara dos Deputados. Foi advogado do PT nas campanhas de Lula em 1998, 2002 e 2006 e exerceu o cargo de subchefe para Assuntos Jurídicos da Casa Civil de 2003 a 2005 durante a gestão de José Dirceu. Em 2007, a convite de Lula, assumiu a Advocacia-Geral da União. Graças a essa folha de serviços prestados, foi o escolhido por Lula para a vaga no STF.

O ministro dizer que não tem nada demais é só uma prova do esgarçamento moral que o lulo-petismo promoveu neste país.

E o que é ainda pior: esse ministro que acha que não tem nada demais relatar e votar casos defendidos pelo seu amigo que lhe pagou estadia na ilha de Capri entende que tem condições morais de votar no processo do mensalão!

No país governado pelo lulo-petismo é assim: ao ser flagrada tomando conta do galinheiro, a raposa, indignada, afirma que não abandonará as galinhas dos ovos de ouro.

28 de julho de 2011

5 Comentários para “Más notícias do país de Dilma (extra)”

  1. Você precisa se informar melhor. O Toffoli não o único ministro que se relaciona com advogados ilustres, mas pelo fato de ter proximidade com o PT a imprensa cai de pau. Quero ver Sardemberg e Kramer falar o mesmo de Gilmar Mendes. Leia mais a respeito.

  2. Ah, a velha desculpa de sempre: os outros fazem, por que não podemos fazer também?
    Mas o PT não era diferente de tudo o que estava aí? Não era o guardião da ética?

  3. Excelente texto, caríssimo Sérgio!! Sei de alguns detalhes sobre os dois envolvidos no episório (ministro e advogado criminalista). Você e Mary são um dos principais redutos do espírito crítico, que precisa, pode e deve ser usado, sem esmorecimento, contra o malfadado lulo-petismo. Uma das etapas importantes será lutar por um bom nome nas eleições para prefeito de São Paulo.

  4. Sergio, excelente texto, parabéns!
    Estou de ferias na europa, no momento em Berlim, mas não deixo de acompanhar o blog.
    Abraço,

  5. Olá,Rafael! Fico até meio metido com seu comentário…
    Mas não faça isso: aproveite que você está fora e fique estes dias sem ler notícias do Brasil, pra descansar um pouco de tanta sujeira, tanta falta de vergonha…
    Um abraço.
    Sérgio

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