Capitalismo e Socialismo.
Primeiro movimento: nem alegre nem triste.
Os idiotas de cá e os de lá já repetiram à exaustão seus argumentos que atacam e defendem e as palavras são as mesmas mas não as intenções.
Segundo movimento: quase um minueto.
Quando ruiu o império soviético, levantaram-se os coros de alegria enfurecida: ruiu o socialismo! socialismo já era! E o locutor da TV repete quase babando de prazer embriagado, ruiu, o socialismo já era. Senhores!, a união soviética plasmou-se como um projeto socialista mas virou uma ditadura! Quando caíram Salazar e Franco e os coronéis gregos (de direita!, pois sim?) e as ditaduras latino-americanas (anticomunistas!, pois não?), alguém veio bradar em praça pública que capitalismo já era, ruiu o capitalismo?
Terceiro movimento: andante, talvez parando.
Para que uma nação seja capitalista, a sério!, a profundo!, é preciso que seus habitantes sejam mesquinhos, egoístas, individualistas, insensíveis, vaidosos, até meio burros, uma matilha de bichos ferozes a defender, não princípios éticos, mas o luxo e o excesso e a gordura e a preguiça e não estou querendo mencionar invasões e assassinatos e holocaustos porque já as sociedades agrárias abusavam destes privilégios.
Para que uma nação seja socialista, a sério!, a profundo!, é preciso que seus habitantes sejam apenas solidários, respeitosos e altruístas; até meio burros, se for o caso, desde que se preocupem com o bem comum.
Quarto movimento: patético.
O capitalismo compreende um rebanho muito grande, poucos donos (cada vez mais escondidos) e algumas obedientes e bem armadas patrulhas de cachorros sofistas. Armadas e armadas e armadas.
E você, socialismo!, temo que não seríamos capazes de te sustentar por muito tempo, nós, os humanos, que talvez não passemos de bichos mesquinhos, egoístas, individualistas, insensíveis, vaidosos, irracionais. Como teria sido o Chile de Allende?, se o povo americano (é uma democracia!, pois não? portanto, o povo americano!)…
Finale: ou somos capazes de nos superar ou o mundo vai explodir num pesadelo.
A Espécie Humana, romance de Jorge Teles, está sendo publicado em capítulos.
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