Não é que a China seja uma santinha, como também não são o Japão, o resto da Ásia, a Europa, a Oceania, a África, a América Latina etc. Ninguém é santo no mundo, nem mesmo o Vaticano. Os EUA não são nem nunca foram. Mas a questão está longe de ser religiosa ou de justiça, como acha mister Trump. A questão é a “economia, estúpido” — como diria um estrategista de campanha de um presidente norte-americano tanto tempo atrás que já me esqueci quem foi. Continue lendo “Anjos e demônios”
Anistia não é a agenda do país
Grandes jornadas, como a luta pela anistia nos tempos da ditadura militar, as Diretas Já, o “Fora Collor” e o impeachment de Dilma Roussef, se afirmaram porque, além de encher as ruas, conquistaram os corações e mentes dos brasileiros. Em outras palavras, galvanizaram a opinião pública e se tornaram uma causa nacional como parte importante de sua agenda política. Esses requisitos não estão presentes na atual campanha pela anistia aos presos por participar da intentona bolsonarista do 8 de janeiro de 2023 e que resultou numa chocante depredação do patrimônio público. Continue lendo “Anistia não é a agenda do país”
O gado e a mula
O gado que foi para a frente do Masp no domingo, em São Paulo, capitaneado pelo Malafaia e o Inominável inelegível, cometeu um erro infantil: em vez de adular o presidente da Câmara, Hugo Motta — de quem dependem para levar adiante o projeto de impunidade aos golpistas de 8/1 —, desceu o cacete nele. Continue lendo “O gado e a mula”
O Lula liberal e o antipatriota Bolsonaro
Enquanto a economia mundial entrava em colapso com o tarifaço de Donald Trump, que, em um misto de insanidade, maldade e capricho, enterrou o modelo de produção global que consolidou os Estados Unidos como a maior potência do planeta, a sintonia política do Brasil era outra. Ou melhor, mantinha-se a mesma que há tempos expõe o digladio barato entre pólos raivosos, impondo a escolha entre o ruim e o menos pior. Continue lendo “O Lula liberal e o antipatriota Bolsonaro”
Nas últimas
O dia que o Trump chamou de Libertação, ocorrido esta semana com o tarifaço, é na verdade o Dia da Perdição. Isso para mim, que escrevo estas mal traçadas sem nenhuma esperança de influir no resultado do jogo. Já para a revista britânica The Economist em sua última edição, saída hoje, é simplesmente o Dia da Ruína. Continue lendo “Nas últimas”
As Arcadas e o dever de preservar o pluralismo
A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, com sua história bicentenária, sempre se apresentou como bastião da liberdade, espaço do pensamento crítico e da convivência entre diferentes ideias. Foi ali que se redigiram cartas em defesa do Estado Democrático de Direito e ecoaram vozes contra o arbítrio em diferentes momentos da vida nacional. As Arcadas, como são conhecidas, cultivaram ao longo do tempo uma reputação de pluralismo e civilidade intelectual. Continue lendo “As Arcadas e o dever de preservar o pluralismo”
O bom combate
O impasse provocado por Bolsonaro
A direita pode se dividir em diversas candidaturas na próxima disputa presidencial. Não que lhe falte alguém com potencial de aglutinar o seu campo e de dialogar com o eleitorado do centro. Todas as análises convergem para o nome de Tarcísio de Freitas como o único com esse poder de aglutinação e de ampliação. Essa possibilidade esbarra na obstinação de Jair Bolsonaro de repetir a estratégia de Lula de 2018, mantendo sua candidatura até a undécima hora, quando o Tribunal Superior Eleitoral negar o seu registro. Continue lendo “O impasse provocado por Bolsonaro”
O golpe vitorioso de Maduro
Diz-se que o Brasil é um país sem memória, o que facilita a reincidência de eventos danosos na política e na economia. Populismo, tentativa de golpe, corrupção e arrepios fiscais estão aí para provar a tese. Mas a amnésia está longe de ser um fenômeno verde-amarelo – é global. A ponto de o mundo aceitar governos déspotas como o da Hungria de Viktor Orbán e da Turquia de Tayyip Erdoğan, ou a tímida reação à tomada da Criméia por Vladimir Putin, em 2014, ensaio para a absurda invasão da Ucrânia. Continue lendo “O golpe vitorioso de Maduro”
Viajando
Mudando de assunto, uma vez fiz com meu amigo Fernando Portela e outros jornalistas convidados, entre eles o José Carlos Cafundó, uma viagem à Itália a convite da Fiat para conhecermos a fábrica mais moderna da montadora, localizada em Malfi, uma região de campos verdes sem fim, a caminho do sul italiano. Continue lendo “Viajando”
Hipóteses
“Discutir hipótese não é crime”, define o jurista Inelegível, referindo-se à minuta golpista que apresentou aos seus ministros militares, no começo de dezembro de 2022, após chorar copiosamente a derrota eleitoral por um mês inteiro no banheiro do Palácio da Alvorada. Continue lendo “Hipóteses”
Unanimidade
A mão pesada do STF
O 8 de Janeiro não foi um simples ato de vandalismo. Tudo indica que fez parte de um plano orquestrado, no qual a invasão das sedes dos três Poderes buscava instaurar um clima de caos que justificasse uma intervenção das Forças Armadas. A necessidade de punir os envolvidos não está em debate — o que se exige é que isso ocorra com razoabilidade, proporcionalidade das penas, individualização das condutas e pleno respeito ao direito de defesa. Continue lendo “A mão pesada do STF”
Nas barras do Tribunal
Tentativas de golpe de estado e de abolição violenta do estado democrático de direito são dois crimes diferentes. O primeiro refere-se à derrubada de um governo legitimamente constituído; o segundo, aos atos de impedir ou comprometer o funcionamento dos três Poderes da República mediante violência. Continue lendo “Nas barras do Tribunal”
Desmiolada criatura
Quem quer a liberdade de cometer crimes e não ser incomodado pelo Judiciário e a polícia, das duas uma: ou é bandido ou é psicopata — que pode ser tão perigoso quanto o primeiro. Continue lendo “Desmiolada criatura”