Entre a “mexicanização” e a “bukelização” do Brasil

A ação no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, revelou o ponto a que o Brasil chegou em sua crise de segurança pública. A operação foi aprovada pela maioria da população — especialmente os que vivem em áreas nas quais o crime organizado explora as pessoas, viola direitos humanos e instala sua ditadura por meio da violência. Vinte e oito milhões de brasileiros — 19% da população — vivem nesta situação, à margem do Estado Democrático de Direito. Continue lendo “Entre a “mexicanização” e a “bukelização” do Brasil”

Facções eleitorais

Quase todo brasileiro é técnico de futebol. Há outras expertises nacionais. Somos curandeiros de plantão, com dicas medicinais infalíveis, experts em moralismos baratos, imbatíveis nos pitacos para levar vantagem em tudo. Desde a terça-feira passada, nos tornamos peritos em segurança pública, detentores de respostas precisas para salvar os milhões de cidadãos reféns de facções e milícias. Tudo a revelar que ninguém sabe, de fato, o que fazer para enfrentar o crime cada vez mais organizado. Continue lendo “Facções eleitorais”

Guerra

A direita brasileira estava moribunda depois da aproximação entre Lula e Trump, quando de repente um governador obscuro de um Estado decadente descobre que a melhor maneira de ressuscitar a moribunda era fazer uma matança. Continue lendo “Guerra”

Lula aposta no “nós contra eles”

Lula prepara a reeleição com uma roupagem completamente diferente da usada há quatro anos quando adotou o discurso da Frente Ampla. O discurso da moderação e da defesa da democracia foi sua peça de resistência. Graças a ele, Lula se elegeu presidente com uma diferença estreitíssima de votos. O fiel da balança foram os votos do eleitorado de centro, refratário ao radicalismo de Bolsonaro. Continue lendo “Lula aposta no “nós contra eles””

No Ringue

Despeito é uma palavra rica de significados na língua portuguesa. Tem sinônimos para todos os gostos. Desgosto, ressentimento, desfeita, mágoa, desconsideração, humilhação, depauperação, descompensação, decepção e por aí vai.  Continue lendo “No Ringue”

Um tripé diabólico

Em raro mea culpa por um erro cometido, o presidente Lula acertou ao corrigir a absurda fala de que “traficantes são vítimas de usuários”, dita durante entrevista em Jacarta. O que ele  pretendia era expor uma obviedade: não há traficante sem consumidor. O resto é buchicho de rede social. Com menor repercussão, a derrapada de admitir sem meias palavras que governa só pensando em se reeleger foi mais séria – e sem qualquer retificação -, contribuindo para a normalização do déficit moral que o país vivencia há tempos.   Continue lendo “Um tripé diabólico”

Correios: um colapso anunciado

Houve um tempo em que os Correios eram sinônimo de integração nacional, quando a estatal desempenhava papel estratégico ao garantir a universalidade do serviço postal. Mas isso pertence a uma era que já pode ser considerada como a pré-história das comunicações a pré-história das comunicações, quando telegramas, cartas e remessas eram a principal forma de contato entre as pessoas. Hoje, a estatal vive uma crise agônica, acumulando déficits ano após ano. Continue lendo “Correios: um colapso anunciado”

O risco Venezuela

O estado de guerra aberto pelo presidente Donald Trump contra a Venezuela de Nicolás Maduro – mais de 10 mil soldados, oito navios, uma dezena de aviões-caça e até submarino nuclear no mar do Caribe – não se limita a exibir força e pressionar o “inimigo”. A maioria dos analistas aponta que os movimentos visam a estimular a cizânia interna para derrubar Maduro e aumentar o poderio americano no país que abriga uma das maiores reservas de petróleo do planeta. Ninguém acredita na balela de combate ao narcotráfico. Seja como for, a escalada do conflito é perigo à vista para o Brasil, que terá de pisar em ovos para não azedar a “química” Trump-Lula. Continue lendo “O risco Venezuela”

A esquerda e o Prêmio Nobel da Paz

A escolha de María Corina Machado para o Nobel da Paz de 2025 tem um grande significado. Cassada, perseguida e banida da vida política pelo regime de Nicolás Maduro, a líder venezuelana representa a persistência da luta democrática em condições extremas. Sua indicação rompeu o silêncio internacional em torno da repressão na Venezuela — um silêncio muitas vezes alimentado por alianças ideológicas e conveniências diplomáticas. Continue lendo “A esquerda e o Prêmio Nobel da Paz”

Paz?

Paz sem garantias e assinatura das partes em conflito não é paz. É um arranjo para dar a aparência de cessar fogo, que pode acabar a qualquer momento ou desarranjo entre as partes.  Continue lendo “Paz?”

O voto dos rejeitores

Divulgada na semana passada, a 18ª rodada da pesquisa Genial/Quaest coroou um período de boas notícias para o governo. Apontou a recuperação da popularidade do presidente Lula e a consolidação de sua vantagem frente a qualquer um dos pré-candidatos à Presidência da República. Números ainda mais significativos vieram em outra coluna pouco badalada: a da rejeição. Lula foi o único entre os nove postulantes que reduziu o percentual dos eleitores que o conhecem e não votariam nele. Continue lendo “O voto dos rejeitores”

Oriente Médio: uma nova chance para a paz

Há 30 anos, a paz batia à porta de israelenses e palestinos com a conclusão do Acordo de Oslo, fruto de negociações conduzidas secretamente na Noruega. Para a história, ficou a imagem do aperto de mão entre Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina, e Yitzhak Rabin, primeiro-ministro de Israel, nos jardins da Casa Branca, sob o olhar de Bill Clinton. Os dois seriam agraciados com o Prêmio Nobel da Paz de 1994 como símbolos de uma reconciliação. Continue lendo “Oriente Médio: uma nova chance para a paz”

Amores

Depois do namorico telefônico de meia hora de Mr. Trump e Luiz Inácio, com juras de amor de parte a parte e promessas de se encontrarem em algum lugar do mundo para um tête-a-tête, não sei se vai ficar bolsonarista assobiando contente por aqui ou nos States. Continue lendo “Amores”

Água não vira vinho

Água não vira vinho. Portanto, embora a Câmara dos Deputados tenha aprovado por elogiável unanimidade o popular projeto do governo Lula de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a índole da Casa legislativa é mais próxima daquela que votou majoritariamente na obscena PEC da Blindagem. E novas traquinagens estão previstas já para os próximos dias, tais como a retomada da proposta de anistia a golpistas e até perdão antecipado para o filho do ex, deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que continua nos Estados Unidos conspirando contra o Brasil. Continue lendo “Água não vira vinho”

A isenção

Hoje, 2 de outubro de 2025, é dia de festa e não quero estragar a alegria de ninguém. A aprovação, por unanimidade na Câmara Federal, da isenção do imposto de renda para os salários até R$ 5.000,00 — com um bom desconto para o intervalo até R$ 7.350,00 — é um feito histórico que se deve ao presidente Lula, ao ministro Haddad e (argh) ao mesmo Congresso que quase aprovou a PEC da Bandidagem e ainda não mandou para a lixeira o indecoroso projeto de lei da anistia aos golpistas. Continue lendo “A isenção”