Gente indigesta

Alçado ao cargo maior da República depois dos escândalos de corrupção que destroçaram o PT, do acirramento das crises política e econômica – aprofundadas pela incompetência e soberba de Dilma Rousseff -, e pela pressão das ruas, o presidente Michel Temer só tinha duas alternativas: acertar ou acertar. Nos rumos da economia e na moralidade com a coisa pública. Mas não se cansa de errar: ainda patina no ajuste das contas e esborrachou-se de vez no plano ético. Continue lendo “Gente indigesta”

Lei demais em um país sem lei

Para coibir safadezas com o dinheiro público, o Brasil precisa de leis específicas e rigorosas. Essa foi a inspiração do Ministério Público Federal ao propor as 10 medidas contra a corrupção, que, seguramente, serão desfiguradas no cabo de guerra em que se tornou a apreciação da matéria na Câmara. Tanto ali quanto no Senado, todos defendem, da boca para fora, as investigações da Lava Jato e adjacentes. Mas no confronto com a realidade tudo muda de figura. E uma lei a mais pode ser a salvação de quem quer fugir da lei. Continue lendo “Lei demais em um país sem lei”

Justiça boa é Justiça justa

Tema polêmico, que divide o mundo jurídico, a prisão de réus condenados em segunda instância antes de esgotados os recursos nos tribunais superiores foi confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na noite da última quinta-feira. Passa, portanto, a valer para todos os tipos de processo em todo o país. A decisão mexe profundamente com o Judiciário: dá mais poder e responsabilidade aos tribunais de Justiça e aos tribunais federais regionais, mina a indústria de recursos e, consequentemente, confere maior celeridade à Justiça.  Continue lendo “Justiça boa é Justiça justa”

A arte de enganar os pobres

Sem ter conseguido seduzir com o discurso do “golpe”, o PT – maior derrotado nas urnas municipais — tateia em busca de motes para reaglutinar a sua turma. Atira para todos os cantos e, com insistência e determinação, atinge o próprio pé, gangrenando o pouco que restava da biografia do partido e de seus líderes.  Continue lendo “A arte de enganar os pobres”

Vote no vice

Com nomes escondidos em letras pequenas, em alguns casos ilegíveis, os candidatos a vice são quase sempre figuras apagadas nas campanhas. Raros são os eleitores que os conhecem ou se interessam por eles. Em um país onde tantos vices já assumiram a titularidade do cargo o erro é gravíssimo. Maior ainda quando se trata de eleições municipais, já que não são poucos os casos em que as negociações pressupõem o vice ocupar o cargo em definitivo daí a dois anos com a saída do titular para concorrer ao Congresso ou aos governos de Estado. Continue lendo “Vote no vice”

Erros em série

Depois de seu governo colecionar mais trapalhadas, desta vez nas idas e vindas sobre a necessária reforma no ensino médio, o presidente Michel Temer terminou a semana amargando o indigesto sabor da suspeição. E como na política o aliado de ontem esconde o algoz de amanhã, ele pode ter de responder por suposto pedido de propina para Gabriel Chalita, candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, hoje vice na chapa do petista Fernando Haddad, um dos animadores do “Fora Temer”. Continue lendo “Erros em série”

Rastros do crime

Corruptores e corruptos não registram seus negócios em cartório, não emitem recibos. Tentam não deixar vestígios. Buscam o crime perfeito. Mas quando as investigações de delitos se aproximam dos que se consideram incomuns e, portanto, autorizados a surfar acima da lei, não raro eles tropeçam em suas próprias pegadas. Tornam-se vítimas de seu auto-endeusamento. Continue lendo “Rastros do crime”

Sandálias de pescador

Em sua primeira semana como titular, o presidente Michel Temer venceu em diversas frentes: no plano externo, na Suprema Corte e no Senado. Mas continua encalacrado com a rejeição que inspira. E para enfrentá-la sua equipe comete o mesmo erro fatal da deposta ex: abusa da soberba. Continue lendo “Sandálias de pescador”

Supremo imbroglio

O país encerrou o mês de agosto com o afastamento definitivo de Dilma Rousseff e a posse do presidente Michel Temer, pondo fim a uma agonia de nove meses. Mas, diferentemente do dito popular, está longe de encerrar o desgosto.  Continue lendo “Supremo imbroglio”

Foi golpe

Cassada por 61 dos senadores, sete a mais do que Constituição determina, Dilma Rousseff não preside mais o Brasil. Tudo dentro dos conformes. Ou nem tanto. Por 36 votos foram mantidos os seus direitos políticos, possibilidade aberta por decisão mais do que polêmica do presidente da Suprema Corte, Ricardo Lewandowski. Algo digerível na política, acostumada a negociatas aqui e acolá, mas que causa espanto jurídico. E consequências nefastas. Continue lendo “Foi golpe”

A História descarta canastrões

Renan Calheiros acertou: o Senado virou um hospício. Não se trata mais de apreciar o impeachment de Dilma Rousseff, cujo placar foi antecipado pelos julgadores ao longo do processo e, com mais precisão, na sessão de pronúncia. Durante essa fase de julgamento, iniciada na quinta-feira, o que se quer é holofote e, se possível, escrever o nome na História. Nem que seja no rodapé. Continue lendo “A História descarta canastrões”

A melhor lição olímpica

O Brasil fez bonito. Atletas, organizadores, voluntários, público daqui e de todo o lugar do planeta. Um espetáculo de orgulhar até os mais ranzinzas. Mas em seu cotidiano o país está longe do espírito e das lições olímpicas. Digladia-se com o seu próprio sucesso, alimenta polêmicas inúteis. E não tem Engov capaz de refazê-lo da ressaca do dia seguinte, quando tudo voltará a ser como antes. Continue lendo “A melhor lição olímpica”

Somos todos cobaias

Diante dos jogos olímpicos no Rio, com mais de 300 horas de transmissão de TV por dia, novas delações no âmbito da Lava-Jato, também diárias, e proximidade do julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, a atenção para as eleições que acontecem daqui a exatos 49 dias é próxima de zero. O calendário chega atropelando o eleitor e os candidatos, cobaias da lei que reduziu o tempo de campanha, criou regras sem regulamentá-las e extinguiu o financiamento privado. Continue lendo “Somos todos cobaias”

A cartada que Dilma não dará

Em meados de junho, Dilma Rousseff fez chegar à imprensa a decisão de divulgar uma carta aos brasileiros, a exemplo do que fizera o ex Lula, com sucesso, em 2002. Junho acabou sem a missiva. Veio julho, nada. Agosto chegou e a tal carta, que pretendia ser o instrumento decisivo de defesa da presidente afastada, se tornou símbolo da discórdia entre os poucos aliados que ela ainda tem. Entre ela e o PT, entre ela e a realidade. Continue lendo “A cartada que Dilma não dará”

Lula culpa o Brasil

Fingir que não é com ele, mentir para livrar a sua cara e a sua pele são traços impressos na personalidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sempre foi assim. Desde os palanques de São Bernardo do Campo — quando recitava palavras de ordem óbvias diante da massa e de uma ditadura que lhe era dócil –, até à quase inacreditável petição contra o Estado brasileiro que impetrou, na quinta-feira, junto à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Uma alma narcisa que só pensa em si. Que xinga e elogia, soca e abraça por conveniência e só age na primeira pessoa. Continue lendo “Lula culpa o Brasil”