Nota: Esta última historinha vem trazer a minha coletânea um tema muitíssimo repetido na literatura popular: uma disputa com o Diabo. Este tema tem lá suas variantes mais nobres e cheias de filosofia, até o seu tanto de metafísica; os dois exemplos mais fantásticos são o Livro de Jó, do Velho Testamento e o Fausto de Goethe (1749-1832). Continue lendo “Conta outra, vó – A aposta com o diabo”
Conta outra, vó – O enigma
Nota: Historinhas em que o irmão mais novo, às vezes tido como bobo, leva a melhor, existem aos montes na literatura popular do mundo inteiro. Dentre as que eu conheço, a mais elaborada e mais poética é o maravilhoso relato bíblico da história de José. Continue lendo “Conta outra, vó – O enigma”
Conta outra, vó – A morta-viva
Nota: O sepultamento de pessoa ainda viva, tendo os sintomas de morta, sempre foi tema de narrativas terríveis. Allan Poe (1809-1849), como não podia deixar de ser, tem duas (Premature Burial e The fall of the House of Usher); na introdução da primeira, ele apresenta casos famosos em sua época. Numa novela cheia de emoções, Selma Lagerllöf (1858-1940) também narra a história de uma moça que acaba sendo resgatada do sepultamento (En herrgårdssägen -1899). Continue lendo “Conta outra, vó – A morta-viva”
Conta outra, vó – O padre
Nota: A segunda novela do Decameron de Boccacio (1313/1375), entre algumas outras, mostra a devassidão no comportamento dos religiosos católicos no século XIV. Parece que nem a contra-reforma conseguiu alterar a moral de muitos padres. Continue lendo “Conta outra, vó – O padre”
Conta outra, vó – O ladrão ladino (4) Origens
Nota: Conforme eu tinha dito na nota inicial deste conto, sua parte final sempre foi intrigante porque nunca encontrei uma variante em outro livro. Finalmente, há dois anos, achei uma narrativa que certamente é a sua origem. É o capítulo 121 do segundo livro da História, de Heródoto (480-425aC). Continue lendo “Conta outra, vó – O ladrão ladino (4) Origens”
Conta outra, vó – O ladrão ladino (3)
Durante algum tempo o moço não quis roubar o castelo. Tinha dinheiro pra viver e não precisava se arriscar. Aconteceu então que o dinheiro foi sumindo e um dia acabou. Continue lendo “Conta outra, vó – O ladrão ladino (3)”
Conta outra, vó – O ladrão ladino (2)
Um dia, o nosso ladrão descobriu que o dinheiro já estava no fim. Resolveu fazer algum roubo, de modo que não passassem necessidade. Resolveu roubar no castelo do rei. Foi no castelo e disse que queria ser guarda do rei. O capitão, vendo aquele moço forte e bonito, resolveu aceitá-lo e dali a algum tempo, ele estava servindo na sala do tesouro. Continue lendo “Conta outra, vó – O ladrão ladino (2)”
Conta outra, vó – O ladrão ladino (1)
Nota: Este interessantíssimo conto amoral que minha avó contou, certamente junta pedaços de diversas histórias. As três primeiras peripécias parecem sair das aventuras de um Pedro Malasartes ou um Till Eulenspiegel. Continue lendo “Conta outra, vó – O ladrão ladino (1)”
Conta outra, vó – A lenda do rei Midas
O rei Midas é conhecido por duas peripécias. Recebeu do deus Dionisio o direito de escolher um dom. Pediu o poder de transformar em ouro tudo que tocasse. No começo do dia isto o deixou feliz, porque transformava todos os objetos em peças de ouro. Continue lendo “Conta outra, vó – A lenda do rei Midas”
Conta outra, vó – O figo da figueira
Nota: Esta historinha parece pertencer ao folclore nacional. Lembro de tê-la lido diversas vezes, quase sempre em versão semelhante à de minha avó. No livro Histórias de tia Nastácia, de Monteiro Lobato, é a nona história. Nessa versão, são três as filhas que, ao serem desenterradas, voltam à vida, pois eram afilhadas de Nossa Senhora. Continue lendo “Conta outra, vó – O figo da figueira”
Conta outra, vó – O sapatinho
Nota: Há dois aspectos curiosos neste conto de minha avó. O primeiro é sobre suas variantes mais antigas; conheço duas, uma derivada da outra. A história do homem que faz uma aposta sobre a virtude de sua mulher aparece primeiro no Decameron de Boccaccio (1313-1375), na nona novela da segunda jornada. E serve de modelo para um dos episódios de uma tragédia romanceada de Shakespeare (1564/1616), Cimbelino. Continue lendo “Conta outra, vó – O sapatinho”
Conta outra, vó – A bosta da vaca
Nota: Eis aqui um exemplar da ética não explicitada de toda uma época. A pobreza é fonte de virtude, a fé possibilita o milagre e o mal sempre é punido. Bem-aventurados os simples. Continue lendo “Conta outra, vó – A bosta da vaca”
Conta outra, vó – As alminhas penadas
Nota: De todas as historinhas contadas por minha avó, esta é a única que narra um acontecimento vivido por ela. Registrei-a por sentir que ela tem uma carga folclórica, mas não acredito que o fato tenha acontecido. Continue lendo “Conta outra, vó – As alminhas penadas”
Conta outra, vó – O nariz de sua mãe
Nota: Ô historinha danada de terrorista! Minha vó a contava e recontava com a maior tranquilidade. Fazia parte do acervo de contos moralistas, com os quais os antigos educavam as crianças. Educação baseada no medo da porrada. Parece que nunca funcionou, a não ser para continuar uma triste herança de sadomasoquismo. Por outro lado, essa mãe, que não sabia o que fazer com o filho, é um exemplo da educação da modernidade. Liberdade sem freio algum. Que situação difícil! Outra observação: nunca encontrei este conto triste em minhas tantas e tantas leituras.
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Conta outra, vó – Maria Borralheira
Nota: Relação deste conto de minha avó com a tradicional Cinderela, a Gata Borralheira, só a madrasta com duas filhas e o casamento com o príncipe. Provavelmente, no interior de Minas, entre um contador e outro, na maioria analfabetos, a história foi perdendo alguns detalhes e ganhando outros, mais ligados à cultura e aos costumes do povo; isto de lavar o bucho do boi, por exemplo. Continue lendo “Conta outra, vó – Maria Borralheira”