E o Oscar vai para… Michelle Obama!

A festa do Oscar 2013 surpreendeu.

Há décadas reclama-se da festa do Oscar. Diz-se que ela é repetitiva, previsível, longa, chata, cafona, babaca.

Quanto mais os “intelectuais” falam mal da festa do Oscar, mais audiência ela tem.

Mais de um bilhão de pessoas assistem ao espetáculo repetitivo, previsível, longo, chato, cafona, babaca.

Este ano, a festa surpreendeu. E a coisa mais impressionante da 85ª. entrega do Oscar não teve nada diretamente a ver com cinema: teve a ver com política.

OK: cinema é política. Tudo é política. Cada atitude de cada um de nós é política, mesmo que a gente não saiba disso.

Mas, este ano, a Academia exagerou, extrapolou. A Academia lançou Michelle Obama candidata à presidência dos U S of A.

É até possível que eu esteja enganado, mas jamais ouvi falar de uma coisa assim: no ápice da cerimônia, na hora de anunciar o vencedor do melhor filme do ano, Jack Nicholson chamou um link, e, na Casa Branca, Michelle Obama fez um elogio aos filmes que concorriam ao principal prêmio do prêmio mais importante do cinema mundial.

Nunca soube de algo parecido – a festa do Oscar incluir a Casa Branca. Estou enganado? Acho que não.

zzmichellle

Sempre soube que a imensa maioria das pessoas do cinema, assim como a imensa maioria das pessoas de todo o show business, está com os democratas. O que é lógico, normal, absolutamente inteligível: como são bem informados, bem formados, os artistas fazem sua opção preferencial pelo que há de melhor na política americana.

Agora, misturar tão abertamente a opção preferencial pelos democratas com a festa do Oscar em si… Isso é novidade.

E mais ainda: a Academia fez a opção preferencial por Michelle Obama!

***

Hillary Clinton deve, neste exato momento em que escrevo aqui, estar tendo um tremendo ataque de nervos.

Em nenhuma outra ocasião fizeram um link de Los Angeles para Washington para que ela, nos seus oito anos primeira-dama, falasse dos filmes que concorriam ao Oscar mais importante.

Hillary, como todos sabemos, foi derrotada por Barack Obama nas primárias, quatro anos e alguns meses atrás. Obama a nomeou secretária de Estado – mas, agora, no seu segundo mandato, ela ficou de fora. Evidentemente vai se apresentar como candidata nas primárias do Partido Democrata daqui a três anos e pouco.

Mas a vetusta Academia de Artes e Ciências Cinematográficas acaba de demonstrar que sua candidata à sucessão de Barack Obama é Michelle Obama!

***

Euzinho, aqui, quieto no meu cantinho, não consigo evitar uma sensação de profunda inveja.

Invejo aqueles babacas daqueles ianques porque ninguém consegue fazer como eles essas festas de entregas de prêmios. Os caras fazem essas coisas horrorosas, horrendas, repetitivas, previsíveis (?), longas, chatas, cafonas, babacas, e chegam a um bilhão de pessoas.

Invejo aqueles ianques basbaques porque eles têm partidos que representam o que os eleitores desejam. Há uma dúzia de partidos, mas, na verdade, para o que conta, há dois. Um defende os ricos, outro defende os menos privilegiados. Um é favor de que o Estado não se preocupe com os menos privilegiados, que os deixe à sua própria sorte, o outro quer que se cobre mais imposto sobre os mais ricos, de tal forma que haja fundos para ajudar os mais pobres.

Invejo profundamente aqueles ianques porque eles não têm Sarneys, Renans, Barbalhos.

Tenho uma profunda inveja deles porque eles não permitiriam a existência de Lulas, Dilmas, Josés Dirceus, no sistema político deles.

25  de fevereiro de 2013

6 Comentários para “E o Oscar vai para… Michelle Obama!”

  1. A inveja faz o lançamento de Hilary Clinton a presidente pelos republicanos. Pelos democratas a Michele Obama. Um bilhão de babacas torcerão por uma ou outra, em roteiro do Sérgio e direção de Spilberg.
    Sorte nossa podermos nos abster de escolher entre Lula/Sarney/Dilma/Renan/Dirceu/Barbalhos, o cinema é maravilhoso, mascara a realidade, engana que eu gosto.
    Lamento que o Clint Westwood seja republicano, gosto mais dele que do fabuloso democrata Spilberg.

  2. “Nunca antes neste planeta houve uma coisa assim”.
    Lula fez escola, está sendo sem par odiado!

  3. No filme Lincoln compra votos. Contraste entre a arte exibida na telona e a conjuntura que nos envolve: o lançamento do filme coincidiu aqui com os preparativos para a eleição da dupla de tropeiros que vão comandar o Congresso brasileiro.
    Congresso comprado pra votar reformas da previdência e fiscal. Um script elevado a categoria de escãndalo mal apurado.
    Quem sabe o cinema nacional, sob a direção de Walter Salles Jr., desvenda, no tuturo, as verdades e a história real do mensalão, mostrando sua origem, sua apropriação pelos lulopetistas, o faccioso julgamento, em resumo um roteiro que virou pizza no STF.

  4. A estranha nobreza de “fazer”
    Lin­coln, de Ste­ven Spi­el­berg, é um super­la­tivo elo­gio da prá­tica da demo­cra­cia, ou melhor, da sua “pra­xis”, como grita o recal­cado mar­xista de 20 anos que, clan­des­tino e bili­oso, rumina nas pro­fun­das do meu fígado.

    por Manuel S. Fonseca

  5. Seu artigo é muito bom. Só lamento a parte em que você se refere ao partido republicano. Aí você pisou na bola e só mostrou preconceito bocó de terceiro-mundista.

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