Pode ser que os grandes momentos voltem. Mas a verdade é que a infalibilidade de Lula corre sério risco de deterioração.
A soberba misturada com a arrogância, que a sabedoria grega chamava de húbris, incomoda os deuses, que costumam castigá-la com lições de humildade.
As lições mais contundentes estão vindo do julgamento do mensalão, uma anomalia ética que o ex-presidente reconheceu com humildade num primeiro momento, chegando a pedir perdão por ela, e que depois renegou tentando dar-lhe o tratamento de uma invencionice “golpista” de uma suposta elite, que na verdade nunca deixou de bajulá-lo e adulá-lo sem nenhum pudor.
A posição firme da sólida maioria dos juízes do Supremo, com a notável exceção, até aqui, dos ministros Lewandowski e Toffoli, não deixa nenhuma dúvida não só sobre a independência do Poder Judiciário, como também da materialidade das ações criminosas detalhadas na denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República.
O patrimônio moral que o PT tentou construir desde a fase de sua fundação vai ficando cada vez mais seriamente danificado com as sucessivas condenações que a Suprema Corte vem impondo aos envolvidos no esquema de corrupção ativa e passiva que forma o processo do mensalão.
Mas a mitologia construída em torno da suposta genialidade política do ex-presidente não está sendo desgastada apenas pelo andamento do processo do mensalão.
Às vésperas das eleições municipais, delineiam-se pelo menos três cenários onde a participação pessoal ativa do ex-presidente gerou, pelo menos até este momento, a possibilidade da construção de três desastres eleitorais:
• A insistência na candidatura a prefeito de São Paulo do ex-ministro da Educação Fernando Haddad, em detrimento da senadora Marta Suplicy, candidata natural ao cargo que já ocupou e detentora do apoio inequívoco da maioria do partido para a disputa.
• A ruptura da aliança histórica com o PSDB de Aécio Neves e o PSB mineiro em torno do prefeito Márcio Lacerda, desprezando uma reeleição quase certa para lançar a candidatura própria de Patrus Ananias.
• A imposição ao PT de Recife da candidatura do ex-ministro Humberto Costa em lugar do atual prefeito João da Costa, candidato natural à reeleição, provocando um racha no partido e a consequente ruptura da aliança com o PSB de Eduardo Campos.
Os três candidatos impostos pelo diktat de Lula amargam maus prognósticos nas pesquisas eleitorais e têm escassas chances de vitória.
O estrategista infalível perdeu a mão? O rei Midas não consegue mais transformar tudo o que toca em ouro?
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 5/10/2012.
Muito boa a análise do Sandro Vaia, realmente o rei Midas vem perdendo seu poder. O maior desgaste do PT vai ser enfrentar a indicação para candidatura a presidência em 2014. Lula ou Dilma? Para afundar de vez a mística do Rei Midas basta a oposição ser inteligente no sentido de afastar o Rei com ênfase no resultado do STF e apostando na disputa Aécio x Dilma.
Há mto tempo esse Rei Midas já não vinha mais “fazendo ouro”!A maioria dos fatos,creio que se deveu mais ao oba oba de uma gde parte da Imprensa do que realmente aconteceu de verdade!
O grande acontecimento do “Midas Tupiniquim”, foi a eleição da Soberana que, como sabemos, foi através da compra (a peso de ouro,feita por diretores dos bancos estatais que “baixaram” em Minas, à procura dos prefeitos!)Isso foi comentadíssimo e foi também a “traição” de Minas a S Paulo.
Aécio sempre pagou esse pato sozinho…
Enfim, darei Graças ao Senhor,qdo esse Midas de Araque se aposentar de vez! Chega!
E isso Lelezinha, em 2014, pelo câncer ou pelo voto. Duro será escolher entre Alkmin, Serra, FHC ou Aécio.