O presidente ripador

Bolsonaro definitivamente não se dá bem com o ph. Com o do Iphan, que cuida do patrimônio histórico nacional, engasgou. “Liguei para o ministro da pasta (Justiça). Que trem é esse? (…) ‘O que é Iphan?’, com ph?”

O presidente da República foi informado que era uma instituição do Estado brasileiro, o que provocou a reação da qual gabou-se depois: “Ripei todo mundo do Iphan”. As demissões vieram ao saber que o instituto tinha embargado a  construção do prédio de um empresário amigo. No terreno da obra existiam vestígios de peças de interesse arqueológico.

Agora, imagine a reação que Bolsonaro teria se alguém lhe passasse a informação: “O Condephaat vai tombar o prédio de seu apoiador.” Já o vejo perguntando que trem é esse de Condephaat, com ph, e antes mesmo da resposta, resolver, indignado. “Ninguém vai demolir esse prédio. Demito todo mundo.”

Algum assessor paciente teria o cuidado de explicar ao presidente que tombamento, nesse caso, não significa pôr o prédio abaixo, mas exatamente o contrário. Impedir que sofra reformas e alterações, ou seja derrubado.  Outro detalhe. O Condephaat é ligado ao governo do Estado de São Paulo, não à União.

A história registra casos em que os proprietários de prédios tombados tentaram meios de demoli-los para construir edifícios modernos e financeiramente mais valiosos. Esses são avessos ao tombamento. Se fosse um caso destes, o que Bolsonaro poderia fazer pelo apoiador? Demitir João Dória?

Dezembro de 2021

 

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