Viajei com meus amigos para Bilbao, para enfrentar um desafio e buscar uma vitória. Enfrentamos os obstáculos e conquistamos o que queríamos, ao final de três longos dias de muita conversa e chuva. O Brasil, através de nossa UBC ( União Brasileira de Compositores), está agora na mesa de direção da Confederação Internacional das Sociedades de Autores e Compositores, CISAC, a ONU dos direitos autorais, apesar do trabalho contrário dos espanhóis, que ainda pensam que são os Hernán Cortez do século 21.
Chegando dois dias antes da batalha, eu e Ronaldo Bastos pudemos conhecer e gostar muito daquela cidade do país basco. Vindo do aeroporto, a caminho do hotel, pudemos ver o Museu Guggenheim e, quase em frente, o Bar e Restaurante Bosta. O primeiro nós visitamos e apreciamos no dia seguinte; do outro nós mantivemos distância.
Um exemplo estético e urbanístico o museu criado pelo arquiteto Frank O. Gehry. É um impacto externa e internamente. Faz bem aos olhos e à sensibilidade. Tão importante quanto a arquitetura admirável e as exposições que vimos – de Anish Kapoor, Robert Rauschenberg e Henri Rousseau – o que mais me fascinou foi conhecer o que eram aqueles arredores antes e depois da construção do museu. Que cidade limpa e linda é Bilbao.
Hora de voltar, com glórias, para casa, pego o querido EMBRA 145, velho conhecido meu do aeroporto da Pampulha. Destino: Belo Horizonte, com pequena parada para descanso e festa de Santo Antônio em Lisboa. Nas poucas horas em que permaneci na capital portuguesa, participei da alegria popular da gente lusitana.
Dia seguinte, domingo, acordo com as ruas já limpas. Ou não muita sujeira, duvido, ou o serviço público de limpeza é bastante rápido e eficaz. Poucos sinais da festa noturna. Quase todas as lojas estão fechadas, mas eu tenho uma tarefa para cumprir: comprar uma imagem de Santo Antônio para uma amiga. Que namorar e casar e acredita no santo. Mas tem de ganhar e não comprar ela mesma. Só assim dará certo. Eu, que pouco entendo dessas crenças, imagino que não pode ser uma imagem grande. Não é nem pelo fato de não caber em minha mala, ela está com muito espaço vazio. É que vi aquele filme brasileiro, Marvada Carne, em que o sortilégio só acontecia quando a imagem caía na cabeça da requerente. Não faria isso com a amiga.
Depois de andar pela cidade domingueira, acabei achando uma pequena loja de lembranças. E lá estava o santo no tamanho ideal. Foi só comprá-lo e, passos à frente, entrar na FNAC e, milagre, encontrar duas caixas com vinte CDs de concertos regidos por Karajan por módicos 11 euros e noventa centavos, R$ 30,00 mais ou menos.
Dia seguinte, embarquei no avião batizado com o nome de “Padre Antonio Vieira” e voltei feliz para casa.
Esta crônica foi originalmente publicada no Estado de Minas