Inveja danada do Ywane Yamazaki, que, em 1967, fez esta foto junto da piscina do Tênis Clube de Marília, onde rolava o II Festival de Cinema de Marília.
Da esquerda para a direita, Miriam Persia, Maria Helena Dias, Leila Diniz, Liana Duval, Giedre e Glauce Maria.
Três anos depois, conheci não a Leila, mas o Ywane Yamazaki, um dos repórteres fotográficos mais deliciosamente loucos que já houve na imprensa brasileira. Fizemos algumas reportagens juntos, eu foca de tudo, ele uma figuraça fascinante.
A foto abre uma galeria de Fotos Históricas no site do Estadão. Invenções do Edmundo Leite…
https://fotos.estadao.com.br/…/acervo,fotos-historicas,15357
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Escrevi isso aí acima assim que bati o olho, por acaso, na foto de Leila e das demais moças feita pelo Ywane, e postei no Facebook.
Assim que postei, no entanto, achei que era um absurdo não ter esta foto no 50 Anos de Textos… E, tendo a foto no site, por que não contar ao menos duas historinhas fantásticas do Ywane? Faz tempos que não ponho aqui uma daquelas historinhas de redação…
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Nos primeiros tempos do Jornal da Tarde, aí nessa época da foto feita pelo Ywane no Tênis Clube de Marília, 1967, 1968, havia na redação uma repórter belíssima, daquelas belezas acachapantes, de fechar o comércio, como se dizia nos anos 50. Cláudia Batista. Um monte de gente se apaixonou por Cláudia Batista.
Era costume permitir que os repórteres fotográficos dirigissem seus carros, em viagens para lugares não distantes demais de São Paulo; com isso, economizava-se o uso de um dos carros do Tráfego, e o fotógrafo ainda ganhava umas diariazinhas extras, sempre bem-vindas. Pois então Cláudia Batista foi pautada para uma matéria no Vale do Paraíba, por aí, e lá se foi com o Ywane Yamazaki dirigindo. Fizeram a matéria, e estavam voltando para São Paulo, quando Ywane pára seu carro, um Fusca, e se vira para Cláudia Batista.
Até então, havia se comportado perfeitamente, do modo mais profissional possível. Mas ali, diante de um motel na época famoso, na altura de São José dos Campos, Jacareí, não pôde mais:
– “Cláudia, casa comigo! Vem comigo ali praquele motel. Eu te dou tudo que eu tenho no banco. Tudo o que eu tenho na vida. Te dou este carro!”
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Ninguém saiu ferido, sequer levemente arranhado desse episódio. Também não sei quem contou a história. Não creio que na época já se usava o verbo vazar nessa acepção, mas acho que os dois vazaram igualmente. O fato é que ela foi amplamente difundida na redação, e não houve desmentido algum.
Eram bons tempos. Não havia essa histeria de assédio – e sequer houve assédio. Houve uma confissão desesperada de amor, paixão, tesão. Só isso.
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De outra das muitas histórias do Ywane Yamazaki, fui testemunha.
Infelizmente, no entanto, não me lembro da maior parte do caso, não me lembro de detalhe algum. Só ficou gravada para sempre na minha memória a cena principal.
Foi um crime numa cidade próxima a São Paulo. Acho que Mairiporã; sim, acho que Mairiporã. Era 1970, ou começo de 1971, e eu, repito, era foca total: tinha começado a fazer um estágio na Editoria de Reportagem Geral, Fernando Portela editor, Sandro Vaia chefe de reportagem, em julho de 1970, sem jamais ter entrado antes em uma redação. Fui pautado para cobrir o caso policial, e saí com o Ywane, ele na qualidade dupla de fotógrafo e de motorista.
Fiz lá na delegacia de Mairiporã as perguntas que tinha que fazer, fiz as anotações nas laudas amassadas, e estávamos para sair da delegacia e voltar para a redação quando chega o Hélio C. – e não digo o nome completo para proteger a figura.
Hélio C. ele sim era dublê de duas coisas diferentes: era ao mesmo tempo jornalista e delegado de polícia. Na redação, era um dos três caras que cobriam turfe. (Sim, em 1970, na editoria de Esportes, havia três jornalistas que cobriam turfe.) Ali em Mairiporã era delegado auxiliar, ou coisa parecida.
Ao ver o Ywane (a mim, nem viu, não conhecia, ninguém conhece um foca), o Delegado – assim ele era chamado na redação – fez um gesto para que o japonês não desse bandeira, ficasse quieto, não falasse nada. Creio que o Delegado não queria que, na Polícia Civil, soubessem de sua outra identidade, de jornalista de turfe.
Ywane dá um berro: – “Hélio C! Hélio C, meu querido!”
Todas as pessoas presentes à delegacia de Polícia de Mairiporã olham para o japa fotógrafo.
– “Hélio C! Hélio C!, meu querido!”
Aproxima-se do Delegado – e lasca-lhe um beijo na boca!
E em seguida sai a toda velocidade da delegacia, rumo a seu Fusca, o foca assustadíssimo correndo atrás.
Ah, diacho, bons tempos…
26/4/2019
Outras historinhas de redação:
O grande Cláudio Abramo, por Valdir Sanches.
Ah, Sérgio, suas histórias são deliciosas, mas sobretudo me trazem os tempos desse jornalismo ao mesmo tempo sério – a gente questionava, não deixava o entrevistado tergiversar, mesmo com riscos… – e divertido.
O Ywane Yamasaki, vai ficar feliz em relembrar estas historias.
Gostaria de gravar um Oi pra ele, vamos comemorar seu 84º aniversario neste fds?
Oi, Laudiane!
Que absoluta delícia saber que o Ywane está legal, comemorando aniversário!
Ele não deve se lembrar de mim. Como eu disse aí no texto, eu era uma foca, um recém-chegado à redação do jornal, não tinha a menor importância…
Se for possível, diga a ele, de qualquer maneira, que aquele foca, hoje um velhinho aposentado, está mandando um abraço pra ele, bem forte, bem apertado!
Um abraço para você, e muito obrigado por mandar a mensagem!
Sérgio