C.q.d. E agora o compilador descansa

C.q.d. Melhorou – e agora descanso.

Foi com uma alegria de duas faces que coloquei no ar nesta sexta-feira, 2 de março de 2018, o texto com o título de “Melhorou mesmo. Acabou a recessão”. Em parte, é a alegria ampla, geral, irrestrita de um brasileiro pelo fato em si – o país saiu do fundo do fundo do fundo do poço em que os governos lulo-petistas o enfiaram.

Mas há uma outra face da alegria – uma coisa pessoal, intransferível, até um tanto egoísta, quase cabotina: foi comprovado o que eu queria demonstrar, o que passei anos defendendo, minha luta do rochedo contra o mar, água mole em pedra dura, murro em ponta de faca.

C.q.d. – como queríamos demonstrar.

Ao longo de 160 semanas, durante o desgoverno Dilma Rousseff, me dei ao trabalho de colecionar notícias e artigos que demonstravam que a economia brasileira estava indo para o brejo. Diacho: 160 semanas!

Se juntasse todos aqueles textos, dava seguramente uns 3 ou 4 volumes de Guerra e Paz.  

No texto “Más Notícias do País de Dilma voluma 160 – e chega!”, escrevi:

“Ao longo de 159 semanas, me dei ao trabalho de compilar textos publicados basicamente nos dois melhores dos três grandes jornais do país, o Estadão e O Globo, demonstrando e comprovando os malefícios e a incompetência do lulo-petismo como um todo e do governo Dilma Rousseff em especial. Já nem consigo me lembrar exatamente por que me propus a fazer esse trabalho insano, que muitas vezes descrevi como murro em ponta de faca. Acho que entendi que era um dever cívico. Usar a arma à minha disposição para combater um governo incompetente, perverso, desagregador, que tudo faz para criar a cizânia, o ódio entre os brasileiros. Se eu tinha um site, e tempo suficiente para juntar em compilações semanais notícias e artigos, então deveria dedicar algumas horas a esse exercício de dar murro em ponta de faca.”

Esse desabafo foi feito em 26 de outubro de 2014, o dia do segundo turno da eleição presidencial disputado por Dilma e Aécio Neves:

“Foi uma campanha eleitoral cheia de surpresas, de grandes mudanças, marcada pela tragédia absurda da morte de Eduardo Campos. (…) Foi também – de longe – a campanha eleitoral mais baixa, mais suja desde o fim da ditadura militar. (…) Para descontruir o adversário, o PT mente, e não precisa de prova alguma. Só exige prova quando a denúncia é contra ele.”

Deu Dilma Roussef de novo – e continuei meu exercício semanal de compilar notícias e artigos comprovando que nunca houve governo tão incompetente quanto o da mulher sapiens. Em 2 de fevereiro de 2015, início do segundo mês do segundo mandato, inaugurei a série “Nunca houve governo tão incompetente”.

A série foi concluída com o volume 36, em 13 de maio de 2016, um dia depois de Dilma ser afastada do governo por crime de responsabilidade. Nesse dia, escrevi:

“Dilma Vana Rousseff garantiu com honra e louvor seu lugar na História como a presidente mais incompetente que o Brasil já teve. Dilma é incompetente, inepta, inábil, incapaz. Quando assumiu o governo, a imagem que se tinha do Brasil no exterior era de um país que disparava para o alto como um foguete. Cinco anos, quatro meses e alguns dias depois, deixa um país afundado na mais grave crise econômica de sua história, com desemprego e inflação altíssimos, contas públicas absolutamente estraçalhadas, dívida escandalosa, rebaixado pelas agências internacionais de risco, que não inspira confiança alguma em investidores. E também em gravíssima crise política e sobretudo moral. Vão ser necessários muitos, muitos anos para o país se livrar do legado do PT, de Lula, de Dilma.”

***

Escrevi também, naquele volume final da série “Nunca houve um governo tão incompetente”, que iria parar, enfim, de dar murro em ponta de faca.

Como dizia Jorge Benjor quando era só Ben, mas que nada. Qual o quê – como dizia o jovem Chico Buarque, quando era um comunista sonhador, idealista, muitíssimo antes de se tornar um paparicador de quadrilheiros. Bem rapidamente  me animei de novo a dar murro em ponta de faca: comecei a fazer compilações das notícias que indicavam que a economia havia parado de piorar, sem o PT dando as cartas em Brasília.

No meio da desconfiança generalizada contra Michel Temer e seu governo formado de um lado por uma excelente equipe econômica e de outro por uma penca de velhos políticos comprometidos com o que há de pior na vida pública brasileira, era mesmo um exercício de esmurrar ponta de faca.

O primeiro texto da série “Vai Melhorar” saiu no dia 9 de junho de 2016, apenas um mês após a posse do governo Temer. Que o eventual leitor me desculpe, mas vou transcrever parte do que escrevi. Hoje estou com vontade de compilar trechos meus.

“Não se interrompe uma trajetória de queda da noite para o dia. Muito menos se inverte a trajetória de queda para uma de subida para longe do fundo do poço. A recuperação vai ser necessariamente lenta – mas vai vir.

“Vai melhorar – porque já se inverteu o rumo das decisões de todo o governo na área econômica. A maldita ‘nova matriz econômica’ gerada por Dilma Rousseff, Guido Mantega e Arno Augustin, que deixou de lado a responsabilidade fiscal, promoveu uma gastança inominável, descontrolou totalmente as contas públicas e levou à recessão prolongada e deixou a taxa de desemprego em espantosos 11% foi inteiramente abandonada.

“Essa equipe de técnicos de mais do que reconhecida capacidade, experiência, craques – Henrique Meirelles, Ilan Goldfajn, José Serra, Pedro Parente, Maria Silvia Bastos Marques – já pôde apresentar, em menos de um mês, os rumos que vão definir suas ações. É tudo o contrário do que Lula, no segundo mandato, e Dilma, em seus 5 anos e 4 meses de horror, fizeram. É tudo na direção correta.

“Em vez de ‘nova matriz’, agora vale de novo o tripé básico que fez o Brasil viver um período de bonança, premiado com a conquista do grau de investimento dado pelas agências de análise de risco: meta de inflação, equilíbrio das contas públicas e taxa de câmbio flutuante. Em vez de farra fiscal, pedaladas, contabilidade criativa – responsabilidade. Limite de gastos públicos. Em vez de complacência com a inflação, de tolerância, de achar que 6,5% é a meta, quando a meta é 4,5% – rigor no combate à inflação. Em vez de financiamentos do BNDES a obras faraônicas nos países bolivarianos, para a alegria das grandes empreiteiras, em vez de paparicar empresas poderosas, em busca de ‘campeões nacionais’, como na época da ditadura militar – investimento em empresas de menor porte, e ênfase nas privatizações.

“Em vez de concessões envergonhadas, com grandes exigências aos possíveis investidores, restrições ao lucro futuro – privatização com planejamento, com regulamentação claramente definida, com regras que sejam atraentes. Em vez de focar todo o comércio exterior no Mercosul e em acordos globais via OMC, que deixaram o país fora da realidade nestes últimos 13 anos – uma política sensata, aberta a acordos com países e/ou grupos. Em vez de submissão da política externa à ideologia partidária pró-bolivarianos e anti-americanos de uma maneira geral – o retorno do Itamaraty aos interesses do Estado brasileiro.

“Vai melhorar. Não há dúvida, é certeza: vai melhorar. É só o país não cometer a insanidade de permitir a volta da insanidade lulo-petista.”

O afastamento definitivo de Dilma Rousseff ainda não havia sido aprovado pelo Senado Federal.

***

Em janeiro de 2017, mudei o título da série. Em vez de “Vai melhorar”, passou a ser “Está melhorando”.

O texto que acabei de publicar hoje, que fala do fim oficial da recessão deixada por Dilma Rousseff, é o 28º desta série. Foram 21 do “Vai melhorar”, 28 do “Está melhorando”: 49 compilações. Se somar com as 160 da série “Más Notícias do País de Dilma” e as 36 da série “Nunca houve governo tão incompetente, são 245 compilações de textos.

C.q.d.

Sinto um gostinho de vitória pessoal, além da alegria de ver que o país está de fato melhorando.

E agora chega.

Já cumpri meu dever cívico.

Como se diz nos tribunais, nos filmes americanos, the defense rests.

O compilador descansa.

Exausto como um monge copista da Idade Média, o compilador descansa.

Pode até voltar a este mesmo tema – mas só em edições especiais, em ocasiões de fato especiais.

2/3/2018

4 Comentários para “C.q.d. E agora o compilador descansa”

  1. Sérgio Vaz, logo no começo, gostei tanto, que digamos,adotei como próprio o seu racional, fundamentado e lúcido artigo, bem como, as referências suas a anteriores artigos seus.
    Vou fazer pedido de amizade via Face.
    Descanse um pouco, merece, dê umas muitas beiçadas, como a gente diz por aqui.
    Muito obrigado em meu nome, dos democratas da Democracia.
    Desejo longa, saudável e confortável vida a você a todos os seus.
    Sinceramente, com admiração,
    Paulo Henrique Maciel.

  2. Parabéns!
    Sempre li seus artigos para me informar e aprender. Aguardava-os com ansiedade. Muitas vezes os enviei a pessoas de minha relação para mostrar-lhes o mal dos desgovernos petistas e, depois, para animá-los com as melhoras vagarosas, mas perseverantes, do governo Temer. Melhoras estas que alguns relutavam – outros ainda relutam – admitir.
    Obrigado por suas publicações.
    Continuarei um fiel leitor.

  3. Oi Sergio.
    Só para corrigir meu e-mail, que saiu com erro de digitação quando postei meu comentário. Dificuldades de escrever no smartphone.
    Abraço.

Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *