Por que essa Cruzada das Organizações Globo?

Por diversos motivos, o principal deles o fato de ser a absoluta líder de audiência no país, a Rede Globo é odiada por muita gente, e não é de hoje.

Há quem veja nela “a inimiga número 1 do Brasil”.

Desde o dia 17 de maio, quando o site de O Globo, depois a GloboNews, a própria Rede Globo e o jornal O Globo iniciaram uma campanha cerrada contra o presidente Michel Temer, a partir da revelação de que ele foi gravado em conversa absurda e nada republicana com o empresário Joesley Batista, do grupo JBS, venho fazendo críticas às Organizações Globo.

Entendo – assim como muita gente boa que tem se manifestado nas redes sociais – que os veículos das Organizações Globo abandonaram a prática do bom jornalismo para trabalhar por uma causa, empreender uma Cruzada. O tom com que o governo do presidente Temer passou a ser tratado é completamente diferente do adotado por outras veículos da imprensa. É um tom alarmado e alarmante, histérico.

Na quarta-feira, 31/5, ouvi uma teoria que tenta explicar essa postura histérica anti-Temer que me pareceu lógica.

Publiquei um post no Facebook expondo a teoria:

As Organizações Globo estariam para ser citadas em eventual delação premiada de Antonio Palocci. Aí, como precaução, antes que qualquer delação de Palocci viesse à tona, teriam resolvido fazer um gigantesco escarcéu com algo por si só já bombástico, a conversa gravada entre Temer e o bandido da JBS.

Como uma nuvem de fumaça.

Para obscurecer, para tornar menos importante o que viesse das delações de Palocci.

***

Insisti em dizer, no meu post, que estava apenas apresentando uma teoria que tinha ouvido. Que era só uma teoria. Que não havia confirmação alguma. Não havia fato algum que pudesse comprová-la.

Apenas tem lógica.

***

Insisto mais ainda, para esclarecer minha posição, minhas opiniões: ao contrário de muita gente, ao contrário do que disse uma pessoa no Facebook, comentando meu post, nunca achei e não acho que a Globo ou as Organizações Globo sejam “a inimiga número 1 do Brasil”. De forma alguma.

Acho que os veículos das Organizações Globo cometeram, sim, pecados gravíssimos no passado, e nem é preciso elencar todos – o apoio inicial absoluto ao golpe de 64, o caso Proconsult, a edição de trechos do debate Lula x Collor em 1989…

Voltaram a cometer pecado mortal agora ao abandonar o bom jornalismo e passar a trabalhar por uma causa, uma Cruzada.

Paralelamente, no entanto, exerceram também durante anos e anos e anos um bom jornalismo, do melhor que se fez e se faz neste país.

Pecados graves, outros grupos jornalísticos também cometeram. O jornal Folha da Tarde era praticamente o Diário Oficial da Operação Bandeirantes na ditadura, e a empresa Folha da Manhã (que editava aquele jornal e a Folha de S. Paulo) deu suporte logístico à repressão aos que combatiam o regime militar. O documentário Cidadão Boilesen, por exemplo, demonstra isso com fatos.

O Estadão foi apoiador de primeira hora da ditadura militar instaurada em 1964 – mas, felizmente, passou a fazer firme oposição a ela a partir da edição do Ato 5, em dezembro de 1968.

Publicações como Carta Capital e Caros Amigos só sobreviveram nos últimos 13 anos porque se venderam com todas as letras ao lulo-petralhismo – e se isso não for um pecado gravíssimo, não tenho idéia do que seja pecado.

Então repito, insisto e não desisto: não estou nessa coisa cega de dizer que “a Globo” é a pior inimiga do país. Nunca estive, nunca vou estar.

Espero que a Globo, a GloboNews e O Globo deixem de lado a cruzada anti-Temer e voltem a fazer o bom jornalismo que sabem muito bem fazer.

Só gostaria que algum dia fosse explicado ao país o que motivou essa crise de histeria contra o governo que, com todos os seus muitos e graves erros, estava começando a apresentar melhoras na economia após a devastação dos 13 anos e cinco meses de lulo-petismo.

1º/6/2017

Um P.S.: No dia 31 de maio, a Folha de S. Paulo publicou um mea culpa, uma admissão de que tinha errado no dia 17, “ao afirmar que o empresário Joesley Batista gravou conversa com o presidente Michel Temer em que relatou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha na prisão e recebeu aval à operação”. 

Um admirável ato de coragem, de apego à verdade. 

Transcrevo abaixo o texto da Folha

É de se perguntar quando os veículos das Organizações Globo farão o mesmo. 

“Folha errou em reportagem sobre áudio de Temer

A Folha errou ao afirmar que o empresário Joesley Batista gravou conversa com o presidente Michel Temer em que relatou a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha na prisão e recebeu aval à operação.

A afirmação foi publicada no final da tarde de quarta (17), primeiro creditada ao colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, e depois confirmada pela Folha.

Naquele momento, nenhum dos dois jornais tinha tido acesso às gravações. Elas só foram tornadas públicas no dia seguinte, 18 de maio.

Nesse dia, a Folha publicou reportagem dizendo que o áudio, na verdade, é inconclusivo a respeito da compra do silêncio de Cunha.

A tese do aval para a compra de silêncio é uma interpretação da Procuradoria-Geral da República, usada para pedir a abertura de inquérito contra Temer. O pedido foi atendido pelo ministro Edson Fachin, mas a defesa do presidente nega a versão do Ministério Público.

A correção de erros é característica da Folha, reforçada na última versão de seu Projeto Editorial, que diz:

‘Mesmo com as cautelas recomendadas e adotadas, um jornal comete erros e imprecisões; pode, em certas circunstâncias, prejudicar indevidamente a imagem pública de pessoas e organizações.

É preciso reforçar o sistema interno de freios e contrapesos —a obrigação de publicar contestações fundamentadas, a atividade do ombudsman (profissional dedicado a representar direitos do leitor, das fontes e dos personagens do noticiário) e a veiculação metódica de retificações de equívocos constatados.’

3 Comentários para “Por que essa Cruzada das Organizações Globo?”

  1. Muito bom, equilibrado e baseado na verdade dos fatos. Merece e, certamente, terá lugar na história do jornalismo brasileiro.

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