As empresas jornalísticas têm o absoluto direito de tomar partido. Assim como toda e qualquer empresa. Assim como toda e qualquer pessoa física. Só que quando as empresas jornalísticas tomam partido, é fundamental que expliquem ao respeitável público por que o fazem. E que não misturem o que é opinião com o que é informação.
Jornais de qualidade, como o New York Times, anunciam em editorial suas opções, semanas antes das eleições, por exemplo. Dizem qual é o candidato que defendem, explicam por que motivo – nas páginas de opinião, de editoriais.
A parte noticiosa – ou seja, os 99% do jornal que não são opinião dos donos da empresa – não é afetada pela opção partidária. Notícia é notícia, opinião é opinião.
Quando, como no caso agora de O Globo, TV Globo, GloboNews, tudo se mistura, a visão dos donos da empresa com as notícias, o editorial com a informação, aí não é mais a prática do bom jornalismo.
Aí é o pior dos mundos.
Desde a quarta-feira passada, 17/5, as Organizações Globo estão misturando opinião com fatos. Não estão fazendo jornalismo – estão fazendo campanha política, proselitismo político.
É crime.
Estão fingindo que estão dando informação mas na realidade estão desestabilizando as instituições. O país.
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Nada disso deve ser entendido como uma defesa de Michel Temer. Não é disso que se trata. Aqui se pretende tratar desta coisa fundamental que é o jornalismo.
As Organizações Globo jogaram fora todos os princípios básicos do jornalismo sério nesse episódio.
Fizeram papel extraordinariamente mais feio do que todos os políticos envolvidos nas falcatruas. Porque dos políticos os brasileiros sérios não esperavam muito. Mas esperavam da imprensa.
23/5/2017
Um comentário para “As Organizações Globo piraram”