Como, direis? Isto é um blog, não um jornal.
No entanto veja o leitor o que aconteceu. Mostrávamos no blog o texto contando que, em uma madrugada de setembro de 1978, o pessoal que acabara de fechar a edição do Jornal da Tarde estava muito tranquilo com sua bebidinha, no Bar do Alemão, quando surge um contínuo da redação esbaforido: “O papa morreu”.
Sim, já fazia um mês. João Paulo I era o novo papa. O contínuo insiste, até se fazer entender: o papa morto era João Paulo I. Os jornalistas correm para a redação e o JT vai às bancas com a morte do papa na manchete.
Eis senão quando, Fernando Portela produz um texto, só por diletantismo, na qual narra o que se segue:
E numa manhã calmíssima de junho de 1968, por volta das 09-10 horas, Rolando de Freitas entra preguiçosamente na redação, vindo da Fotografia (era fotógrafo). Pegou um café das garrafas térmicas e disse, muito calmo:
“Vocês viram? Mataram o Kennedy.”
Éramos uns dez gatos pingados, no máximo, ainda bocejando. Eu estava na pauta da (editoria) Geral.
Todo mundo riu.
“O que é isso, Rolando? Está vindo do boteco? Isso faz um tempo.”
Ele não se alterou. Nunca se alterou. Respondeu com o mesmo tom de voz:
“Mataram o Kennedy.”
Fez uma pausa.
“O outro.”
Nós, em uníssimo:
“O quê?”
E aí foi aquela correria parecida com a do Papa.
Esta crônica foi originalmente publicada no blog Vivendo e Aprendendo, em 2/4/2024.