A piada da semana nas redes sociais é sobre uma hipotética conversa entre tripulantes de aviões da FAB:
- É aí? Tudo jóia?
- Não! Metade é cocaína.
Não é pra menos! Primeiro teve o escândalo da droga e agora o das jóias envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e os aviões da FAB.
Em junho de 2019, foi preso na Espanha o sargento Manoel Silva Rodrigues, de 38 anos, que fazia parte da comitiva que levava o então presidente Jair Bolsonaro ao Japão para o encontro da Cúpula do G-20.
Na escala em Sevilha, o sistema de raio-X do aeroporto suspeitou que aqueles pacotes esmeradamente revestidos de fita bege definitivamente não eram meias ou cuecas. Aberta a mala, encontraram quase 40 quilos de cocaína.
A notícia chegou aqui como uma bomba. Foi um escândalo com repercussão internacional, envolvendo, ainda que indiretamente, um presidente da República.
Mas brasileiro é brasileiro na alegria e na tristeza. Passado o impacto da notícia, os internautas partiram logo para a inevitável piada:
- É verdade que estavam transportando droga para o Japão no avião da FAB?
- Sim, pegaram uma mala, mas a droga maior estava em outra aeronave.
Agora mais um escândalo foi revelado pelo jornal O Estado de S. Paulo que envolve Jair Bolsonaro, ex-presidente, e ao que tudo indica, futuro prisioneiro, já que pode ser enquadrado legalmente do crime de peculato (roubo de patrimônio público cometido por um servidor público).
Bolsonaro teria recebido de presente do príncipe árabe Mohammed bin Salman (Salman, traduzido para o português, equivale ao sobrenome brasileiro Queiroz), presentes carésimos e proibitivos para um chefe de Estado.
As leis brasileiras não permitem que chefes de Estado se apoderem de presentes caros dados por quem quer que seja.
Só que essa lei passou batida no caso do presente do príncipe ao sapo, digo, ao Bolsonaro. Uma caixa contendo relógio, um par de abotoaduras, caneta, anel e uma espécie de rosário da Choppard (eu, como uma reles usuária de bijuterias, nunca tinha ouvido falar, mas tô descobrindo por aqui que é chiquetíssima), foi trazida da Arábia pelo então ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque e entregue ao destinatário Jair Bolsonaro. Passou pela alfândega por descuido, sem taxação de impostos ou sem a declaração de Bem Público, que a isentaria de imposto e iria direto para o acervo da União.
Mas o outro regalo saudita que iria supostamente pra ex-primeira-nada Michelle Bolsonaro ficou retida pela Receita Federal e, apesar das insistentes tentativas (oito no total) de retirá-las, ficou lá como prova do crime.
Eram jóias avaliadas em mais de R$ 16 milhões que vieram acondicionadas num estojo colocado dentro de uma espécie cavalo de Tróia dourado e perneta.
Claro que assim que a história veio à tona a família foi logo tratando de desmentir tudo, que nem sabiam dos regalos das mil e uma notas (muito mais que isso, porém). Michelle chegou a dizer que não sabia que ela tinha todas essas jóias e culpou a imprensa mais uma vez: “Vocês não têm limites”.
Mas agora, com as imagens das tentativas de “carteiradas” na Receita Federal e com os documentos assinados pelos envolvidos, eles não têm mais como sair dessa.
Mas aí fica a pergunta: por que um príncipe árabe daria presentes tão caros pro Jair? Teria sido uma espécie de compensação por algum tipo de serviço prestado? O que ele poderia ter feito pra ser agraciado com essa fortuna?
E a Michelle, o que fez pra merecer esses balangandãs tão valiosos? (Será que a Maria Christina Mendes Caldeira, ex-mulher do Valdemar da Costa Neto, não sabe a resposta? Ela é boa pra contar fofocas cabeludas.)
A verdade é que a coisa tá pegando pro lado deles. Se Bolsonaro voltar ao país e não for preso, talvez possa se virar como sacoleiro no trajeto Brasil-Paraguai. Mas ainda vai ter de treinar mais como contrabandista porque dessa vez não deu muito certo.
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 10/3/2023.
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