Sem texto sobre política, pelamordeDeus!

Dias atrás saiu Here It Is: A Tribute to Leonard Cohen. Pensei em escrever dois textos – um sobre o disco em si, o outro sobre como ele demonstrou que eu mudei completamente minha forma de ouvir música e meu relacionamento com os suportes físicos. Outro dia ouvi “Father and Son” e me ocorreu escrever um texto sobre a canção icônica, que eu ouvia me identificando com o filho quando era adolescente e agora ouço achando que o pai está tão certo quanto o filho.

Tocou uma melodia instrumental lindíssima na Rádio Sérgio Vaz, e não consegui identificar de quem era. Ouvi mais um pouco, atentamente, e me vi falando em voz alta: “Fahir Atagaglou!” Fui checar no iPod, e não era o compositor e multi-instrumentista turco Fahir Atagaglou, e sim o compositor e instrumentista tunisiano Anouar Brahem – e aí fiquei pensando que eu podia fazer no Spotify uma beleza de playlist de grandes músicas instrumentais não-ocidentais, reunindo esses dois gigantes e mais uns tantos que tive o privilégio e a sorte de conhecer. O Carlos Bêla iria adorar.

Idéia para playlists para o Spotfy é o que não falta. Ao contrário. Elas não param de pipocar. Volta e meia penso numa de cantoras brasileiras posteriores aos anos 60 e 70 com canções alegres, bem humoradas – Ná Ozzetti, é claro, mas também Ceumar, misturando com uma outra da Roberta Sá, com muita Marisa Monte…

Outro dia passou pela cabeça uma idéia de lead para um texto que eu tenho que escrever um dia, sobre a Joan Baez compositora. Deveria ter anotado a idéia, porque já não me lembro dela – mas me lembro que cheguei a pensar em fazer uma relação completa de todas as canções que ela compôs. Não é difícil, é só trabalhoso. Como tenho todos os discos dela, é só pegar e ir checando. Nesse caso específico, o Google seria só uma ajuda mesmo, não a ferramenta básica.

Bem, isso para não falar de meu antigo, recorrente plano de escrever alguns textos sobre momentos da minha vida. Pô, pra começar, um texto sobre a Rua Ramalhete – “sem querer fui me lembrar de uma rua e seus ramalhetes, o amor anotado em bilhetes, quanta saudade…” Não é todo mundo que foi criança dos 7 aos 12 anos de idade brincando numa rua que virou música, meu!

Também para não falar do plano que tive há tempos de remexer em tudo que escrevi sobre Regina, e ela escreveu sobre nós e para mim, ao longo dos dez anos de nossa relação conturbada, e nas cartas dela para mim e nas minhas cartas, que peguei de volta numa época em que avisou que, ao se mudar para apartamento bem menor, estava se desfazendo de coisas, e quem sabe transformar aquela maçaroca em um livro para consumo interno das pessoas mais chegadas – como já fiz com as cartas trocadas entre meu pai e a minha mãe, que resultaram em Floriano e Maria – Uma História em Cartas. E também com as minhas anotações sobre a Fê ao longo dos primeiros 30 e tantos anos da vida, que viraram Notas Sobre Minha Filha – Olhando Fernanda Crescer.

Cacete: quanto coisa boa pra fazer…

E, no entanto, nos últimos cerca de 50 dias, escrevi e publiquei aqui neste site nada menos que 22 textos sobre política.

Dá quase um texto a cada dois dias, meu Deus do céu e da Terra!

Até mesmo da minha obrigação para com os dois ou três leitores fiéis do + de 50 Anos de Filmes me descuidei um tanto: em outubro, enquanto a cada três dias, no mínimo, botava no ar um texto a favor do voto em Lula no + de 50 Anos de Textos, no de filmes botei apenas nove. Pior ainda: só consegui escrever sobre sete, um recorde ao contrário! Horror!

Agora vou tirar férias da política.

Se o Bozo, os bozinhos zeros e o Valdemar Costa Neto deixarem…

Novembro de 2022

2 Comentários para “Sem texto sobre política, pelamordeDeus!”

  1. Boa Sérgio, tire férias da política, tb quero virar essa chave, escreva sobre gente que vale a pena. Durante a vida agente carrega uma mochila nas costas onde guardamos os acontecimentos e recordações. Você tem muito conteúdo ai guardado. Em tempo, comprei essa musica do Tavito ha uns 2 meses. Fazer playlist custa muito tempo, mas é um hobby fantástico. Vamos desopilar o fígado. Monge Fábio De Domenico

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