Que beleza, Rede Globo!

Que beleza de trabalho a Rede Globo de Televisão fez ao longo desta campanha eleitoral atípica, anormal, conturbada, em que um dos dois candidatos favoritos não parava nunca de espalhar descrédito sobre as urnas eletrônicas, os resultados dos pleitos, a Justiça Eleitoral, o Judiciário como um todo e, portanto, a própria democracia.

O Jornal Nacional passou os últimos meses reafirmando, sempre que possível (e quase todos os dias era possível), os argumentos dos ministros do TSE a respeito da confiabilidade das urnas eletrônicas, do processo de totalização dos votos.

Sempre que tinha um gancho (e quase todos os dias tinha um gancho), lá vinham as explicações sobre o funcionamento das urnas. De forma quase didática. Para deixar claro, em linguagem fácil, que, olha, pessoal, é assim, sacumé? Simplesmente não existe chance de haver fraude; papo de fraude é papo furado.

E como teve matéria enaltecendo os jovens entre 16 e 18 anos que tiravam o título de eleitor, que demonstravam interesse em votar.

Quanto mais o bolsonarismo tentava destruir a confiança das pessoas no sistema eleitoral, mais vinham as matérias demonstrando a importância do voto – e a infalibilidade do sistema eleitoral.

Quanto mais asneira, patacoada, imbecilidade, fake news Jair Bolsonaro e sua turma despejavam pelo país, mais a Globo, com calma, competência, elegância, punha as coisas no lugar.

Já havia sido assim ao longo de todos os dois intermináveis anos do pior da pandemia.

A cada fala absurda, criminosa, assassina do Capetão, a cada ação e/ou omissão criminosa, assassina do general Pazuello (que o Diabo trate muito mal dele eternidade afora), lá estava a Rede Globo ouvindo cientistas, médicos sérios, representantes de associações médicas, abrindo mais e mais espaço para os informes da Organização Mundial de Saúde.

A cada afirmação nojenta, abjeta, do tipo “Não sou coveiro”, a Rede Globo respondia dando mais e mais espaço para informações sérias, úteis, sobre como se prevenir contra a pandemia. A cada declaração do monstro contra as medidas de prevenção, como o distanciamento entre as pessoas, a necessidade de não haver aglomeração, a necessidade do uso de máscaras, lá vinham reportagens mostrando que o certo era exatamente o oposto – que o certo era fazer tudo aquilo que o presidente da República condenava.

Foi assim também, ao longo destes tristíssimos quase quatro anos, com relação ao meio-ambiente.

A cada novo ataque à Amazônia, a cada apoio aos grileiros, garimpeiros, madeireiros ilegais, invasores de terras indígenas, a Rede Globo respondia com matérias sérias, bem embasadas, mostrando os números do desmatamento, os cenários da destruição, os comentários de ambientalistas respeitados, de entidades de defesa do meio-ambiente.

Enquanto se aproximava a data do primeiro turno eleição, ao longo do mês de setembro, o Jornal Nacional – o programa jornalístico mais visto da televisão brasileira – apresentou uma série de 23 reportagens especiais sobre a Constituição de 1988, desde as que a antecederam, passando, com bastante ênfase, pela época da ditadura militar, até a campanha das diretas, o primeiro presidente civil após 21 anos do regime dos generais, e fazendo um panorama sobre os direitos garantidos por ela.

Foi um gol de placa essa série estupenda.

Foi a cereja no bolo da luta que a Rede Globo veio travando ao longo destes quase quatro anos contra a desinformação, as fake news, a constante agressão do bolsonarismo às instituições da República, aos fundamentos da democracia.

Para enfrentar as incessantes conclamações à desobediência às decisões dos tribunais feitas pelo Capetão, para confrontar o gabinete de divulgação da mentira, o jornalismo da Rede Globo apresentou uma série especial sobre os horrores das ditaduras e as benesses da democracia.

Nesta sexta-feira, faltando poucas horas para a abertura das sessões eleitorais, quando vi a Renata Vasconcelos, ao final do JN, informar que a série de matérias especiais sobre a Constituição Cidadã está disponível gratuitamente para todos no GloboPlay, fiquei com a garganta travada de emoção – como quando a gente vê um filme especialmente genial, emocionante.

Que maravilha que existe a Rede Globo!

E logo pensei também, é claro, nessa coisa de que os lulistas e os bolsonaristas são unidos como irmãos siameses no ódio à Globo.

Mais uma prova – embora ela seja, a rigor, desnecessária – de que o jornalismo da Globo é tudo que há de bom.

1º/10/2022

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