O governo Bolsonaro acabou. Com a impossibilidade da reeleição materializada pela candidatura empacada em uma rejeição de 52%, o presidente começa a assistir ao desembarque. Nesta quinta-feira, o golpe furou o casco de vez: Ciro Nogueira (PP), o todo-poderoso ministro da Casa Civil, presidente do Progressistas (PP) e integrante da coordenação da campanha de Jair Bolsonaro, simplesmente abandonou o barco.
A nove dias das eleições, decidiu tirar férias. Alegou que precisa se dedicar ao Piauí, onde sua ex-mulher Iracema Portella, também do PP, é candidata a vice-governadora de Sílvio Mendes (União Brasil). Antes de fazer o movimento derradeiro, o manda-chuva do Centrão garantiu mais R$ 3 bilhões para os comparsas do orçamento secreto, liberados pelo Tesouro há duas semanas.
Sem qualquer constrangimento para deixar a nau que afunda, o ministro disse que “tem direito a férias”, e que vai se empenhar na reeleição de Bolsonaro no Nordeste. Só não contou que no seu estado natal, associar-se a Bolsonaro é enterro eleitoral certo. A ponto de o seu PP ter acionado o TRE para impedir que a campanha regional fosse vinculada ao presidente.
Aos governantes em final de mandato é costume servir café frio. Mas é a primeira vez que um candidato à reeleição tem de tomá-lo antes do veredito das urnas.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 23/9/2022.
Um P.S.: Pegou tão mal, a repercussão da notícia das férias foi tamanha, que no início da tarde da sexta-feira, 23, Ciro Nogueira desistiu. Nota distribuída pelo Ministério diz: “Informamos que o ministro Ciro Nogueira interrompeu a tramitação do seu pedido de férias, devido a diversos compromissos inadiáveis na próxima semana.”
Uma maravilha o texto de Mary Zaidan. Foi ao ponto com imagens de primeira, o que, apesar da realidade trágica, acabou nos oferecendo momentos da tragicomédia em que se transformou o governo (?) de… aquele!
Textos de Mary Zaidan. elucidadores e imperdíveis! Taí um excelente livro de “História do Brasil Atual”