Sua Alteza já era muito bem conhecida do repórter quando ele recebeu a instrução de que não podia tirar os olhos dela. Explicando melhor. O profissional já tinha participado da cobertura da visita da monarca a Recife e Salvador. Agora, ela estava em São Paulo. À noite seria recebida pelo governador Abreu Sodré em palácio, em banquete.
O Jornal da Tarde tinha dessas coisas. Quatro repórteres para cobrir o acontecimento. Valéria Wally, Cláudia Batista, hoje Monja Coen, Percival de Souza e o que assina este texto. No fim da tarde, eles deixaram o jornal e foram até um hotel próximo. Ali, os rapazes vestiram smoking e as moças vestidos compridos, alugados. Logo embarcaram para o Palácio do Governo.
Cada um com sua pauta. Valéria e Cláudia cobririam o evento em si. Percival se ateria à segurança. Qual era a pauta deste escriba? Olhar para a rainha, como foi-lhe dito. Ora, tudo o que acontecesse com ela de protocolar não seria notícia. Se ela sorrisse, conversasse, mastigasse… Pode-se registrar que a rainha da Inglaterra mastigou educadamente?
Eis que… em dado momento, o repórter, que estava em lugar estratégico, notou que Elizabeth II descalçou um sapato, e assim ficou por certo tempo. Bem, isto afinal, deu ao observador um furo de reportagem!
Situação muito esquisita ocorreu quando Elizabeth II foi ao MASP para a inauguração do museu. O repórter, agora em trajes usuais (mas sem jeans), chegou ao prédio e depois de se apresentar à segurança postou-se à frente do elevador. Premiu o botão.
Um pouco depois, o elevador chega. A porta se abre. Dentro estão a monarca, o marido, e quem os recebia. Ficamos cara a cara, com olhares perplexos. Mas um segurança terá agido rapidamente, a porta fechou, e o elevador se foi.
Isto tudo aconteceu em 1968. Há 54 anos…
Este texto foi originalmente publicado no blog Vivendo e Escrevendo.