Segundo o dicionário, é chamado de mané um sujeito tolo, menos inteligente ou com pouca capacidade intelectual.
Sinônimos de mané: bobo, paspalho, palerma, inepto, desleixado, indolente, tolo.
A frase mais comentada na semana nas redes sociais foi “Perdeu, Mané, não amola”, proferida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, ao ser interpelado em Nova York por um do manés bolsonaristas espalhados pelo mundo. Ele abordou o ministro na calçada e perguntou se Barroso ia responder às Forças Armadas (responder o quê, Mané?) e se ele ia deixar o código-fonte das urnas eletrônicas ser exposto (será que esse Mané sabe do que se trata, ou essa foi a ordem do dia do WhatsApp dos manés?). Em seguida completou: “O Brasil precisa dessa resposta”.
Claro que os anti-bolsonaristas estão nadando de braçada nessa frase. Qualquer paspalho que aparece para atacar o ministro leva de graça um “perdeu, mané, não amola”.
A deputada federal de Brasília Bia Kicis é uma que não se cansa de dar a cara a tapa no Twiter. Tá levando porrada dos internautas que, em contrapartida, repetem as frases grosseiras e muito mais graves do seu Jair do que essa do ministro. A mais falada é “e daí? Não sou coveiro”, dita pelo presidente da República no momento em que doentes de Covid morriam de baciada por falta de vacina – que ele não comprou de imediato porque não acreditava nela – e pela falta de recursos hospitalares, incluindo medicamentos e oxigênio. Ele e a turma da Terra plana insistiam em que a hidroxicloroquina fabricada às toneladas pelo Laboratório do Exército Brasileiro, tomada com um mata-piolho, curaria todo mundo.
Mas Bia Kicis não desiste das postagens, e como Bolsonaro não prima pela boca chiusa, ela continua recebendo como respostas, as frases “educadas” do presidente.
Junto com ela vem um séquito de viúvas do Bozo, entre elas ministros (já quase ex-ministros em processo de limpeza de gavetas de onde devem retirar toneladas de panos que passaram pra Jair Bolsonaro durante estes quatro anos em que estiveram por lá), pastores picaretas e jornalistas idem que passam o dia criticando a frase do ministro do Supremo, exigindo até que “medidas legais” sejam tomadas. Não explicaram, porém, em que página do Código Penal Brasileiro poderia ser inserido um inocente “perdeu, mané” como um crime.
A postagem mais contundente contra o ministro Barroso veio nesta quarta-feira, via Twitter, o general do Exército Brasileiro Paulo Chagas, que transcrevo aqui agora: “Dita pelo Sr. ministro Luís Roberto Barroso, a frase do momento é “Perdeu, Mané”, dirigida a um brasileiro que o interpelava em NY. Com todo o respeito e no msm nível, eu o alerto: – Se liga, Mané, todo o poder emana do povo! Quem avisa amigo é, cuidado com a “cólera das multidões”!!
Pelos absurdos que estamos vendo neste período de luto pós-eleitoral da Bozolândia, parece que os manés não ficam só na frente dos quartéis. Ficam dentro deles também. E pior, chegam com ameaças veladas.
Coisa feia, general! Não se pode simplesmente abrir o bico e ameaçar as pessoas, menos ainda quando se trata de um ministro do Supremo. Se não gostou do resultado do jogo, enrole sua bandeira e aguarde pela próxima partida.
Chega de mimimi!
É chato dar pitacos na vida dos outros, porque afinal cada um escolhe o mico que quer pagar, mas pra esses walking deads acampados na frente dos quartéis, patrocinados por empresários bandidos que se beneficiam do governo Bolsonaro, vai meu recado delicado à la ministro Barroso: Perderam, manés! Não amolem!
Mas, se acharem ofensivo, vai o recado à la Jair Bolsonaro mesmo: Acabou, poha!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 18/11/2022.