Em novembro do ano passado, o Exército Brasileiro se manifestou contra mais uma bobagem expelida pelo presidente Jair Bolsonaro quando resolveu abrir sua bocarra pra dizer: “Apenas a diplomacia não dá, né Ernesto? Quando acaba a saliva, tem de ter pólvora, senão não funciona”, achando que estava abafando e fazendo o Biden, que ameaçava entrar com sanções econômicas contra o Brasil por causa dos desmatamentos na Amazônia, tremer de medo.
Isso não aconteceu, evidentemente. Joe Biden deve ter morrido de rir da cara do palhaço Bozo assim como todos os que ficaram sabendo dessa sua bravata. Até o Exército Brasileiro, que ele chama de seu, disse que ele tinha virado motivo de piada e de chacota, em todo o planeta.
Mas, como o mundo dá voltas, hoje, seis meses depois, quem virou piada foi o próprio Exército Brasileiro ao arquivar o procedimento administrativo aberto contra o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, por ter participado de ato político com o presidente, contrariando, assim, as normas da casa.
O gordinho preferido do Jair subiu no carro de som, no dia 23 de maio passado, para lamber o saco do presidente como sempre fez. No entanto como general da ativa não poderia ter praticado sexo explícito com Bolsonaro, digo, participado da manifestação. O ato é considerado uma transgressão disciplinar e o Alto Comando do Exército pediu a devida punição para Pazuello.
O ex-ministro teve de correr atrás do prejuízo, e, com o apoio do presidente, tratou de se defender. Para tanto, veio com a conversa mole de que aquilo não era um ato político porque Jair Bolsonaro não pertencia a nenhum partido.
Ahn? Como não era ato político? Até eu que sou mais tonta sei que um cara que não quer largar o osso de jeito nenhum tá em plena campanha para se reeleger, promovendo passeios de motos, inaugurando pontes já inauguradas, carregando criancinhas que choram de medo da cara dele. Se não é ato político, que nome se dá a isso?
Mas não é que o Exército engoliu essa lorota, e pá!, pôs uma pedra em cima do assunto?
E agora, verdinhos, como vocês ficam perante a opinião pública? Vão aceitar de boa os comentários de que vocês ficaram de quatro diante do presidente da República? Vão ouvir quietinhos que passaram por bobos diante de um argumento tão infantil?
Vão admitir que vocês pertencem mesmo a Jair Bolsonaro e fim de papo? Não se importam com o fato de que vocês é que são agora motivo de piada e de chacota?
Só que essa piada não tem graça. Nem pra vocês como uma instituição que deveria permanecer na caserna e não botar o bedelho na política como manda o figurino, nem pra nós brasileiros que estamos vendo um manipulador de pauzinhos fazendo suas marionetes dançarem conforme sua música.
Depois dessa, tenho mais uma piada sem graça para contar: Fabrício Queiroz, o carregador de malas das rachadinhas de Flávio Bolsonaro, está considerando “uma boa ideia” se candidatar a deputado federal nas próximas eleições.
Boa ideia pra quem, cara pálida?
Deu por hoje. E se alguém aí tiver alguma piada engraçada para contar, por favor, conte agora. Estamos precisando rir, porque olha, tá fácil não!
Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 4/6/2021.
A foto do comício político que, segundo o comandante do Exército, não é comício político, é de Fernando Frazão/Agência Brasil.