Este observador, não profundo conhecedor dos meandros ardilosos da política, está perplexo com a malhação do judas promovida contra Sérgio Moro por articulistas da grande imprensa, como aconteceu nestes dias na Folha. O que me consta: Lula foi condenado, pelo episódio do triplex, por onze magistrados. O primeiro, Moro, na primeira instância.
Depois, três desembargadores do Tribunal Regional Federal, que ampliaram a pena. A seguir, quatro ministros do Superior Tribunal de Justiça, que reduziram a pena. Por fim, três ministros do Supremo Tribunal Federal que mantiveram o voto. Como seria possível que Moro, na feitura do processo, tivesse conseguido ludibriar tantos magistrados? Onze, e ninguém viu nada errado?
Sim, houve as gravações feitas por um jornalista estrangeiro off side, com o que poderão ter sido algumas irregularidades cometidas por Moro. Mas em sete anos a Lava Jato conduzida pelo juiz desenvolveu 179 ações criminais, apresentou 559 denúncias contra acusados, promoveu 209 delações e recuperou quase R$ 12 bilhões. Não é possível que tenha sido por meios escusos.
O fato é que Lula acabou solto, o que não me entristece. Apenas discordo da malhação a Moro.
Então, em dado momento, Moro recebe um convite de Bolsonaro e se torna ministro da Justiça. Parece cristalino, mas não aos que o criticam, que o juiz tenha visto nisso uma possibilidade de promover um efetivo combate à corrupção (o que seria uma excelente bandeira para Bolsonaro). Mas o presidente logo deu a medida do que é ser um subordinado de seu governo –e Moro o que fez? Aceitou a situação e continuou no cargo, como fizeram alguns ministros da Saúde? Não, demitiu-se e ficou desempregado.
O que o impede, que imoralidade há em candidatar-se à Presidência agora?
Esclareço que ainda não me defini por candidatos entre os nomes que se apresentam ou cogitam. A única certeza é que prefiro a morte a escolher Bolsonaro.
Novembro de 2011