São Tantas Coisinhas…

Aconteceu tanta coisa esta semana que nem sei por onde começar.
Pensei em falar primeiro sobre o anúncio da compra de um satélite de R$ 145 milhões pelo governo federal, que me chamou bem a atenção.

Quando li, fiquei assim ó, de queixo caído.

Para que comprar um satélite pra monitorar a Amazônia se: Um: o INPE já dispõe desses aparelhos e eles estão funcionando direitinho? Dois: pra que gastar tanto para monitorar a região se o presidente sai falando por aí que não há queimada na Amazônia?

E por que cazzo torrar essa dinheirama toda justo no momento em que o Ministério da Economia cogita até em acabar com o programa Farmácia Popular para poder sustentar o Bolsa Família que querem renovar?
Aliás, mudaram o nome do programa para Renda Brasil só pra não pegar mal pro presidente. Lembram quando ele falou em 2018 numa palestra que o voto do idiota é comprado pelo Bolsa Família? Então!

Apesar do absurdo da coisa, esse assunto repercutiu bem entre a classe ruminante, lá no Twitter. Defendem que a compra é necessária mesmo que isso deixe a população pobre a ver satélites, digo navios.

Mas vontade é vontade, né? Quem nunca se rendeu ao brilho das quinquilharias que a Wish oferece?

Assunto dois: nesse vou passar de raspão só pra registrar a bizarrice da nota.
Um pré-candidato a vereador, chamado Neguinho Celular, lá de Santa Maria (BA), lançou um santinho virtual com a foto dele no centro, ladeado por Lula e Bolsonaro.

Isso é o que eu chamo de dar uma no cravo, outra na ferradura. Se bem que, nesse caso, deu as duas na ferradura.

Assunto três: essa notícia da deputada Flordelis (eu achava que era Flordélis até descobrir que a mulher não é flor que se cheire) ainda está dando muito o que falar. Não só pelo fato de ser ela a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, porque isso já nem espanta mais – tá cheio de marido que mata a mulher (feminicídio) e mulher que mata o marido (homemcídio) -, mas pela trama diabólica arquitetada por ela e pela família.

Aliás, que família! É marido que foi casado com a filha, é filho que envenena o pai, é filha que procura assassino delivery na internet… (será que já inventaram um iKill?). Tô tentando entender até agora quem é quem naquele imbróglio todo, mas o mais próximo que cheguei desse entendimento foi ouvindo uma música pouco conhecida (“Seu Delegado”) de um autor também pouco conhecido (Sadi).

Vou transcrever a letra aqui, porque parece que serviu de inspiração para a deputada terrivelmente evangélica, “irmã amada em Cristo” de Michelle Bolsonaro. Tão irmãs que se deixaram fotografar juntinhas, abraçadas. Um internauta não perdeu a chance de publicar a foto, que logo viralizou, com a apropriada legenda Cheque e Mate.

(Por falar nisso, Jair Bolsonaro ainda não respondeu por que a primeira-dama recebeu R$ 89 mil do Queiroz. E sobre a tal Flordelis, apesar da confirmação do crime, ainda não foi presa. Parece que é porque tem furo privilegiado).

Confiram a música!

Seu Delegado já não posso mais
Vou dar um fim na minha vida
Vou viver em paz
Pois sou VIÚVO e tenho um FILHO homem
Arrumei uma VIÚVA e fui me casar
Mas minha SOGRA que é muito teimosa
Com meu FILHO foi se matrimoniar
Desse matrimonio nasceu um garoto
Desde esse dia que eu ando louco
Esse garoto é FILHO do meu FILHO
Sendo FILHO da minha SOGRA
IRMÃO da minha MULHER
Ele é meu NETO e eu sou CUNHADO dele
Minha SOGRA é minha NORA
meu FILHO meu SOGRO é
Dessa confusão já nem sei quem sou
Acaba esse garoto sendo meu AVÔ.

Entenderam?

Esta crônica foi originalmente publicada em O Boletim, em 28/8/2020. 

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