Não me sinto confortável para contar aqui como passei o carnaval, porque pode parecer exibicionismo da minha parte. Mas vou contar assim mesmo!
Foram cinco dias momescos, especialmente no que se refere às abundantes refeições, pecaminosamente praticadas quatro vezes ao dia.
O clima colaborou. Na hora da chuva a gente comia. (E como!) Nas estiadas a gente se divertia ao som do grupo de samba, ou no carnaval animado, preparado para as crianças. (Crianças? Quem mais pulava era gente grande mesmo. Meus joelhos que o digam!)
Também não me sinto confortável para contar que depois do café da manhã regado a champanhe francês íamos para a piscina pra relaxar e ouvir o som suave vindo do músico que cantava MPB, com um repertório escolhido a dedo.
Depois do jantar, a digestão era feita na sala de estar do hotel, com piano ou seresta ao vivo fazendo pano de fundo.
Foram dias de quase total alienação. A internet ia e vinha como o vento soprado das montanhas. Televisão? Quase nunca ligada, nem mesmo para o noticiário, já que essa era a hora reservada pra jogar bilhar com minha neta. Carnaval? Nada! Nem vi a mangueira entrar (😆). Soube, por alto, que a Mancha Verde trouxe o primeiro título do ano pro meu querido Verdão e que a Gaviões da Fiel promoveu uma partida entre Jesus Cristo e o Diabo no sambódromo do Anhembi. E parece que o resultado terminou em 1×0 pro Diabo, provocando indignação e repúdio da bancada evangélica.
E, nesse tempo todo de hotel fazenda, o que vi de mais escatológico veio de um cavalo patudo, que no meio do caminho resolveu entrar no clima e mandou um “eu quero é botar meu bloco na rua…”, mostrando aos passageiros da charrete que o campo tem outros “perfumes” além dos exalados pelas flores.
Mas agora a folia acabou e na quarta de cinzas quase tudo tinha voltado ao normal.
Já em casa com os 120 megas de internet a todo vapor, vou pro Twitter e dou de cara com a porno-postagem do nosso presidente.
Ele resolveu mostrar pro mundo um Golden Shower, popularmente conhecido como mijada, na cabeça de um homossexual desvairado que pediu pra ter seus cabelos lavados com o xixi de um paspalho que assistia à sua exibição.
Um horror, é verdade! Mas mais horror ainda é saber que essa imagem foi parar na mídia estrangeira graças à estupidez de um Chefe de Estado (😔) que não entende que seu cargo exige uma certa postura política e que nem mesmo conhece as regras das redes sociais. Publicar pornografia é proibido sob pena de ter sua conta cancelada.
Com que intenção ele fez isso? Será que foi para tentar colocar no mesmo patamar os protagonistas dessa cena escatológica com os milhões de foliões descontentes que gritavam em coro, e em vários pontos do país, um sonoro “bolsonarovátománocu”? Ou foi pra desviar o foco em cima do aumento de 16% dos gastos pessoais com o cartão corporativo da Presidência da República? Sabe, aquele cartão usado pelo presidente e por seus asseclas, que ele durante a transição prometeu extinguir? Então! É esse! O cartão não só não foi extinto como a fatura desses dois únicos meses de governo chegou a R$ 1,1 milhão.
Cadê a moralização prometida?
Pelo que estamos vendo, tudo indica que esse bloco não pretende tirar a velha fantasia e que o Golden Shower na cabeça dos brasileiros não vai ter fim!
Comente e dê sua opinião!
PS: Para quem não leu o comentário do presidente sobre a cena dantesca que ele ajudou a espalhar pelo mundo, aqui vai o texto na íntegra:
“Não me sinto confortável em mostrar, mas temos que expor a verdade para a população ter conhecimento e sempre tomar suas prioridades. É isso que tem virado muitos blocos de rua no carnaval brasileiro. Comentem e tirem suas conslusões”:
(Logo abaixo vem a cena que não precisa ser reproduzida.)
Este artigo foi originalmente publicado em O Boletim, em 8/3/2019.