Cuidado. Contém besteirol.
Começou com um WhatsApp que mandei para Yara, minha irmã, manicure e pedicure no Guarujá. O retorno veio em segundos: “Estou acabando um pé e já respondo”. Ora, replico, Michelangelo também pode ter dito isso a quem o interrompeu enquanto esculpia o David.
A ideia de esculpir levou-me a Pinóquio. Um amigo diz que certo sujeito falou mal dele. “Estou me lixando”, reage o boneco. E logo, “Ai, isso dói”.
Já que cheguei aí, pus-me a imaginar o que aconteceria se, de uma hora para outra, as obras de arte ganhassem vida. Lá está O Pensador, do Rodin, sentado em uma pedra. Braço apoiado na perna, a mão fechada segurando o queixo. De repente ele se ergue e endireita o corpo: “Não aguento mais, preciso esticar as costas”.
Quem mais? Mona Lisa, claro. Ao saber o que está acontecendo, uma multidão toma o Louvre de assalto. Quer ver o que fará a musa de Da Vinci. Tropas de choque são mobilizadas para organizar a visitação. Os que conseguem chegar diante do quadro encontram Mona Lisa com… seu sorriso de Mona Lisa. E isso é tudo. Acenam para ela, alguns fazem caretas para ver se o sorriso sem expande. Nada. Decepcionadas, vão se retirando devagar.
Depois que todos se foram, os vigilantes do museu se assustam. Uma gargalhada colossal ressoa pelas salas desertas.
Em São Paulo… O nosso Borba Gato está impassível, na Avenida Santo Amaro. Súbito desce do pedestal, joga o mosquetão no chão e põe-se a andar, apressado. Vai perguntando às pessoas assombradas onde pode comprar um fuzil T4 liberado pelo presidente.
Junho de 2019
Nota do administrador: A foto do Borba é de minha autoria mesmo. Fiz da última vez em que o encontrei, em fevereiro, numa de nossas aventuras de Sampa a Pé. Não iria perder a oportunidade de usar aqui, já que Valdir Sanches voltou a falar nele. Sim, Valdir é useiro e vezeiro em falar do Borba: em 2013, fez bela reportagem para o Diário do Comércio sobre o homem que esculpiu o Borba Gato. (Sérgio Vaz)