O Rio continua lindo. Mais do que lindo, deslumbrante. No outono, é quando a beleza desta cidade assume um colorido mais nítido e suave, e deixa qualquer um estonteado.
Pena que por dentro esteja mais feio, mais medonho, mais cruel e violento do que nunca.
Ainda muito traumatizada com a morte da menina Maria Eduarda, no pátio da escola em Acari, a cidade viu morrer, nos últimos seis dias, Paulo Henrique, também com 13 anos; Gustavo; Bruno; Felipe, todos com menos de 20 anos, todos vítimas de tiroteios.
Não creio ser necessário detalhar aqui o sofrimento das famílias. A dor da perda de um filho é lancinante, rasga as entranhas de pais e avós.
E arrebenta com os menores: Pedro, de 10, irmão de Paulo Henrique, só pedia à mãe: “calma, mãe, calma, por favor, levanta”. Sentir o sofrimento de sua mãe estava sendo insuportável para ele.
Mas, e as autoridades, perguntamos todos? Onde estão? O que dizem? Que medidas tomam?
Bem, o governador Pezão não se omitiu. Falou à imprensa e pediu: “Eu preciso ter mais recursos. Eu tenho quatro mil policiais pra serem admitidos, mas, infelizmente hoje não posso admiti-los, não tem recursos”.
Não é curioso? Ele pede dinheiro ao governo federal para cobrir o buraco deixado pelo governo anterior ao seu, o do Sergio Cabral, que ontem teve a coragem de dizer ao juiz Sergio Moro que comprou, sim, alguns bens de luxo, com pagamento feito com dinheiro de Caixa 2 e com recursos próprios.
Já Adriana, sua mulher, confirmou que fez boas compras, tanto ela quanto o marido, mas que não sabia qual a origem do dinheiro. Sempre acreditou no marido que lhe dizia que o dinheiro era lícito.
Desculpem, mas a cena que passa em minha cabeça é imperdível:
Sergio chega em casa com uma caixa linda e entrega à mulher que abre o presente, vê um anel que brilha tanto que ofusca sua visão. O que ela faz? Beija o marido e agradece o mimo? Com certeza, mas antes pergunta: “Foi comprado com dinheiro lícito?”.
Não é uma cena digna de um Coppola ou de um Scorcese?
Sou carioca apaixonada pelo Rio. Mas não quero que o governo federal envie mais dinheiro. Isso não ia resolver nada.
O que era bom, o que era ótimo, o que era excelente, era que o Governo Federal interviesse no Estado do Rio e que o ministro Raul Jungmann enviasse tropas federais para cá.
É disso que precisamos. E mais depressa do que nunca!
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 28/4/2017.
“Sabe COXINHA esperto, há 100 anos não existia classe média. Não existia você. Não existia autonomia. Não existia profissional liberal. Nem existia assalariado. Há 100 anos, COXINHA, existia uma pequena elite difusa que se transformou em burguesia, herdeira secular de terras, privilégios, favores e negócios que remetem aos regimes monárquicos, seja no Brasil ou na Europa. Essa elite era dona de tudo: das terras, das fábricas, dos meios de produção. E tudo o que o povão tinha era fome, sede, frio, calor e força de trabalho pra vender por QUALQUER merreca que essa elite quisesse pagar.
Sabe COXINHA, esse povão trabalhador, durante décadas, foi explorado, torturado, privado de tudo, em nome do lucro de poucos. E durante décadas esse povão precisou se unir, e lutou, combateu, apanhou, foi preso….até ser ouvido para, pouco a pouco (bem lentamente mesmo), à duras penas, conquistar direitos trabalhistas que hoje regulam o que você faz.
E foi esse povo que, consolidados os seus direitos, passou a ser um negócio chamado: classe média. Esse povo, com muito suor e sangue, inventou uma classe social potente e enorme que, no caso, COXINHA, é a SUA classe social. Você é o resultado prático da luta, das greves, das manifestações, e de toda organização política feitas por gente que, por sua força de MASSA, de CONJUNTO, conseguiu mudar o paradigma do século 20.
Seja você um autônomo, dono de uma pequena ou média empresa, seja você um profissional liberal, um prestador de serviços… seja você o que for, você foi inventado por GREVISTAS e só existe porque GREVISTAS permitiram que você pudesse existir e ser livre.
Sem os grevistas, COXINHA espertalhão, hoje você estaria dormindo 3 horas por dia e almoçando água com pedra. Sempre na nobre companhia de um senhorio com uma CHIBATA na mão para que você nunca se esqueça quem manda.
O tempo passou, o mundo mudou, mas nem tanto. Eles continuam tendo o poder e sendo poucos. E os trabalhadores continuam sendo a maioria e fazendo da sua UNIÃO a única arma para garantir sua sobrevivência e seus direitos.
Acorda COXINHA!
O único vagabundo é aquele que teve preguiça e a incapacidade de ler os livros de história.