São muitas as menções que eu gostaria de fazer a tudo que ouvi, li e assisti desde aquela sessão na Câmara dos Deputados até a sessão no Senado Federal encerrada ontem pela manhã.
Começo com as duas notícias mais fortes: o afastamento de Dilma Rousseff e a posse do presidente em exercício, Michel Temer.
Ela sai inaugurando uma nova fase: a vítima, a ‘mater dolorosa’ que desperta emoções, enche d’ água os olhos de seus auxiliares. Ao se despir da Dilma zangada, criou um fato novo. Mas é bom nos prepararmos para o Vale de Lágrimas que a presidente afastada pretende usar de hoje em diante para tentar escapar do afastamento definitivo. Pelo menos foi o que se pressentiu em seu pronunciamento de despedida.
Já o presidente Michel Temer tira o Brasil do marasmo e dá o primeiro passo sob o lema de nossa bandeira, Ordem e Progresso. E sob a proteção do ‘livrinho’ que, no caso dele, não é um presente que se deva oferecer-lhe: nosso novo presidente é um constitucionalista de peso. Duas coisas importantes chamaram minha atenção tal qual dois imensos holofotes: o português escorreito e a ausência, espero que para sempre, do ‘nós e eles’.
Mas quero deixar aqui um registro da minha gratidão. Começo pelos três senadores pelos quais nunca nutri grande simpatia, mas que ontem, verdade acima de tudo, fizeram aquilo que tinha de ser feito.
São eles: Renan Calheiros, que presidiu aquela longa sessão com muita competência, considerando os colegas e exigindo que o Senado Federal fosse respeitado. Ele não é perfeito, já cometeu erros que fazem uma feia sombra em sua vida, mas, ontem, foi exemplar.
José Serra, que usou o grande Dante Alighieri para lembrar a todos que os neutros em tempos de crise ocuparão os lugares mais quentes no Inferno. Ele não se omitiu e mostrou que Michel Temer acertou ao colocá-lo no Ministério das Relações Exteriores: o mundo precisa saber que um novo caminho será trilhado pelo Brasil, um caminho que levará à credibilidade e à confiança que perdemos ao longo desses treze últimos anos.
E, por último, mas em primeiro lugar em minha admiração, o senador Cristovam Buarque que pronunciou as mais belas palavras da sessão. Seu voto representaria três votos: o técnico, o moral e o jurídico. Como parecia indeciso, o senador pernambucano surpreendeu com o pronunciamento mais seguro e valoroso de todos, afirmando que não foi ele quem mudou, foi a esquerda que envelheceu!
A votação, 55×22, deu ensejo a uma comemoração alegre, mas sem exageros, posto que nós, brasileiros, já estamos tal qual gato escaldado com medo de água fria… E, francamente, enquanto o desemprego não baixar, qualquer comemoração com foguetes é um acinte!
Mas é à nossa Imprensa, escrita e falada, e à Lava-Jato, que quero enviar meus melhores agradecimentos.
À Lava-Jato devemos a limpeza do terreno para que o novo governo possa plantar um jardim onde cresçam belas árvores que crescerão e darão frutos que permitirão aos brasileiros viver mais felizes, com trabalho e segurança para todos.
Sou grata aos jornalistas pois sem eles estaríamos ainda tateando às cegas num país desordenado, confuso, cheio de obstáculos, de pedras soltas, de sarjetas imundas. Como trabalharam nesses últimos tempos! Meus dias foram curtos para ler tudo que escreveram e tudo que transmitiram nos jornais televisivos.
O novo governo faz renascer a esperança, oxigena a Nação.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 13/5/2016.
A esquerda envelheceu.
A direita conservou-se.
O fascismo modernizou-se.
O capitalismo expandiu-se.
O socialismo continua sonhado.
Chegou a hora de uma nova esquerda,
Hora de começar de novo.
Sabemos o que não fazer – já é algo.
Para a retomada, não temos o roteiro, mas temos o faro..
A nossa capacidade de enfrentar o presente e
Sonhar o futuro, cuja certeza vai além de nossa retórica.
Começar de novo
E contar comigo
Vai valer a pena
Ter amanhecido
Ótima análise, Maria Helena. Fiquei a madrugada inteira assistindo e minhas impressões foram exatamente as mesmas. Pena que o narcisismo dos senadores não permitiu que a votação acontecesse na noite de quarta. Com o Brasil inteiro assistindo, teria sido uma festa cívica inesquecível. Agora, com a sua licença, mando aqui um recado para meu amigo Miltinho, o poeta petista de estimação deste site: bem que eu tentei avisar você para não ficar tão empolgado com a Operação Maranhão, Miltinho, mas não deu nem tempo. De qualquer forma, você ainda pode fazer um grande trabalho social, enviando e-mails elogiosos para consolar petistas milionários na cadeia. Viu a cara do Lula, tentando não ser notado na despedida da Dilma? Coitado, não pode nem se lembrar do Moro, que já se esconde debaixo da cama. E hoje (13/05), o Jornal Nacional, esse PIG nojento, publicou as revelações da Justiça sobre a roubalheira do governador petista Fernando Pimentel e do governador do Rio, Sérgio Cabral. Faça um poema defendendo a regulamentação da mídia e mande para Curitiba, Miltinho. Desmascare esse complô da Globo com a Polícia e a Receita Federal,o Ministério Público, CIA e George Soros. Todo mundo sabe que o objetivo deles é entregar o pré-sal para o Donald Trump. Vai fazer um enorme sucesso com os atuais e futuros hóspedes do Sérgio Moro, poeta Miltinho.
Excelente a sugestão do Luiz Carlos, Miltinho. Assino embaixo!
Maria Helena, beleza de texto. Como sempre.
Um abraço aos três.
Sérgio
As sociedades mais pobres e retrógradas são aquelas que subjugam as mulheres.
Poesia para LC
Poetas loucos cuspindo razão.
Anjos e demônios na mesma religião.
A miséria às custas da vida dura.
Gente sorrindo com o coração em pranto
surdos ouvindo a canção dos falsos santos.
Vi mãos calejadas beijando mãos macias
José nas enxadas no cabo delas, Maria.
Com mansos olhos de fel
E a boca dura de fera
vi um país no céu
E o inferno na terra.
Sérgio Vaz
*do livro Colecionador de pedras (Global Editora)