O PT quer sangue

Que ninguém jamais subestime a capacidade do PT de lutar contra o país, a favor de seus próprios interesses.

O PT está jogando todas as suas fichas no incêndio geral, na desestruturação, na ruptura das instituições. O PT quer sangue.

Chamar o processo de impeachment de “golpe”, e clamar essa mentira grotesca, tacanha, absurda, mundo afora, de tal maneira que até mesmo o New York Times acredite na sandice, é parte prioritária, fundamental, da tática.

Colocar o “exército do Stédile”, o exército do Boulos, colocar as CUT, UNE, etc, etc, etc, nas ruas e nas estradas tentando provocar o caos é parte importante da mesma tática de não permitir que o governo Temer governe.

Botar atores, atrizes, músicos, gente de cinema, de teatro, para dar declarações iradas seguramente é a parte mais fácil de executar.

A mais grave, mais perversa, mais perigosa, mais explosiva, no entanto, foi feita de mansinho, sem chamar a atenção de quase ninguém.

O PT resolveu dar tapa na cara dos militares.

Como muito bem disse o novo ministro da Defesa, Raul Jungmann, ao tomar posse, na segunda-feira, 16 de maio, as Forças Armadas tiveram, ao longo de toda esta atual crise – econômica, política, moral, que quase chegou mesmo a ser institucional – uma “posição constitucional atenta e serena”, o que representa uma “glória” para as Forças.

Ou seja: desde o fim da ditadura militar, desde 1985, período que portanto inclui os últimos 13 anos de governo lulo-petista, as Forças Armadas estiveram onde sempre têm que ficar – cumprindo seus deveres constitucionais e não se metendo em política.

Apesar de todas as idiotices ditas pelo deputado Jair Bolsonaro. Apesar de todas as imbecilidades ditas por débeis mentais que pediram intervenção militar.

Agora, entra em cena o PT, sempre muitíssimo mais perigoso que esses trogloditas de extrema direita, vozes solitárias, isoladas. No documento que saiu da reunião do Diretório Nacional realizado na terça, dia 17, escreveu o seguinte:

“Fomos igualmente descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista; fortalecer a ala mais avançada do Itamaraty e redimensionar sensivelmente a distribuição de 5 verbas publicitárias.”

Eliane Cantanhêde informou, em texto publicado em seu blog no meio da tarde da quinta-feira, dia 19:

“O comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, reagiu com irritação à Resolução do Diretório Nacional do PT sobre Conjuntura, aprovada na última terça-feira, em que o partido, em meio críticas à própria atuação e ao governo Dilma Rousseff, incluiu um “mea culpa” por não ter aproveitado seus 13 anos no poder para duas providências em relação às Forças Armadas: modificar o currículo das academias militares e promover oficiais com “compromisso democrático e nacionalista”.

“Com esse tipo de coisa, estão plantando um forte antipetismo no Exército”, disse o comandante ao jornal Estado, considerando que os termos da resolução petista – e não apenas às Forças Armadas – “remetem para as décadas de 1960 e de 1970″ e têm um tom “bolivariano”, ou seja, semelhante ao usado pelos regimes de Hugo Chávez e agora de Nicolás Maduro na Venezuela e também por outros países da América do Sul, como Bolívia e Equador.

Segundo o general Villas Boas, o Exército, como Marinha e Aeronáutica, atravessam todo esse momento de crises cumprindo estritamente seu papel constitucional e profissional, sem se manifestar e muito menos sem tentar interferir na vida política do país. Ele espera, no mínimo, reciprocidade. Além dele, oficiais de altas patentes se diziam indignados contra a resolução do PT. Há intensa troca de telefonemas nas Forças Armadas nestes dois últimos dias.”

***

Que ninguém pense que o PT irritou os mais altos oficiais das Forças Armadas à toa, sem ter pensado muito bem nos efeitos do texto que divulgaria.

Foi tudo muito bem planejado.

O PT está dando tapa na cara dos oficiais generais para provocar uma reação deles.

O PT quer que haja violência, extremismo, radicalização, sangue, reação militar, coisa ruim. É a única forma de o PT tentar fugir de suas responsabilidades por ter enfiado o país na gravíssima crise econômica, política e moral em que hoje está.

19 de maio de 2016

5 Comentários para “O PT quer sangue”

  1. Servaz estava calado, meditando sobre as conseqüências do golpe que ele apoiou. Entregue o país agora urge manter o poder, a economia autofágica. nem que seja se aliando aos militares.
    Seu texto é um aviso aos inimigos, ou melhor, uma ameaça aos movimentos sociais, aos intelectuais, artistas, enfim todos aqueles que se opõem ao golpe político/jurídico/midiático.
    Vai correr sangue sim. O texto apresenta a dúvida sobre o papel a ser desempenhado pelos militares. Sérvaz faz uma subliminar convocação.
    Bolsonaro é mais explicito.
    A história vai te condenar Servaz, o sangue de Vlado te perseguirá.

  2. Parabéns pelo artigo. O PT quer sangue, mas haveremos de manter o controle da situação, sem dar a eles motivos para prejudicarem o Brasil mais do que já prejudicaram.

  3. Michel Temer e o Capitalismo de Desastre.
    O caos é o melhor caminho para levar sociedades a aceitar as “terapias de choque”.
    Os movimentos sociais não sairão das ruas, restará aos fascistas incrimina-los.
    Minha esperança continua me convidando a caminhar.

  4. Ao GD

    Quem lhe escreve é alguém que começou a escrever e ser acolhido no site “50 anos de textos” graças a generosidade do amigo Sérgio Vaz. Sou eternamente grato a ele que deu um espaço, a um sujeito sem nenhuma pretensão a não ser exercer uma crítica a grande mídia (o PIG), sem nenhuma censura.
    Aprendi como fazer crítica sem cair no maniqueísmo ideológico, armadilha sedutora que atraí quem quer o aplauso fácil dos que pensam igual. Trocar o pensamento único de direita pelo de esquerda já causou tantos males e combatê-lo por igual é meu intuito. Não penso igual àqueles muitos de esquerda, mas combato os métodos e o pensamento da direita.
    Humildade faz bem a quem escreve. Orgulho-me da minha humildade e/ou vaidade. Pretendo-me sonhador, no mais das vezes, ser reformador do mundo, alguém especial. Nunca passei de mero espectador e tive que aprender na marra absorver muitas lições e derrotas. Creio ter aprendido com elas.
    Por ter lido e conhecido o Jornal do Brasil e outros jornais importantes do Brasil que tiveram papel importante em momentos críticos da recente historia do país sinto-me à vontade de exercitar meu viés crítico. Na esteira se criaram muitos jornais eletrônicos no país. Uns mais a esquerda, outros menos. Todos ou a maioria, felizmente, com uma agenda progressista e democrática. Até porque defender o pensamento único neoliberal não precisa de ajuda nenhuma. A grande mídia está toda voltada para este fim.
    Tento “dar nó em pingo d’água” para manter em pé esta minha trincheira contra o pensamento único, a favor da democracia e da pluralidade de opiniões.

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