Ao longo de 2016, o mundo perdeu diversos músicos importantes. Chorei pela morte de Leonard Cohen, um dos grandes, dos maiores que já houve na música popular, um dos meus maiores ídolos na vida.
Mas além dele perdemos David Bowie, o grande cameleão do pop.
Perdemos Glenn Ferry dos Eagles, Prince, Billy Paul.
Perdemos Cauby Peixoto, Naná Vasconcelos.
Morreu George Martin, o cara que fez o som dos Beatles.
E aí, no dia de Natal, morreu George Michael.
Não conheço George Michael, Não é um músico que eu tenha acompanhado. Meu iTunes, de mais de 15 mil músicas, só tem uma com George Michael, ele com Elton John no disco Duets, de 1993.
Mas tenho idéia da importância dele. É uma dessas pessoas cuja obra não conheço mas faço boa idéia de quem seja – tipo Madonna, Fred Mercury e Queen, Sex Pistols, Nirvana, e tantos, tantos outros.
É como diz a abertura do texto sobre ele no AllMusic:
“George Michael was the biggest British pop star of the 1980s, spinning a series of infectiously catchy pop singles into global stardom that saw him sell over 100 million albums worldwide. Blessed with good looks, a fine voice, and a knack for writing engaging melodies that worked well with dance-friendly rhythms, Michael became the rare teen sensation who matured into a respected star as an adult, though his life after achieving pop icon status has not been without personal and creative challenges.”
***
Assim, fiquei chocado, bastante chocado, quando vi no Facebook posts menosprezando George Michael.
Meu Deus do céu e também da terra, que mundo é este em que pessoas erguem suas vozes publicamente, no dia de Natal, para menosprezar alguém que acaba de morrer, e acaba de morrer aos 53 anos de idade?
Tem aqui, creio, uma herança do “nós versus eles”, essa doença horripilante inoculada pelo lulo-quadrilhismo na vida nacional ao longo daqueles dolorosos 13 anos. Fla x Flu. Se alguém fala bem de alguma coisa Fla na rede social, eu que sou Flu vou lá falar o contrário.
Tem aquela coisa mais ampla ainda, aquela de que nos falava Umberto Eco, de que as redes sociais deram voz a legiões de imbecis.
A frase de Eco talvez seja forte demais, ou talvez até traia um tanto de demofobia.
Mas o fato é que as redes sociais deram voz a milhões e milhões de pessoas – e milhões e milhões de pessoas que acham que entendem de coisas que, bem, a rigor, elas simplesmente não conhecem.
Se eu entrasse numa discussão de físicos quânticos achando que poderia dar a minha opinião, eu seria talvez como algumas pessoas que se pronunciaram sobre George Michael no Facebook.
Sujeitos totalmente desprovidos de informação, conhecimento, experiência, razão sobre aquele determinado tema, mas que teimam em falar sobre o que não entendem, não conhecem.
As redes sociais são fantásticas, fabulosas.
Mas ao mesmo tempo abrem a porta para muita imbecilidade.
Meu Deus do céu, quanta imbecilidade.
Seria uma maravilha se neguinho que entendesse um pouco de política falasse sobre política. De economia, sobre economia. De rock, sobre rock. De jazz, sobre jazz. De Grande Música Americana, sobre Grande Música Americana.
Quando neguinho se põe a falar sobre algo que não conhece, que não entende, que não domina, mostra-se um panaca.
25/12/2016
Realmente as REDES sociais permite idiotices, quando 0 comunista Oscar Niemeyer morreu parte dás torcida contrária
Parece que eles se julgam obrigados a opinar sobre tudo, mesmo não tendo a mínima idéia do que se trata. E as opiniões são, em geral, muito ofensivas. É o tal de cyber bullying, protegido pelo anonimato. Ainda acho que a melhor definição desses “haters” foi a dada pelo Umberto Eco. Não é exagero nem demofobia. O sagrado direito de externarem sua idiotice não os torna imunes à crítica e nem torna essa crítica aristocrática. A internet nos revelou mesmo que a quantidade de imbecis neste mundo é muito maior do que poderíamos imaginar. Pior: imbecis de maus bofes.
Diz o Sérgio “As redes sociais são fantásticas, fabulosas.” Acho que, pelo contrário, são horrorosas, pestilentas, execráveis. Fujo delas todas como o diabo da cruz. Tenho uma extensão no Google com que bloqueio todos os resultados de pesquisa que não me interessam. O facebook é o que está bloqueado permanentemente.
Acrescento:
O Facebook tem ferramentas de segurança que bloqueiam certo tipo de conteúdos que podem ferir a suscetibilidade dos usuários da rede social. Um desses conteúdos é a nudez ou algo de cariz sexual explícito. E nem as estátuas escapam a estes filtros do Facebook. Uma imagem da estátua de Neptuno, situada na Piazza del Nettuno em Bolonha, Itália, foi censurada pela rede social e quem a publicou teve que a retirar.
A autora da publicação, Elisa Barbari, decidiu tirar uma fotografia à estátua que é um dos maiores símbolos de Bolonha, para a colocar numa página sobre a história da cidade italiana. Mas o Facebook pediu para a autora eliminar a fotografia.
Barbari, que é escritora de profissão, utilizou a sua página para ‘denunciar’ o sucedido. Publicou a mensagem que o Facebook lhe enviou e não deixou de a comentar. No post publicado a escritora escreveu: “Eu queria promover a minha página, mas parece que para o Facebook a estátua é sexualmente explícita e mostra demasiada carne. A sério, Neptuno? Isto é uma loucura!”
Observador, 3/1/2017
Eu li por alto alguém falando desses comentários maldosos sobre a morte de George Michael, mas graças aos céus não li nenhum.
Ele ainda estava meio na onda nos anos 1990, e uma ou outra música sua embalou minha adolescência. “Freedom ’90” fez muito sucesso. (MelDels, me lembrei da revista Capricho, que eu lia na época, e era minha fonte principal de informação sobre músicas e filmes do momento). Quem nunca ouviu a melosa “Careless Whisper” que atire o primeiro rádio. Sem falar que “One More Try” tocava nos bailinhos da minha época. Gostei dele enquanto esteve nas paradas, depois disso parei de ouvir, mas assim como você, sei do seu valor como artista pop.
Eu não sei o que acontece com as pessoas, mas já experimentou ler comentários de portais de notícias? É bizarro, é muita maldade e crueldade juntas, beira o inacreditável.
Só sei que eu uso internet desde que ela chegou ao Brasil, e em 2016 fui trollada pela primeira vez, numa página do Facebook, sem motivo nenhum; só porque comentei algo sobre DVD x Blu-ray com uma amiga. Veja bem, não foi um comentário solto, foi direcionado a alguém que conheço. Pra quê? Só não me xingaram de santa e rapadura. O acontecimento me fez dar um tempo no Facebook, e ainda me ajudou a cumprir minha meta de ler mais livros e perder menos tempo naquilo.
O mundo está tão doente que as pessoas se acham grande coisa só porque têm uma página de “cinema” no Facebook, e por cinema entenda-se: uma página que reproduz fotos que estão no Google; conteúdo sobre filmes não tem nenhum. Até desconfio que uma dessas pessoas (que também tem uma página lá, e um blog sobre cinema) comenta às vezes no 50ADF, para meu horror.
Voltando: em pleno 24 de dezembro tinha gente comentando post político de meses anteriores, destilando raiva nas redes sociais, falando em “golpe”. Sério, a pessoa não se dá um tempo mesmo no Natal? Sei lá, eu gosto de ficar mais recolhida no Natal e na véspera, sempre que possível, e acho que mesmo pra quem não acredita, é uma data para refletir, ou pelo menos fazer coisas agradáveis, e não ficar na internet soltando ódio, babando veneno no teclado do computador ou na tela do celular, por causa de político de estimação.
A questão não é somente comentar sobre o que não se sabe, mas odiar por odiar, falar mal de alguém por puro despeito, inveja, pobreza de espírito. É muita energia ruim circulando nas redes, gente maldosa e invejosa, afinal, as pessoas são o que são, seja na vida real ou virtual.
Eu acho a internet fantástica, gosto muito da proximidade que ela traz, ainda que muitas vezes falsa, de ter tanta informação ao alcance dos dedos, de poder interagir com pessoas de outros lugares, fazer compras e transações bancárias, não precisar usar o telefone etc. Já as redes sociais não acho tão fantásticas assim, apesar de gostar muito do Twitter… ainda. (Gosto dos memes, de poder tuitar e ler tuítes assistindo a algum programa especial, série, Olimpíada; de reclamar e ser mais rapidamente atendida pelos SACs das empresas).
A propósito, até Sherlock Holmes está usando o Twitter agora na temporada 4 da série britânica, para alegria geral dos fãs que usam o micro blog. hahaha
PS: Adoro os comentários do José Luís. A mim me soam rabugentos, e por isso mesmo engraçados; talvez pela sinceridade extrema dele.
Devo dizer que eu, como a Jussara, adoro os comentários do José Luís, que ouso considerar meu amigo, depois de alguns anos de troca de mensagens.
Tenho por ele o maior respeito e a maior admiração.
Sérgio
Outro acrescento:
“Utilizadores das redes sociais confiam naquilo que partilham mas nem tudo é verdade
Estudo confirma partilha de conteúdos sem leitura atenta ou qualquer confirmação.
Os utilizadores das redes sociais têm tendência para pesquisar e partilhar conteúdos que reforçam aquilo em que acreditam e que é socialmente aceite num determinado grupo, concluíram investigadores de um estudo científico sobre Internet.
As redes sociais são “um ambiente fértil para a difusão massiva de rumores não confirmados. Usando uma grande análise quantitativa do Facebook, demonstrámos que a informação relacionada com temas distintos – teorias da conspiração e notícias sobre ciência – geram comunidades homogéneas e extremas”, lê-se no resumo do estudo, publicado na Acta da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.
A equipa de investigadores italianos, que assina o estudo, quis perceber como é que a informação falsa se espalha pela Internet, sublinhando que, ao contrário do que se pensa, as redes sociais não permitem abrir horizontes. “As redes sociais isolam-nos ao criarem, facilitarem a confirmação e perpetuarem preconceitos”, dizem.
Em declarações à CNN, um dos investigadores, Alessandro Bessi, alertou que muitos dos utilizadores das redes sociais partilham conteúdos sem de facto os terem lido com atenção, confiando apenas na pessoa que os partilhou anteriormente.
Enquanto não é criado um programa informático ou um algoritmo que consiga distinguir a informação verdadeira da falsa, Bessi recomenda a cada utilizador um método mais analógico: confirmar antes de partilhar.
Público de 23/1/2017
E outro:
“Facebook. Zuckerberg começa 2017 a somar milhões
A influência desta rede social continua a aumentar e a surpreender muitos. Quem mais lucra com este crescimento é Mark Zuckerberg, que fechou o ano de 2016 na lista das dez pessoas mais ricas do mundo.
De acordo com os últimos dados, divulgados pela Forbes, o ano de 2017 ainda mal começou e o criador do Facebook já tem motivos para sorrir. O multimilionário foi quem mais dinheiro recebeu nas primeiras duas semanas deste ano. No total, já recebeu 4,72 milhões de euros, um valor que nem Bill Gates consegue ultrapassar.
No top dos mais ricos
Aliás, Mark Zuckerberg aparece na lista das oito pessoas que acumulam a mesma riqueza que a metade mais pobre do mundo, no total de 3,6 milhões de pessoas.
De acordo com a Oxfam, confederação internacional contra a pobreza, “a brecha entre ricos e pobres é maior do que se temia”.
Winnie Byanyima, diretora-executiva da Oxfam, garante mesmo que “a imensa riqueza que acumulam uns poucos resulta obscena quando uma em cada dez pessoas no mundo sobrevive com menos de 1,88 euros por dia”.
Para a confederação é importante que os governos aumentem os impostos sobre as grandes riquezas e que tudo façam para travar a evasão fiscal.”
Jornal Sol de 16/1/2017
Outro recente:
Os familiares de três vítimas do massacre de Dezembro de 2015 em San Bernardino, na Califórnia, processaram o Facebook, Google e Twitter, alegando que estes gigantes tecnológicos permitiram que o Daesh florescesse nas redes sociais.
Os queixosos argumentam que ao permitir aos militantes do Daesh divulgarem livremente a sua propaganda nas redes sociais, as três empresas providenciaram “apoio material” ao grupo terrorista e abriram caminho a ataques como o de San Bernardino.
“Durante anos que os acusados têm, como é conhecido, imprudentemente providenciado ao grupo terrorista ISIS (sigla pelo qual também é conhecido o Daesh) contas para utilizar nas redes sociais como instrumento para espalhar a propaganda terrorista, arrecadar fundos e atrair novos recrutas”, afirmam os familiares de Sierra Clayborn, Tin Nguyen e Nicholas Thalasinos na queixa de 32 páginas, que deu entrada no tribunal distrital de Los Angeles na quarta-feira.
“Sem os acusados Twitter, Facebook e Google (Youtube), o crescimento explosivo do ISIS ao longo dos últimos anos, tornando-se o mais temível grupo terrorista do mundo, não teria sido possível”, afirmam ainda os queixosos.
Uma porta-voz do Twitter recusou-se a comentar o caso. A Reuters não conseguiu, por outro lado, contactar os representantes do Facebook e Google até à tarde desta quinta-feira.
Syed Rizwan Farook e a sua mulher, Tashfeen Malik, abriram fogo numa festa no edificio governamental onde trabalhava Farook no dia 2 de Dezembro de 2015, vitimando mortalmente 14 pessoas e ferindo outras 22.
Farook, um homem de 28 anos nascido nos EUA e filho de imigrantes paquistaneses, e Malik, 29 anos, originária do Paquistão, morreram durante uma troca de tiros com a polícia horas depois do ataque.
As autoridades concluíram que os atacantes foram inspirados por militantes jihadistas. O Daesh reivindicou também o ataque.
Jornal Público 5-5-2017
A “pressão do mundo virtual” anda a mexer com a saúde mental dos jovens
Passam em média mais de duas horas por dia nas redes sociais. Há especialistas que acham que isso já se está a notar nas urgências e consultórios psiquiátricos.
Sem barreiras e sem segredos, como uma casa virtual onde tudo pode realmente acontecer. Assim se apresentam as redes sociais aos jovens que as utilizam como o seu meio de comunicação mais natural. E a pergunta que muitos pais fazem é esta: pode o uso excessivo de redes sociais estar associado ao aparecimento de problemas de saúde mental? O médico psiquiatra Diogo Telles Correia, a psicóloga Rosário Carmona e a pedopsiquiatra Maria de Lurdes Candeias acreditam que sim.
Da rua para casa, do convívio de recreio às conversas em redes sociais — em Portugal, são os jovens dos 15 aos 24 anos que mais tempo lhes dedicam. Passam uma média de mais de duas horas por dia a “conversar” e a “partilhar”, segundo um estudo da Marktest, divulgado no ano passado, que indicava ainda que em poucos anos — de 2008 a 2015 — a percentagem de utilizadores, entre todas as faixas etárias, crescera de 17,1% para 54,8%.
Hashtags ajudam adolescentes a partilhar comportamentos perigosos
Diogo Telles Correia não hesita em ligar os mais recentes números ao crescimento de patologias do foro psicológico nos jovens, como ansiedade e depressão. Porquê? De acordo com o especialista, as redes sociais expõem “os adolescentes a um contínuo fluxo de informação, que os estimula constantemente e alimenta uma personalidade hiperactiva e que pode conduzir, não raramente, a situações de ansiedade”.
E a ansiedade, diz o médico psiquiatra e psicoterapeuta, é um veículo para a depressão. Além disso, a globalização das redes sociais veio tornar as relações humanas “mais superficiais e menos estruturantes, facto que reduz a resiliência dos adolescentes às adversidades”, acrescenta.
Aos olhos de Rosário Carmona, psicóloga especialista em adição à Internet, o problema não é novo. “A pressão social, a pressão da integração, sempre existiu. Agora, apenas existe em moldes diferentes.” E prossegue: “Enquanto essa pressão existia na realidade, agora há uma pressão adicional — a do mundo virtual. É esta pressão, que as gerações antigas já tinham, mas a duplicar.” E que é passível de ser encontrada nos episódios mais banais do dia-a-dia de um adolescente. “O não pertencer a um grupo de turma já é motivo de stress. Tudo é uma pressão social” na vida dos adolescentes.
Já a pedopsiquiatra Maria de Lurdes Candeias considera que se um adolescente está sujeito a uma pressão social resultante das redes sociais, então é natural que essa utilização “agrave uma patologia que o jovem já possa ter”. Na perspectiva da especialista, as redes sociais funcionam, assim, como factor de agravamento de uma condição já existente — embora adormecida —, mas não como raiz de um problema da ordem mental.
Mais de 1,2 milhões de adolescentes morrem todos os anos de causas em grande parte evitáveis
Mais de 1,2 milhões de adolescentes morrem todos os anos de causas em grande parte evitáveis
Não há atenção suficiente
É precisamente nas redes sociais que têm lugar algumas páginas dedicadas à divulgação de imagens e citações de carácter depressivo. De origem desconhecida, o fenómeno tem atraído milhares de jovens utilizadores em todo o mundo. São exemplos as páginas de Facebook Depression Memes 2.0, seguida por 25.323 pessoas, e a Yes, I’m sad, com mais de um milhão de seguidores.
Em Maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou um relatório onde apontava as cinco principais causas de morte em adolescentes entre os 15 e os 19 anos, em 2015. No estudo Acção Global Acelerada para a Saúde dos Adolescentes: Orientações para apoiar a implementação nacional, a autolesão foi apontada como a terceira causa de morte no mundo — antecedida por acidentes de viação e infecções respiratórias. Este número (67 mil mortes num ano) engloba, segundo o relatório, os suicídios e mortes acidentais resultantes de lesões auto-infligidas pelos jovens que não tinham como intenção. O mesmo estudo divulgou ainda diferenças a nível de género: a autolesão é mais frequente entre raparigas adolescentes do que entre rapazes.
Em Portugal, Diogo Telles Correia lembra os dados partilhados pelo Programa Nacional para a Saúde Mental, em 2015, que davam conta de que, nos últimos anos, se registara “um aumento do número de crianças e adolescentes que recorreram às urgências por depressão, ansiedade e tentativas de suicídio ou para-suicídio — autolesões cujo objectivo não era morrer, mas sim passar uma mensagem de sofrimento ou mágoa”.
Adolescentes portugueses sentem-se mal quando não têm Internet por perto
Adolescentes portugueses sentem-se mal quando não têm Internet por perto
Já Rosário Carmona, ainda que admita que há uma relação causa-efeito entre redes sociais e saúde mental dos jovens, não considera, a partir daquilo que presencia no seu consultório, que o problema esteja a crescer. “Não sinto que tenha aumentado. Mas também não quero dizer que acredito nisto porque damos maior atenção ao assunto, porque há pais que vão ler e vão achar que, efectivamente, têm prestado mais atenção, o que não é verdade. Há uma maior informação, mas ainda não há atenção suficiente ao assunto”, subinha.
Prevenção desvalorizada
Nas escolas, junto dos jovens — é onde a psicóloga Rosário Carmona diz ser necessário prevenir e exactamente onde considera que está a falhar a prevenção.
Garante que “há especialistas suficientes no país para ajudar estas crianças”, mas, nos estabelecimentos de ensino, a realidade é outra. “Ou não há psicólogos ou há poucos”, afirma.
Desde cedo que “a prevenção está muitíssimo desvalorizada”. A psicóloga é ainda da opinião que o Governo deveria prestar mais atenção ao problema da saúde mental dos jovens, pois “está confirmado que ganha mais em prevenir do que em remediar”.
Rosário Carmona também lamenta que “a maioria dos pais” chegue “demasiado tarde” ao seu consultório. Para a pedopsiquiatra Maria de Lurdes Candeias, esta é mesmo a raiz do problema. “Não há uma boa formação junto das crianças, sobre o que é certo e o que é errado. Há escolas que querem ter mão nisto, outras que não. Mas eu continuo a dizer que isto depende da formação dada em casa, pelos pais, pelos primos, pelos avós, pelos tios”, conclui.
Adolescentes: e se eles percebessem melhor como funciona o seu cérebro?
Travar este fenómeno e as falhas que dele têm decorrido no sistema é, de acordo com Diogo Telles Correia, responder multidisciplinarmente, “incluindo psiquiatras, pediatras, clínicos gerais, psicólogos, entre outros”.
“Como em todas as áreas de saúde mental, o número de médicos e técnicos especializados na área podem não estar à altura deste acréscimo contínuo da prevalência das perturbações mentais” e da complexidade do tema, explica Telles Correia que também ressalva que o trabalho tem que começar em casa, com “pais mais atentos” a sintomas que podem estar associados a uma possível depressão ou problemas de ansiedade.
Público de 7/9/2017
Outro recentíssimo:
Nem muçulmano, nem “antifa”: as mentiras sobre o autor do massacre no Texas
Boatos e imagens falsas do atirador do Texas tentam lançar a confusão e promover determinadas agendas políticas nas redes sociais.
Perfis falsos nas redes sociais, nomes incorrectos e informações fradulentas. São vários os boatos que correm sobre o autor do ataque de domingo a uma igreja baptista no estado norte-americano do Texas, com o propósito de desinformar, de promover determinadas agendas políticas ou mesmo de gerar visitas a sites. E são partilhados como verdades absolutas e citados até por políticos ou figuras com alguma credibilidade.
Público de 6 de Novembro de 2017