Entre 130 e 135 votos declarados em um colégio de 513 deputados. Isso é o máximo que a presidente Dilma Rousseff, o ex Lula, o PT e companhia conseguiram arregimentar em meses de despudoradas barganhas para evitar o impeachment. Um fiasco que, independentemente do resultado da votação deste domingo, sepulta o governo.
Sem rodeios: um governo que aposta na omissão como única hipótese de não ser derrotado e que sem qualquer escrúpulo compra a peso de ouro a ausência de parlamentares em sessão de votação, inexiste. Acabou. E há tempos.
Objetivamente, Dilma sempre foi um desastre.
Os anos de seu primeiro mandato já não tinham sido fáceis. Talvez pela herança de casa arrombada que Lula deixou. Mas os desmandos de 2013, como a explosão do crédito e a redução populista das tarifas de energia – uma mistura venenosa de soberba e voluntarismo -, derrotaram de vez a economia. As contas públicas, mesmo pedaladas, começaram a não fechar. A roubalheira na Petrobras emergiu, a seleção brasileira tomou de 7 a 1 da Alemanha, dentro de casa, naquela que seria “a Copa das Copas”.
Dilma se reelegeu depois de, com mentiras e artimanhas, fazer o diabo. Muita mentira, reconhecida até pelo seu inventor. “Tivemos um problema político sério, porque ganhamos a eleição com um discurso e depois das eleições tivemos que mudar o nosso discurso e fazer aquilo que a gente dizia que não ia fazer”, admitiu Lula, em outubro do ano passado.
O governo que já era uma catástrofe conseguiu quase o impossível: piorar. E muito mais.
Em 2015, Dilma fingiu tentar um ajuste fiscal que, por oposição do PT e aliados, pouco saiu do papel. Ainda assim, é ao ajuste fiscal que não existiu – basta olhar o descalabro das contas governamentais — que Dilma, Lula e o PT atribuem o insucesso do primeiro ano do segundo mandato. Ao ajuste necessário que Dilma não fez, soma-se a Operação Lava Jato, que, de acordo com a inteligência bandida de Lula, emperra o crescimento do país, como se o investigador, e não o meliante, fosse o culpado pelo crime.
E o ano de 2016 não começou. Há meses o impeachment é pauta única. Para evitá-lo, o governo tentou de tudo: comprar deputados com cargos e verbas, incentivar exércitos de movimentos sociais, judicializar até as vírgulas. E, de acordo com a colunista Dora Kramer, pode até decretar Estado de Defesa para valorizar a posição de vítima.
Papel predileto sempre que se veem encurralados, as “vítimas” Dilma, Lula e PT não devem parar por aí. Já fazem correr aos quatro cantos que, se derrotados, vão incendiar o país. Lula garantiu que não sairá das ruas e não dará trégua a Temer. “Não estaremos nessa de união nacional, não vamos colaborar”. Nada de novo, já que nunca colaborou. O PT e ele não assinaram a Constituição de 1988, ajudaram a destituir Collor e viraram as costas para Itamar Franco, demonizaram o Plano Real.
Até aqui, o governo experimentou diferentes adaptações de discursos. Primeiro, taxou a previsão constitucional de impeachment como golpe. Mudou o tom depois de o STF negar a existência de artigos golpistas na Constituição. Passou então a acrescentar a ausência de crime para subsidiar o impedimento. Agora, anuncia que um governo do vice seria ilegítimo, por não vir das urnas, brigando de novo com a Constituição que prevê o vice como substituto do titular.
Os governistas que restam ainda tentam faturar com a impopularidade do deputado Eduardo Cunha, enrolado até acima do pescoço em bandidagens de vários matizes.
Vendem a ideia de que o impeachment é vingança de Cunha, escamoteando o fato de que o rito foi ditado e referendado pela Suprema Corte. E, sem pudor, inventam o cerne do “golpe”: Cunha mancomunou-se com Michel Temer porque na linha sucessória o presidente da Câmara é vice e, portanto, pode vir a substituir Temer. Fazem de conta que não sabem que, desde que se tornou réu, Cunha não pode assumir a Presidência da República.
Põem fogo nos “nem-nem”, que, ao rejeitar Dilma, Temer e Cunha, negariam votos ao impeachment e evitariam a derrota da presidente. Podem até obter sucesso. Mas o resultado pífio da votação, com menos de um terço da Câmara, associado à incapacidade, inépcia e incompetência demonstradas nos últimos anos, inviabilizam por completo Dilma como mandatária.
Aprovado, o impeachment só oficializa algo que há tempos o país já vive: o fim de um governo que não existe.
Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 17/4/2016.
Ao contrário dos petistas, não tenho corruptos de estimação. Mas, uma curiosidade: com tantos bandidos no PT, presos ou ainda soltos, como os petistas imaginam que conseguirão desviar o nosso foco da quadrilha xingando o ex-aliado Cunha? Ele fez parte do baixo clero do esquema de corrupção petista nos governos Lula e Dilma. Roubou até pouco, comparado com os companheiros do PT. Mas foi só brigar com eles e sair da base aliada para ser transformado pela propaganda petista em símbolo da corrupção no Brasil. Só enganam idiotas. Cunha recebeu propina porque integrava o governo, porque convivia com os donos da chave do cofre, os que assinaram os grandes contratos. Perto dos ex-amigos petistas profissionais de roubalheira, Cunha é um amador, um jogador dente-de-leite. Os operadores de quinto escalão do esquema petista têm devolvido muito mais dinheiro nos acordos de delação premiada do que o bandidinho Cunha é acusado de ter roubado. O PT engana bobos com essa tentativa de superdimensionar a malvadeza do ex-aliado para esconder o grande assalto que fizeram ao Brasil.
O PT se empolga tanto nas mentiras, que ontem o deputado Wadih Damous chegou a chamar Eduardo Cunha de “chefe da quadrilha”. Queremos o Cunha preso, mas não essa injustiça com o companheiro Lula.
Em nome da neta de um amigo, voto sim pesidente.
Se os tais marginais devolvessem os valores malversados, não haveria estímulo para a continuidade da corrupção.
Atualmente, apenas dormem com uma tornozeleira e uma p. uta do lado.