A mulher que enfiou o Brasil na mais grave crise econômica da História foi afinal afastada definitivamente do cargo, após longo processo conduzido primeiro pela Câmara e depois pelo Senado, com supervisão do Supremo Tribunal Federal – e, no entanto, não me sinto feliz, alegre, contente.
Na última hora, inventaram um fatiamento da pergunta a ser respondida pelos 81 senadores, e Dilma Rousseff foi cassada por 61 votos a 20, mas, porque teve 36 votos (contra 42, e 3 abstenções), deixou de perder os direitos políticos por oito anos.
Até aqui, político que era cassado perdia o mandato e também os direitos de ser votado e de poder ser contratado para qualquer cargo público.
A Constituição diz que são coisas inseparáveis – cassação e perda dos direitos.
Na sessão do Senado, inventou-se o fatiamento, e rasgou-se a Constituição.
Postei no Facebook:
Pessoa que admiro profundamente, da área do Direito, profissional da maior competência, me escreve: “Estou pasma com o que aconteceu. Cassar mandato sem cassar direitos políticos. Rasgaram a Constituição em mil pedacinhos.”
Alguém, também no Facebook, comentou que, agora de fato na oposição, o PT vai infernizar a vida do país – e tudo vai ser um horror.
Sim, o PT sabe de fato fazer oposição. É o que sabe fazer, porque governar, isso ele demonstrou consistentemente que não sabe.
O PT sabe fazer oposição. É sua especialidade.
Mas o Brasil sabe andar para frente quando o PT está na oposição.
Na verdade, é quando o PT está na oposição que o Brasil sabe andar para a frente.
Desde 1989, época da primeira eleição direta após a ditadura militar, até 2003, quando Lula assumiu a presidência, o PT e suas linhas auxiliares – CUT, MST, MTST, UNE, Ubes, etc, etc, etc, etc, etc – lutaram com todas as suas forças contra o governo de plantão – e contra o país.
No entanto, aquele foi um tempo bom. O Brasil cresceu, evoluiu. Derrotou a hiperinflação herdada das besteiras feitas pelos militares, com a sua política de nacionalismo exacerbado, protecionismo da indústria nacional, fortalecimento de campeões nacionais, crença no poder do voluntarismo.
O Brasil acabou com os bancos estaduais, fontes eternas de desmandos e de criação e alimentação de rombos nas contas públicas.
Criou uma Lei de Responsabilidade Fiscal.
Instituiu o tripé de ouro da política econômica – metas de inflação, câmbio flutuante, responsabilidade fiscal.
Foi a melhor época da História do Brasil – e o PT era oposição aguerrida a tudo isso. Não assinou a Constituição de 1988, foi contra o Plano Real, foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Quando o PT assumiu, e em especial quando Dilma Rousseff passou a dar as cartas, foi o horror.
Adotaram-se as mesmas bases da política econômica da ditadura militar: nacionalismo exacerbado, protecionismo da indústria nacional, fortalecimento de campeões nacionais, crença no poder do voluntarismo.
A presidente da República que tanto clama ter sido torturada pela ditadura militar fez igualzinho aos militares que a torturaram.
O que não é de espantar, de forma alguma – o voluntarismo de direita é idêntico ao voluntarismo de esquerda. Não há nada mais parecido com Stálin que Hitler, nada mais Pinochet que Ceaucescu.
***
Posso estar sendo Polyanna, mas acho o seguinte, com base no que falei aí acima: é muito melhor para o país que o PT esteja na oposição – por mais irresponsável, irracional, calhorda, e até mesmo competente, que ele seja na oposição – do que no poder.
E, portanto, por pior que tenha sido esse acinte, esse gravíssimo precedente de o Senado condenar Dilma Rousseff como criminosa, mas tirar dela o castigo dos oito anos sem direitos políticos, o país tem motivos para comemorar.
Nos livramos da quadrilha!
A quadrilha agora está de volta à oposição.
Uma foto tirada em São Paulo na noite deste histórico 31 de agosto ilustra com perfeição isso que estou tentando dizer.
Eis aí, no alto, a foto que registra o momento em que um lulo-petista dá sua opinião a respeito do impeachment.
Eis aí a forma com que o lulo-petismo raciocina.
Enquanto o lulo-petismo raciocina da única forma que ele sabe raciocinar, vamos lá: avancemos.
31 de agosto de 2016, o dia do em que ficamos livres da quadrilha.
50 anos de filmes em nos 50 nos 50 de textos.
“eu Ódio Será Sua Herança
A publicação da foto é ótimo trabalho de jornalismo engajado ao FICA TEMER.
Voltou a repressão nos RASTROS DE ÓDIO, velhos filmes indicam velhas práticas.
Golpeados resta ao povo protestar nas ruas. Que as ruas estejam preparadas para a repressão, em lugar de SNI, DOI CODI, DOPS, a FORÇA NACIONAL nas ruas, prisões, espancamentos considerados legais e “constitucionais” pelo quarto poder. Invasão de comunidades, perdidas pelo alcanço do GPS, jovens mortos em missão, ordens obedecidas, repressão mandada, marginalização da sociedade.
Golpe e contragolpes motivados pela matriz econômica a ser implementada. O maniqueísmo latente obriga-nos a se posicionar, à esquerda ou a direita, entre o bem e o mal, ação e reação, cada qual produzindo horrores na reinvindicação da verdade.
Os protagonistas principais de cada lado, DILMA/TEMER/DEPUTADOS/SENADORES poderiam ter nos proporcionado a decisão dos nossos destinos através de um plebiscito perfeitamente legal, constitucional, pacífico e democrático. Não quiseram.
Restou o campo de batalhas, às ruas então, cada qual com sua verdade. Tornados inimigos devemos estar cientes que aos inimigos não se mandam flores. Não esperem carinho, pau que bate em Chico canta em Francisco. Nos devolvam a cidadania, pra evitar a catástrofe, arrecuem, às URNAS,DIRETAS JÁ.
Rebeca Lerer
11 h · São Paulo ·
Pela quarta noite seguida, lendo relatos de amigues e conhecides que vivem no centro de São Paulo assustados com bombas, helicópteros e tiros em repressão a protestos contra o impeachment. Muito grave, e não é de hoje.
Agora imagina quem vive em favela e acorda quase todo dia com tiroteios de balas de verdade e operações policiais armadas na porta de casa. Que não consegue ir trabalhar, comprar pão ou levar os filhos para a escola sob risco de levar um tiro ou ter sua residência invadida e revirada pelas forças policiais. Essa é a realidade de muita gente no Brasil.
São extremos do mesmo problema. Quem denuncia, resiste e se mobiliza contra a violência policial já tá na luta diária contra o golpe e pela democracia – nos lugares em que ela nunca chegou.
Que esse seja um tempo de fichas que caem e transformam, de lutar por direitos e não por partidos, de repudiar o abuso policial em todos os níveis.
Quem vandaliza é o Estado. #ProtestoNãoÉCrime
Os bloc blacks
Pra fechar com alegria, hoje fui a uma abertura do Encontro Estéticas da Periferia, vi pretas e pretos periféricos dançando MUITO e ocupando um espaço lindo, o Auditório do Ibirapuera. Ouvi de uma das organizadoras e dançarinas e emocionei: esse é o recado que queremos passar, nós vamos ocupar tudo! Vocês podem nos matar, mas temos sementes, florescemos, vocês nos matam todos os dias e ainda assim estamos no palco. Salve!!!!!!! Em SP tem muito ódio, mas também tem muito amor. Cidades grandes e capitalismo: berços das mais latentes contradições…
DILMA – NOVO JULGAMENTO
Os misóginos. Você já deve ter ouvido falar deles. Mas o que você pode não ter percebido é que eles podem estar bem próximos de você. Eles são bem difíceis de detectar, não vêm com uma etiqueta presa e podem até parecer pró-mulheres.
Na maioria dos casos, misóginos nem sequer sabem que odeiam mulheres. A misoginia é tipicamente um ódio inconsciente que alguns homens formam no início da vida, muitas vezes como resultado de um trauma envolvendo uma figura feminina que confiavam. Uma mãe, irmã, professora, namorada ou mesmo uma presidenta abusiva ou negligente pode plantar um tribunal de EXCEÇÃO,
Tenho minhas dúvidas sobre o resultado do julgamento efetuado por machos alphas. Qual seria o resultado de um julgamento efetuado por um tribunal de mulheres?
Um tribunal dirigido por mulheres, com advogadas de acusação e defesa mulheres, e as julgadoras 81 mulheres sendo 11 senadoras da república e as outras setenta selecionadas entre as eleitas e deputadas federais e através de minha discricionária escolha dentre mulheres que admiro pelo fato de exercerem suas profissões com competência, personalidade e um diferencial que não sei explicar ainda.
Segue o meu tribunal! Já sei o resultado do julgamento os votos me foram antecipado, mas é secreto!
Presidência: MINISTRA CARMEM LÚCIA
Acusação: JANAÍNA BARBOSA
Defesa: JOSELICE ALELUIA CERQUEIRA
1 Simone Tebet
2 Rose de Freitas
3 Marta Suplicy
4 Kátia Abreu
5 Maria do Carmo Alve
6 Vanessa Grazziotin
7 Ana Amélia
8 Angela Portela
9 Fátima Bezerra
10 Gleisi Hoffmann
11 Regina Sousa
senadoras
12 Mary Zaidan jornalista
13 Maria Helena R.R. de Souza escritora
14 Maria de Lourdes Jorge advogada
15 Zélia Passos socióloga
16 Ligia Mendonça socióloga
17 Maria Lúcia da Silveira médica
18 Regina Henkel militante do movimento social
19 Lúcia Krein militante do movimento social
20 Wanda Cardoso Silva desembargadora
21 Eneida Cornel desembargadora
22 Janete do Amarante juiza federal do trabalho
23 Rosana Fachim desembargadora
24 Célia Vaz da Silva funcionária federal e sindicalista
25 Mara Lanzoni advogada procuradora do trabalho
26 Clair da Flora Martins advogada ex deputada
27 Marlene Zanin advogada ex vereadora
28 Vãnia de Mello professora advogada
29 Carol Proner professora advogada
30 Lygia Fagundes Telles escritora
31 Cora Tausz Rónai escritora
32 Marilena de Souza Chaui filósofa
33 Luiza Erundina de Sousa deputada federal
34 Telma Sandra Augusto de Souza deputada federal
35 Jandira Feghali deputada federal
36 Elisa Quadros Pinto Sanzi miltante
37 Danuza Lofego Leão escritora
38 Benedita Sousa da Silva Sampaio deputada federal
39 Luizianne de Oliveira Lins deputada federal
40 Elizabeth Mendes de Oliveira atriz ex deputada
41 Heloísa Helena de Moraes Carvalho vereador e ex senadora
42 Mara Gabrilli deputada federal
43 Janete Capiberibe deputada federal
44 Marcivânia do Socorro da R. Flecha deputada federal
45 Eronildes Vasconcelos Carvalho deputada federal
46 Moema Isabel Passos Gramacho deputada federal
47 Gorete Pereira deputada federal
48 Erika Kokay deputada federal
49 Flávia Carreiro Albuquerque Morais deputada federal
50 Magda Mofatto Hon deputada federal
51 Eliziane Pereira Gama Ferreira deputada federal
52 Tereza Cristina deputada federal
53 Margarida Salomão deputada federal
54 Dâmina Pereira deputada federal
55 Bruniele de Ferreira Gomes deputada federal
56 Elcione Therezinha Zahluth Barbalho deputada federal
57 Julia Marinho deputada federal
58 Simone Morgado deputada federal
59 Christiane de Souza Yared deputada federal
60 Luciana Barbosa de Oliveira Santos deputada federal
61 Rejane Ribeiro Sousa Dias deputada federal
62 Iracema Maria Portella Nogueira Lima deputada federal
63 Clarissa Garotinho de Oliveira deputada federal
64 Rosangela Gomes deputada federal
65 Cristiane Brasil deputada federal
66 Soraya Santos deputada federal
67 Zenaide Maia deputada federal
68 Maria do Rosario deputada federal
69 Marinha Raupp deputada federal
70 Mariana Carvalho deputada federal
71 Maria Helena deputada federal
72 Bruna Furlan deputada federal
73 Renata Abreu deputada federal
74 Dulce Miranda deputada federal
75 Josi Nines deputada federal
76 Professora Dorinha deputada federal
77 Rossana Barroso advogada
78 Marieta Severo atriz
79 Fernanda Montenegro atriz
80 Ellen Gracie Northfleet jurista
81 Eliana Calmon Alves jurista
Tudo tem limite! Vendo essas cenas da atuação democrática do PT nas ruas, fiquei muito insatisfeito com um incidente: todos sabem que o midiático Suplicy sempre foi capaz de fazer qualquer coisa para virar notícia. Até ofender os afinados ouvidos de Sérgio Vaz, só para sair no 50 Anos de Textos. Porém, nunca imaginei que ele fosse capaz de ultrapassar todas as fronteiras da ética, como no caso da carteira, e insinuar a mera possibilidade de haver ladrões entre petistas