Que absurdo, que absoluto absurdo: sou um homem feliz!
O país nunca jamais em tempo algum esteve tão mal. Está mergulhado em gravíssima crise econômica, em gravíssima crise política, e não há saída à vista. Não há qualquer tipo de luz no fim do túnel: estamos é fodidos, e tudo ainda vai piorar muito mais.
O desemprego ainda vai aumentar muito mais. O futuro imediato é negro, é o negror total, absoluto.
Até mesmo o partido no qual voto desde 1989 é hoje uma absoluta merda. Vota atualmente contra aquilo – correto, certo, necessário – que defendia quando era governo. É um nojo, um pavor.
Pior que as gravíssimas crises econômica e política, só mesmo a moral. Este país hoje não tem mais escala de valores morais. É o terreno fértil para todo tipo de roubo, mentira, empulhação, enganação.
E no entanto sou um homem feliz.
Hoje estive com Marina durante duas horas. Conversamos, brincamos. Marina estava num humor excelente – mas isso não é novidade, ela está com humor excelente em 99% do tempo, salvo os momentos em que, exausta de tanto brincar, pular, correr, rir, cantar, tem um momento de manhazinha.
Foi uma netada gostosíssima.
Já quase no final, depois que a mãe dela chegou do trabalho, resolveu trazer todos os amigos para o sofá da sala. Falou a palavra “albinho” – acho que ela já percebeu, já compreendeu, que o avô está preparando um álbum de fotos dela com os amiguinhos.
Tiramos fotos de Marina com os amiguinhos, mais Marina com amiguinhos e mamãe, mais Marina com amiguinhos e vovô.
Já chegava perto de 20h, hora de começar o processo de escovar os dentes e banho rumo à mamadeira rumo ao sono, e, vendo na sala os amiguinhos todos e mais a mãe e mais o avô (o pai estava no estúdio, trabalhando), pediu cabaninha.
A mãe explicou que cabana é só no fim de semana. Ela então começou a chorar – exausta, morta de cansaço.
O pai veio tirar foto do avô com Marina – eu havia pedido foto com ela, por motivo que não vem ao caso agora.
Exaustíssima, Marina fez manha, birra. Disse que não queria foto.
Peguei-a no colo, ela escondeu o rosto. Estava no momento 1% de manha, birra.
Por mim, desistiria de tentar fazer a foto. Tadinha dela: estava exausta, tinha motivos de sobra para estar exausta, não queria fazer foto com o vô.
A mãe, atrás do pai, inventou um brincadeira de aparecer e desaparecer. Marina gostou, sorriu. Bom fotógrafo, rápido, safo, o pai fez um monte de cliques.
No melhor deles, este aí no alto no post, os olhos de Marina brilham o brilho que têm os olhos da mãe e tinham os olhos da avó Suely.
Mesmo no momento 1% de manha, se a mãe faz uma brincadeira, ela ri, e os olhos brilham.
E então eu posso ser um homem infeliz?
Antes de ir ver Marina, botei no 50 Anos de Filmes um texto imenso, interminável, sobre Domicílio Conjugal, o quarto filme de François Truffaut sobre as Aventuras de Antoine Doinel, o alter-ego do cineasta que mais admiro, entre todos, todos, todos, como diria Marina.
Ao reler o texto para botar no ar, gostei dele. Tive até um pouquinho de orgulho dele.
Depois vi que Senhorita, uma especial leitora do meu site de filmes, mandou um comentário: “Texto nível Truffaut”. Respondi, ao chegar em casa depois de duas horas com Marina: “Sua mensagem me deixa com o ego que não cabe neste meu apartamento… Tenho que abrir todas as janelas… Agradeço imensamente por sua mensagem, mas, claro, é preciso dizer: você exagerou demais da conta.”
Aí vi que minha filha postou no Facebook a foto que o marido havia feito pouco antes, a foto aí do alto.
Minha filha, ao contrário de mim, é cuidadosa, não caudalosa; posta uma foto a cada mês, no máximo a cada três semanas. Havia postado uma no sábado, ela e a filha caipiras, prontas pra festa junina da escolinha. Pois postou a foto do pai e da filha, feita pelo marido, com o texto: “Amo esses dois!!!”
Receber declaração de amor de Fernanda é felicidade que não tem tamanho, não tem jeito, não tem solução.
E depois chegou Marynha.
E ainda depois minha filha me mandou um texto dela lindérrimo, de chorar, mas também de pular de alegria, que nem Marina pula.
É muita coisa boa demais da conta.
Diacho! Tenho que, mais uma vez, citar Silvio Rodriguez, cidadão equivocado durante muitas décadas, mas artista maravilhoso sempre: “Soy feliz, soy um hombre feliz, y quiero que me perdonem por estos dias los muertos de mi felicidad.”
22 de junho de 2015
A foto – linda – é de Carlos Bêla.
Completo o samba magistral do Vanzolini:
“Ali, onde eu chorei, qualquer um chorava,
Dar a volta por cima que eu dei quero ver quem dava…”
E VIVA MARINA!
Nosso futuro não é negro.
Há luz no fim do túnel.
Não há de piorar.
Existem esperanças.
Elas se chamam, Marina, Giovana, Juliana, Joao Lucas,etc…
Nada é tào bom que não possa piorar, nem tào ruim que não possa acabar.
MARINAS NELES!
Silvio Rodriguez, cidadão equivocado?
SerVaz cabeça de cone?
SOU UM HOMEM TRISTE.
87
87 por cento da sociedade aprova a emenda que reduz a maioridade panal.
Parece que poucos, como eu e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, somos contra a esta medida paliativa contra a violencia que assola o mundo.
“Não podemos, por causa da violência, nos envolver pela insensatez e buscarmos bodes expiatórios. Esse seria o caminho mais fácil. Daria uma sensação de que a sociedade estaria sendo dura, quando na verdade seria um simples escapismo”,
disse o presidente, durante cerimônia de entrega do Prêmio Nacional Direitos Humanos em 2001.
Em nome de MARINA, JULIA, JULIANA, GIOVANA E JOAO LUCAS nào posso, e nào devo esquecer, sob pena de ser cobrado no futuro.
Compreendo perfeitamente essa sua felicidade.Pai, marido,avô de pessoas maravilhosas!Também eu sou muito feliz e você sabe a razão. Que a inflação suba,que os juros aumentem… mas que eu possa continuar recebendo beijos e amor desses meus filhos amados,de minha neta e bisneta e que minhas bochechas continuem beijadas pelo meu genrinho querido.
Tô chegando com meses de atraso, mas feliz por te saber assim!
Beijo
Vivina