Aí vão opiniões, questões, emoções, citações, transcrições sobre a quarta-feira, 25 de novembro de 2015, o dia em que pela primeira vez na História um senador da República foi preso.
E não um senador qualquer, mas o líder do governo Dilma na augusta casa, Delcídio Amaral (PT-MS).
É exagerado, é demais
O PT e os petistas costumam pecar por soberba demais, por um exagero de soberba. Foi o caso do Delcídio de ficar prometendo que os ministros do STF dariam habeas corpus ao Nestor Cerveró, o ex-diretor da Petrobrás que há umas duas semanas assinou acordo de delação premiada.
Ao citar, na conversa que o filho de Cerveró gravou, os nomes dos ministros Teori Zavascki, Dias Toffoli e Gilmar Mendes, Delcídio exagerou na soberba. Mexeu com os brios dos ministros do STF.
Um ou outro ministro pode até de fato ser inclinado a votar pelo governo – todos se lembram por exemplo que Toffoli foi advogado do PT –, mas chamá-los todos assim publicamente de sem-vergonha, de vendidos, pega mal. Ofende. Mexe com os brios.
Deu no que deu: todos os cinco ministros da Segunda Turma votaram pela prisão do deputado.
Escrevi isso no Facebook ainda na quarta à tarde. No Globo desta quinta, Ilimar Franco fez raciocínio semelhante, e avançou nele ao concluir que Delcídio condenou todos os réus:
“O líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT), assinou a sentença de condenação e de prisão de todos os envolvidos no escândalo da Petrobrás. As decisões de um juiz de primeira instância, Sérgio Moro, dificilmente serão revisadas por qualquer tribunal. (…) Os diálogos gravados citando nomes de ministros do STF expõem os magistradcos e os colocam na desconfortável situação de quem ficará exposto se conceder um habeas corpus ou anular alguma prova.”
É isso. Soberba demais acaba virando arma poderosa contra o soberbo. Vira tiro no pé.
Mas isso não é novidade quando se trata de PT e petistas. Eles adoram tiro no pé.
Gente muito honrada
Foi muito interessante – e extremamente triste – o momento em que Jáder Barbalho (PMDB-PA) pediu a palavra ao presidente Renan Calheiros (PMDB-AL) para fazer a defesa da independência total do Legislativo, o que na verdade significava “é proibido esse negócio de querer condenar parlamentar, parlamentar pode fazer o que bem entender porque ele é parlamentar e foda-se todo o resto da humanidade”.
Jáder, a gente se lembra, já abriu mão da presidência do Senado para fugir de processo de cassação de mandato. Renan, a gente se lembra, já abriu mão da presidência do Senado para fugir de processo de cassação de mandato. Delcídio Amaral poderia, quem sabe?, vir a ser um novo presidente do Senado.
Dava a impressão, quando a gente via na TV Jáder se dirigir a Renan em defesa de Delcídio, de que bandido se dirigia a bandido em defesa de bandido.
Tudo gente muito honrada.
Um pouquinho de pena
Confesso: cheguei a sentir um pouquinho de pena do senador Humberto Costa (PT-PE).
Não tenho simpatia alguma pelo senador Humberto Costa, o líder do PT no Senado. Nenhuma. Mas tive um pouquinho de pena ao vê-lo, diante das câmaras da TV Senado, cercado por seus liderados, tentando falar a palavra inafiançabilidade. Tentou uma vez, duas, três, rendeu-se, reformulou a frase, falou em crime inafiançável, pediu desculpas por não ter conseguido dizer a palavra – alegou estar emocionado.
Devia estar mesmo emocionado mesmo. Afinal, não apenas seu colega de bancada havia sido preso, como, além de tudo, o seu partido havia divulgado aquela nota fantástica, incrível, dizendo que “nenhuma das tratativas atribuídas ao senador (Delcídio Amaral) têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado”.
Ninguém merece passar por esse vexame. Ninguém merece o vexame de pertencer a um partido presidido pelo autor da nota oficial, Rui Falcão.
Absolutamente sem jeito, cheio de inafiançabilidade, Humberto Costa conseguiu dizer que a bancada do PT no Senado havia tomado a decisão de votar contra a prisão de seu colega Delcídio. E teve que esclarecer, às pressas, para não ser acusado de se revoltar contra o centralismo democrático: “Não é uma decisão do partido. É só da bancada do partido.”
Juro: cheguei a sentir um pouquinho de pena dele.
Os nomes dos 13
Eis os 13 senadores que tiveram a coragem de enfrentar a opinião pública, e, diante das câmaras da TV Senado, se manterem fiéis a seu abraço de afogados ao senador gravado com a boca, a mão, o bolso e todos os demais pedaços importantes do corpo na botija criminosa.
Merecem todo nosso respeito pela sua coragem – assim como merecem jamais voltar a receber um voto na vida, nem sequer, ou muito menos, para síndico do prédio:
Ângela Portela (PT-RR);
Donizetti Nogueira (PT-TO);
Fernando Collor (PTB-AL);
Gleisi Hoffman (PT-PR);
Humberto Costa (PT-PE);
João Alberto Souza (PMDB-MA;
Jorge Viana (PT-AC);
José Pimentel (PT-CE);
Lindbergh Farias (PT-RJ);
Paulo Rocha (PT-PA);
Regina Souza (PT-PI);
Roberto Rocha (PSB-MA);
Telmário Mota (PDT-RR)
Olha o 13, vai dar 13…
Na votação aberta no Senado, 59 senadores ratificaram a decisão do STF de manter a prisão de Delcídio Amaral, contra os 13 aí de cima, que queriam derrubar a decisão e liberar o colega da prisão. 13 – eta numerinho emblemático.
O mesmo número do partido do senador preso, o Partido dos Trabalhadores.
Coincidência?
Pode ser. Assim como pode ser coincidência também o fato de que também tenham sido presos – como lembrou Eliane Cantanhêde em seu artigo no Estadão desta quinta, 26 – dois ex-presidentes do PT, dois ex-tesoureiros do PT, um deputado do PT ex-presidente da Câmara, um deputado do PT ex-vice-presidente da Câmara.
O PT está no poder há 13 anos.
O Brasil não aguenta mais.
A fantástica nota do PT
Não dá para deixar de transcrever a nota assinada por Rui Falcão. Eis aí:
“O presidente Nacional do PT, perplexo com os fatos que ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do Senador Delcídio do Amaral, tem a dizer o seguinte:
“1- Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado;
“2- Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade;
“3- A presidência do PT estará convocando, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis.
Brasília, 25 de novembro de 2015”
Bandidos de estimação
Transcrevo aqui texto de Mary Zaidan publicado no Blog do Noblat:
“Após a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) e a divulgação das gravações que não deixam dúvidas quanto às ações criminosas do líder do governo no Senado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, fez publicar nota oficial na qual, como de costume, dá mais um tiro no pé.
“Falcão revela sua perplexidade diante dos fatos que ‘ensejaram a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ordenar a prisão do senador’, enumerando explicações e providências.
“A primeira delas – ‘Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado’ – é um primor. Na pressa de formalizar distanciamento de Delcídio, o presidente do PT acaba por confessar e assumir que as ‘tratativas’ dos demais petistas presos e condenados – Dirceu, Vaccari e companhia – tinham relação com a atividade partidária.
“A cumplicidade com os bandidos de estimação se complementa com o segundo item da nota: ‘Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade’. Ou seja, Delcídio, ao contrário dos demais, não pode frequentar o painel dos ‘heróis do povo brasileiro’.
“Por fim, Falcão afirma que convocará, em curto espaço de tempo, reunião da Comissão Executiva Nacional para adotar medidas que a direção partidária julgar cabíveis’. Algo que só foi feito – e depois desfeito – com o tesoureiro Delúbio Soares, quando o PT ainda não tinha adotado a tangente, ditada por Lula, de que o mensalão não existiu.
“Como bem disse a ministra Carmen Lúcia, ‘o escárnio venceu o cinismo’.”
As palavras da ministra Carmen Lúcia
É fundamental registrar as sábias palavras da ministra Carmen Lúcia, ao votar – juntamente com todos os demais quatro ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal – pela prisão do senador Delcídio do Amaral e outras pessoas envolvidas na tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró:
“Na história recente da nossa pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penal 470 e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiro, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil.”
26/11/2015
Enfim um ex tucano na cadeia, Cristina caiu, 2018 vem aí. O PT já era, o presente nos condena e o passado nos espera.
Hoje ás 17 hs no SESC Consolação FHC em retorno triunfal, o criador da poderosa Vale do Rio Doce, lucrativa ex-estatal agora empresa privada e que faz sombra a lama política.
Tudo será como antes amanhã?
Nenhuma palavra sobre o banqueiro executivo.
Senadores, Juízes, Ministros, Empreiteiras, Bancos e Mineradoras tudo criado nos 13 anos de PT.
Enquanto isto a mídia noticia:
André Esteves e executivos do BTG não têm seguro para blindar patrimônio pessoal, diz o Estadão.
O país em crise e Sergio militando. FHC mandou-o esquecer o impedimento e se preparar para 2018.
FHC voltou a escrever, dar palestras agora grátis, cobrar pena mal, melhor receber contribuições para a campanha do Banco Pactual.
Temos que barrar LULA, precisamos de alternativa outra, porém melhor FHC que o
mineiro farinheiro.
Os murros suplantam as facas.
Seria o bandido delator, NÉLSON ou NESTOR SERVERÓ?
CERVERÓ anta CERVERÓ ! Se grafar errado o habeas corpus pode ser negado!
“Os nomes de ministros do STF expõem os magistradcos e os colocam na desconfortável situação de quem ficará exposto se conceder um habeas corpus ou anular alguma prova.”
É perigoso citar nomes errados.
Já que o militante retardado não divulga,sou obrigado a divulgar neste site a opinião do ex-presidente emitida no SESC-Consolação por ocasião de lançamento do livro e da campanha da sua volta democrática em 2018.
Diz FHC, com propriedade:
“Se você é presidente da república, você pode, no limite, dizer que renuncia, se aprovarem no congresso, isso, isto e aquilo. Não te querem? Condiciona sua saída a aprovação de certas medidas”.
E arremata, também com a propriedade dos golpistas: “Se aprovarem, não precisa sair”.
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