Lula nos manda ir à feira

Dilma Rousseff encetou uma vigorosa campanha para salvar seu mandato. É um direito que lhe assiste. Deve ser duro passar por um impeachment, taí, deve ser muito duro. O Collor que o diga.

Ela se insurge contra a oposição e alega que o ódio e a intolerância disseminados contra seus governos e os do Lula, leia-se contra o PT, são tentativas de tirar seu mandato sem que exista qualquer “fato jurídico ou político”.

Será que seus seguidores acham que sua incapacidade de ver o que se passa à sua volta, sua incompetência para administrar, seu modo rude e tosco de tratar seus auxiliares, são os motivos que levam a maioria dos brasileiros a sonhar com seu afastamento? Na verdade, se fosse só isso, não haveria ‘fato jurídico ou político’ para pedir seu impeachment.

Mas… fora isso (numa homenagem à grande crônica do Verissimo de ontem) houve a campanha pela reeleição, fábula fiada do começo ao fim.

Fora isso, houve a derrocada de nossa maior empresa, verdadeiro descalabro que aconteceu sob suas asas.

Fora isso, tem a explicação, que de tão fantasiosa chega a ser ofensiva, que as ‘pedaladas fiscais’ de dona Dilma foram feitas para honrar os compromissos com o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida!

Fora isso, tem essa cantilena insuportável sobre o ajuste e sobre ser nossa obrigação, como cidadãos, colaborar sofrendo cada vez mais para que o país ajuste sua Economia.

O que o governo fez pelo tal ajuste? Uma verdadeira economia de palitos, uma gota d’ água no imenso oceano de dívidas em que estamos mergulhados.

E falou, falou muito, e deu voz novamente ao Lula – só não lhe entregou ainda a caneta. Quero crer.

E alimentou a doença infantil da esquerda fajuta que nos enfiou o Foro São Paulo goela abaixo e por conta disso ficamos atrelados ao Mercosul, dispensamos a Alca e agora perdemos a oportunidade de participar da TPP (Trans-Pacific Partnership), o acordo comercial que une 12 países banhados pelo Pacífico (entre os quais EUA, Japão, México, Austrália) que respondem por 40% do PIB global.

Bem, você dirá, não vejo lógica. O Brasil está bem longe do Pacífico apesar da promessa mais longínqua ainda de uma estrada que nos levaria até lá.

Isso é fato. Mas, segundo li no ‘Terraço Econômico’, em artigo assinado por Rachel Borges de Sá, como o TPP “visa reduzir barreiras comerciais com o corte ou redução de tarifas de importação entre países-membros a fim de aumentar o fluxo de bens e serviços”, fica simples compreender que o Brasil sairá perdendo com esse acordo “já que se você não precisa pagar nenhuma tarifa (ou seja, impostos de importação ou exportação) nem enfrentar nenhuma complexa burocracia, por que você iria comprar de outro?”.

Se em vez de estar com idéia fixa na manutenção do Poder o Governo governasse, quem sabe faria os países do Mercosul compreender que essa união aduaneira que temos é um entrave a voos mais altos?

Enquanto eles só pensam em manter as rédeas do Poder nas mãos, o Brasil se embaralha cada vez mais.  A Economia vai de mal a pior, a Política fica cada vez mais feia e Lula e dona Dilma só pensam em barrar o impeachment que a Oposição deseja. Estão como o Juquinha da anedota…

Lula chegou a dizer lá no 12º Congresso da CUT:

— A Dilma não ganhou eleição para ficar batendo boca com perdedores. Se eles quiserem chorar, que comprem cebola para descascar.

E quem precisa de cebolas?

Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 16/10/2015.

3 Comentários para “Lula nos manda ir à feira”

  1. Fora isso tudo. ainda tem um ajuste (arrocho) fiscal;
    Fora isto tem que barrar a aliança de Cunha com a oposição,
    Fora isto tem que lidar com a mídia golpista;
    Fora aguentar o LULA 2018.
    Sem TPP como aumentar o fluxo?

  2. CONVOCAÇÃO PARA FEIRA, sem descascar cebolas e sem plantar batatas.

    A 1° Feira Nacional da Reforma Agrária, que acontece entre 22 e 25 de outubro no Parque da Água Branca em São Paulo, tem o objetivo de fortalecer a relação entre campo e cidade, oferecendo para população o acesso a alimentos saudáveis, livres de agrotóxicos, ao mesmo tempo em que favorece a agricultura camponesa, hoje responsável por cerca de 70% da produção de alimentos no país, segundo dados do IBGE (Confira o evento da Feira no Facebook).

    Durante os quatro dias serão comercializados mais de 230 toneladas de alimentos entre os cerca de 800 produtos das áreas de assentamentos de 23 estados mais o Distrito Federal.
    Importante, por meio da feira, trazer essa pauta à população brasileira e os resultados que a Reforma Agrária proporciona.

    A feira é um instrumento de diálogo com a sociedade. O objetivo é debater com a cidade o papel da soberania alimentar, da produção saudável e diversidade de alimentos. Uma produção socialmente justa e ambientalmente sustentável, que leva em consideração quem produz.

    Com a paralisia da Reforma Agrária é importante colocar em pauta para a população brasileira, através da feira, os resultados que a Reforma Agrária proporciona. Uma feira realizada na cidade de São Paulo trazendo agricultores de 23 estados mais o Distrito Federal, mais de 800 produtos, uma mostra de cultura camponesa e uma mostra de culinária da terra são instrumentos importantes da produção que vem deste setor. É um momento de troca e aproximação: a cidade conhecendo o que o campo produz e este, por sua vez, entendendo qual o potencial consumidor desta cidade.

  3. Ao Miltinho:
    Em primeiro lugar: Viva a reforma! Viva o Brasil!

    Causou-me emoção – os nacionalistas são emotivos – a tua citação da 1.ª Feira da Reforma, embora esta seja despercebida pelo “50anosdetextos”. Eu te amo, cara.

    A partir de 1964, o nosso Brasil caminha para ser uma espécie de país “africano”, com economia africana: veja você! Incentivo ao agronegócio, que abandona a cultura do feijão pra plantar soja, para alimentar bocas europeias!

    Nesse sentido, fazem igualzinho aos africanos: estes, em vez de produzir alimentos para si, preferem enviar soja para as bocas holandesas e francesas!

    É claro que a moçada do “50anosdetextos”, quando pensa no preço do feijão, nem pensa em botar a culpa no mercado: para eles, a culpa é de “13 anos de descalabros petistas”. Triste País.

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