Bora lá pra rua, nós que amamos este país sem roubar dele

zzzzdia15

Estão há 12 anos no governo federal, nomearam dezenas de milhares de filiados e simpatizantes para empregos na gigantesca máquina estatal, dominam centenas e centenas de sindicatos, têm o exército do Stédile.

São do partido que diz representar os trabalhadores, o povo. Acabaram de reeleger a presidente da República. Pagaram gente para ir para as ruas demonstrar apoio ao governo. E tudo o que conseguem é juntar 33 mil pessoas, em todo o país?

33 mil, segundo as estimativas da Polícia Militar das 24 capitais em que houve as manifestações de sexta-feira 13 a favor do governo Dilma mas contra as medidas do governo Dilma. Segundo as estimativas deles mesmo, 157 mil pessoas.

Hum… Francamente: dá para dizer que foi um grande sucesso?

Vejo as fotos nos três grandes jornais do país. Muitos balões gigantescos, da CUT, da CTB, do NCST – todos exatamente do mesmo tamanho, provavelmente vindos do mesmo fornecedor.

Só dá camisa vermelha. Parece torcida organizada – e é. É coisa organizada, financiada, paga. Não é coisa espontânea, cada um indo lá porque acredita em alguma coisa.

É chapa branca. É comprado, financiado.

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zzzzzzkirtAproveito para fazer um rápido registro. Jornalismo comparado. Neste sábado, 14 de março, véspera das manifestações populares em repúdio à corrupção e à incompetência do governo Dilma, véspera dos 2 anos de Marina, tive, pela primeira vez, na mesa do café da manhã, os três maiores jornais do país. Por uma conjunção de fatores que não vem ao caso explicar, a Folha me ofereceu três meses de assinatura de graça. Por que recusar?

Quem me conhece sabe que tenho uma implicância atávica, uma antipatia monumental pela Folha.

Pois a manchete da Folha foi a melhor dos três jornais, neste primeiro dia em que ela chegou à porta da minha casa pela manhã.

Estadão: CUT, UNE e MST fazem atos pró-Dilma em 24 Estados.

O Globo: Manifestantes pró-Dilma vão às ruas em 24 estados.

Folha: Atos defendem Dilma, mas criticam governo.

As manchetes do Estadão e do Globo só dão uma informação, a mais óbvia. A Folha acrescenta uma segunda informação, desnuda a contradição, a esquizofrenia da coisa.

Mas houve algo muito pior, para o Estadão, que trazer uma manchete menos feliz que seu concorrente direto. Ao contrário do que fez a Folha, do que fez o Globo, do que fez praticamente toda a imprensa independente, o Estadão não disse uma palavra a respeito da compra de manifestantes, dos manifestantes pagos pela CUT e outras organizações chapa branca. Uma vergonha – a compra de manifestantes, e a ausência dessa informação no jornal que pagou meu salário durante uns 30 anos.

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Bora lá amanhã pra rua, moçadinha boa. Cada um com sua camisa, paga com seu dinheiro. (De preferência verde ou amarela, de preferência não vermelha nem preta, mas pode ser qualquer uma.) Sem uniforme. Sem gigantescos balões coloridos. Só nós, que temos vergonha na cara, que amamos este país sem roubar dele, que estamos com os pulmões e a garganta doidos pra berrar “fora Dilma”, “fora PT”.

14 de março de 2015

Ah, a fotinha do nariz de palhaço e do apito é coisa da Renata Covas Lopes. Ela botou no Facebook que aquele é o kit dela para amanhã. 

Um comentário para “Bora lá pra rua, nós que amamos este país sem roubar dele”

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