Esta é a terceira eleição majoritária que acompanho aqui no Blog do Noblat (*). Nas vésperas da primeira que acompanhei, a de 2006, Verissimo encerrou uma crônica em O Globo com este delicioso comentário: “(…) não deixa de ser divertido – no nível da caricatura mais primária, da pantomima para criança – ver o desespero da nobreza inconformada com a evidência de que o barbudo mal nascido vai ficar, outra vez, com a princesa”.
Votei no Lula em 2002 e apesar de não ser da nobreza do RS (sou da nobreza de Tatuapé, SP), estava inconformada com a idéia do sapo barbudo ganhar outra vez a princesa.
E como todos sabem, ele ganhou. Barbeou-se, tomou um bom banho de loja, tratou da pele, dos cabelos, dos dentes, fez as unhas, encheu o armário de Armanis, mas esqueceu do principal: além de não polir a cabeça, ainda fez – e faz – muita propaganda das vantagens de ser ignorante!
Na segunda eleição, a de 2010, o sapo cedeu sua vez, mas de mentirinha. Assim pensava ele. Talvez tenha aprendido que o saber não ocupa espaço e que, se tivesse estudado, teria derrubado o poste com um sopro. Para azar do sapo, o poste vai continuar no Palácio e ele vai ter que aguardar 2018.
Estudar, ele não estudou, isso é fato, mas também é fato que ele tem instintos políticos assombrosos e que ele sabe que o Brasil que vai pegar daqui a quatro anos, nem ele, nem toda a corte de sapos do planeta vai conseguir consertar.
Agora estamos caminhando para novas eleições, minha terceira aqui no Blog, se Deus permitir. Desta vez não vou citar um colunista genialmente espirituoso como Luis Fernando, mas um seu quase xará, o jornalista Fernando Rodrigues.
No dia 2 de agosto, ele publicou, na Folha, um texto de grande utilidade. Onde explica,desenha, o que acontece com o voto branco ou nulo. Começa por explicar que num eleitorado de 100 milhões, ganha quem obtiver 50 milhões mais um de votos. E acrescenta:
“Só que, se 20 milhões forem brancos ou nulos, a soma dos votos válidos cai para 80 milhões – e vencerá no primeiro turno o político que receber, pelo menos, 40 milhões mais um de apoios”.
Pois é. Quanto mais votos nulos, menos votos são necessários para uma vitória no primeiro turno!
As últimas pesquisas mostram dona Dilma na frente, sem larga margem para o segundo colocado. Mas se a campanha do voto nulo vingar, ela está eleita.
George Gallup, criador da Gallup Organization – primeiro instituto americano de pesquisa de opinião – dizia que podia provar a existência de Deus estatisticamente.
E aí? Acreditar ou duvidar?
(*) Este artigo foi originalmente publicado no Blog do Noblat, em 8/8/2014.
Alguns acreditam que votar nulo é uma forma de protesto. Sabem de nada os inocentes. O verdadeiro protesto é o voto válido, verdadeiro e transparente da nossa indignação. Em 2010 votei Marina no primeiro turno, e Dilma por falta de melhor opção no segundo turno.
Agora a opção no primeiro turno está definida: Luciana Genro ! No segundo vou ter que pensar, mas não vou anular, nunca!